Pisquei algumas vezes para ter certeza de que aquilo não era uma alucinação.
- Oi... – disse aquele homem, parecendo tão surpreso quanto eu
- Eren? É você mesmo?...
- Sou eu, sim! – ele de repente ficou com um olhar sem jeito e foi então que eu o reconheci
Aquele era mesmo o Eren. Mas parecia uma versão maior, tudo tinha aumentado: o cabelo, a altura, os músculos... Minha reação foi envolvê-lo imediatamente em um abraço atrapalhado, ainda confusa, mas com um sorriso que teimava em permanecer. O abraço durou pouco, eu precisava ver com meus próprios olhos que ele não se desintegraria ou sumiria da minha frente, assim que eu o soltasse.
- Como que... O que você... Bom, entra! – convidei-o para entrar e ele hesitou um pouco, mas aceitou e juntou o filtro de café do chão, enquanto eu puxava uma cadeira
- Eu me mudei faz pouco pra cá. Tem uma semana. – Eren sentou-se e me deu o filtro, então eu joguei fora e comecei a varrer o café que tinha caído – Vim só pedir um pouco de açúcar, mas não sabia que você morava aqui! – ele evitava olhar pra mim, parecia envergonhado
- Nem eu! – enquanto eu terminava o café, o reflexo na janela me deixou constrangida
Foi algo tão inesperado, que só então eu percebi que estava vestindo a mesma roupa de ontem, quando cheguei em casa bêbada e capotei na cama. Eu estava sem sutiã, com uma regata azul e um shorts com estampa de ursinhos. Por que o Eren tinha que surgir magicamente na minha porta justamente nessa hora?!
Imediatamente falei que eu usaria o banheiro rapidinho, mas na verdade apenas troquei de roupa, na velocidade da luz, antes que ele (ou a visão dele) sumisse – eu ainda não estava acreditando.
- Caraca, Mikasa... – Eren agora me olhava diretamente, tinha um sorriso nostálgico no rosto enquanto eu servia café pra ele – Você mudou... Tá diferente.
Senti meu rosto corar um pouco, lançando-lhe um dos meus olhares de desaprovação – que saudade de dar uma bronca nele!
- Diferente pra melhor ou pra pior? – Eren apenas riu – Você tá chapado, Eren?
- Tô. Algum problema?
- Desde quando você faz isso? Me conta agora tudo que aconteceu, não acredito que meu amigo de infância virou um estudante de humanas! – ele riu de novo, e eu não conti meu riso também
- Bom... Eu tenho uma banda. Decidi largar o quartel, aquele lugar não era pra mim... – ele contava entre seus goles, em um tom contido – Daí eu vim pra cá, estou cursando antropologia. Não sei direito o que quero com isso, mas... Acho interessante.
- Que incrível! E você é guitarrista?
- E vocalista também. Eu morava em república, lá conheci os caras da banda. Mas decidi tentar uma nova experiência aqui, morando sozinho. A gente tava discutindo bastante, acho que melhoramos quando eu vim pra cá... E já tava na hora de arrumar um emprego, aí consegui como entregador de pizza.
Silêncio. Nós dois nos olhávamos e dávamos risada. Parecia que até eu tinha fumado, mas não. Era só o sentimento que meu reencontro com Eren proporcionou. Nos encaramos por breves momentos, sem jeito, entre nossos goles de café. Não existia passado. Foi como se todas as lembranças ruins se apagassem da minha mente.
- Bom, não vai esquecer do seu açúcar! – levantei da mesa subitamente, enchendo uma xícara de açúcar para ele
- E você, Mikasa? – ele me perguntou – O que te trouxe até aqui?
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Eu sempre amei você (EREMIKA)
Romance- Mikasa... Eu sempre odiei você. Essas foram as últimas palavras que eu escutei dele. A noite era quente, abafada. Talvez até demais, para os corpos embriagados que dançavam pelo salão. Eu não lembro se alguém foi atrás dele, se vieram me socorrer...