É nesta madrugada vasta e tranquila, porém barulhenta, que eu percebi o tamanho do problema que eu estou. Ou sou.
Memórias me vêm a mente, cenários falsos e fugitivos juntos, como um só, adentrando minha cabeça que só pensa em fugir, que só pensa em como escapar.
Minha infância não me agrada tanto, mas reconheço que tive bons momentos. As memórias do meu passado, apesar de não serem completamente felizes, me atormentam pela minha saudade. A inocência me levava a ilusão e hoje eu estou presa em uma loucura, mas não me considero inocente. Como isso acontece, afinal?
Meu presente também não me agrada tanto, mas me sinto forçada a aceitar os bons momentos que vivo atualmente, dia após dia, apesar de saber que são apenas isso: momentos.
Vão passar, momentos são momentâneos, afinal.Meu futuro, porém, é incerto. Apesar de nele viver, não tenho quase nenhuma certeza sobre como será, somente que está destinado a ser sozinho, como o futuro atual.
Meu futuro será vazio e vasto como essa madrugada na qual me encontro, meu ser melancólico será solitário e fará seu próprio caminho sozinho, mas deixando rastros pela estrada para que o eu do agora e o do passado não se percam como o meu eu futuro se perderá.
"Nascemos para sermos sozinhas", a minha mãe me disse um dia, e então assim eu serei: acompanhada apenas pelas estrelas da noite que servirão como testemunhas dos meus surtos psicóticos e, como sempre, solitários. Porque, como a pessoa que mais me ama disse: eu sou e sempre serei sozinha.

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Talvez Van Gogh me odeie
Chick-LitTextos tão ruins que envergonham a arte, Que causam uma má impressão, Que regam com neutralidade as expressões De quem os leem verdadeiramente. Textos tão exageradamente sentimentais Que causam desconforto, Que eternizam os efêmeros sentimentos De...