21/05/2023, 23:33 PM

3 1 0
                                    

Faz um tempo que eu queria escrever isso, na verdade, mas existe uma palavra que eu considero chique demais para mim: procrastinação.

Por ser chique, não sei se ela se encaixa na minha situação, eu poderia apenas falar preguiça. É, é isso. Eu tenho preguiça.

E como eu tenho preguiça de escrever, tenho preguiça de seguir a minha vida com base no que eu quero, de moldar a minha personalidade de um jeito meu. Mas eu tenho, como eu disse, preguiça.

As vezes sinto como se fosse uma massinha de modelar, daquelas que a gente come quando criança porque acha o cheiro super atrativo. Sou uma massinha porque estou sempre assumindo formas diferentes, vivendo de forma diferente e agindo de forma diferente. As vezes minha cor se altera, se mistura com outras, e isso já aconteceu tantas vezes que hoje em dia sou… marrom. Aquele marrom acinzentado sem graça que está misturado de personalidades feitas para agradar.

Mas onde está a minha cor? A personalidade que eu fiz para me agradar? Eu não sei se ela existe.

Como fazer para parar de fazer algo que você não quer? Como parar de mentir?

Como parar de dizer que já bebeu todas, que já beijou um milhão de bocas, que já fez isso ou aquilo?

Não sei dizer uma vez que fui cem por cento sincera em uma conversa, porque isso é raro. Eu quero impressionar, quero chamar atenção. Quero gritar para que olhem pra mim.

Mas eu sou simples, sou só uma pessoa comum no meio de oito bilhões de pessoas. Eu sou uma pessoa carente que ama abraços e beijos inocentes nas bochechas, sou uma pessoa que prioriza o tempo de qualidade, uma pessoa que queria ter amizades sinceras e puras como nos filmes.

Fico imaginando como seria uma tarde conversando sobre algo que eu gosto que fuja do assunto sexo, drogas, pautas pra militância ou simplesmente o falar mal de alguém.

Talvez… eu falaria sobre The walking dead, mesmo não sendo a fã mais assídua do mundo. Talvez eu falasse sobre meus dotes falhos de culinária ou sobre como a música me acalma. Talvez eu falasse sobre jogos que desde pequena eu amo, mesmo não tendo condições financeiras para jogar. Talvez eu falasse sobre meu sonho de formar uma família, sem o medo de parecer boba. Talvez eu falasse sobre como eu amo dançar, mesmo sem saber dançar bem. Talvez eu falasse sobre como eu sinto falta da minha família.

Talvez eu falasse sobre como eu amo fácil demais, mesmo não tendo coragem de dizer em voz alta. Talvez eu falasse sobre como todos os meus amigos que passaram por minha vida me marcaram de alguma forma. Eu lembro de todos eles. Eu amo todos eles. Mesmo não sendo recíproco.

Mesmo depois desse texto, é provável que eu continue sendo uma massinha.

Talvez Van Gogh me odeieOnde histórias criam vida. Descubra agora