Capítulo 23 - A beira do precipício.

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Anarita percebeu a comoção assim que a pequena comitiva chegou aos portões do castelo, ela imaginou por um instante que fossem os heróis retornando, ela quase desejou que essa fosse mesmo a verdade, os habitantes do outro mundo só haviam partido há um dia e o castelo já havia voltado a sua monotonia de antes deles chegarem.

Mas obviamente não eram seus novos amigos, eles haviam ido atrás de Arian, uma decisão que ela ainda achava uma loucura, mas não pôde questionar, então, no fim, a garota ruiva seguiu até a sala do trono determinada a saber o que estava acontecendo e, quem eram os novos convidados.

Quando chegou lá ficou surpresa com o que viu, haviam outras três pessoas com seu pai e Serian, ela não conhecia nenhum deles, mas o mais velho que parecia ter quem sabe uns oitenta anos ou até mais, com uma barba longa e completamente grisalha assim como seu cabelo comprido, o estranho usava uma túnica branca que Anarita havia visto apenas nos livros, mas ela sabia muito bem a quem pertenciam. Mas não era possível, era? Esse senhor a sua frente não podia ser um dos antigos anciões, podia?

Quando a princesa se aproximou todos os homens lhe fizeram uma reverência, seu pai, seu marido, os dois homens com eles e até mesmo o senhor que usava a túnica. Os olhos da princesa avaliaram o senhor e ela tentou sorrir para ele mesmo que só a presença do homem fosse mais do que intimidante.

- Eu vi a comoção e vi também que tínhamos convidados, quis os cumprimentar – Anarita continuou sorrindo e torceu para que seu pai não a pedisse para sair dali. Odiava essas regras que sempre achou ridículas sobre como ela tinha que ser uma dama delicada apenas por ser mulher. E todo o poder que tinha dentro de si? Não servia de nada apenas por que usava saias?

- Essa é sua filha Bal? – o ancião perguntou ao rei e nem Anarita nem Serian conseguiram esconder a surpresa por ver o homem se referir ao monarca não apenas por seu primeiro nome, mas por um apelido. Anarita nunca mais havia visto ninguém chamar o pai assim desde que sua mãe havia morrido. Afinal, quem era esse senhor?

- Sim, está é Anarita. Este é seu marido Serian, ele é o segundo príncipe do reino da terra.

- É um prazer - disseram os dois cada um fazendo uma reverência para o senhor. Sua barriga atrapalhava um pouco, mas An conseguiu cumprir as regras de etiqueta.

- Fico feliz em ver que os jovens ainda vivem e não apenas sobrevivem – o senhor sorriu olhando para a barriga inchada da princesa. – Que ele nasça com saúde.

- Obrigada – a princesa agradeceu mordendo o lábio para não perguntar quem ele era. Seu pai não ia o apresentar?

- Serian, An, este é Ronan. Ele foi um dos anciões que enviou as esferas para o outro mundo – o rei disse simplesmente e Anarita não conseguiu mesmo disfarçar o choque e a surpresa. Eles não haviam morrido, todos? A princesa conseguiu se recompor e sorrir com o pensamento, aparentemente nem todos tinham morrido.

- Isso é... – ela parou de falar por que não sabia o que dizer.

- Inacreditável – completou Serian por que era mesmo. Esse senhor a sua frente havia feito algo incrível há vinte anos. Ronan sorriu para eles.

- Eu evito dizer isso por que a informação é de certa forma, confidencial, mas vocês são a família de Bal e mereciam saber, mesmo por que preciso de toda a ajuda que puder para fazer algo que não imaginei que estaria vivo para fazer: reencontrar o bebê que enviei para o outro mundo.

- Um bebê...? – Anarita repetiu atordoada. – O senhor está dizendo que enviou uma criança ao outro mundo?

- Exatamente minha jovem – Ronan concordou. – Um dos quatro jovens que, muito inconvenientemente estiveram aqui e já se foram, pertence aqui, a esse mundo. Um deles é filho de uma das mais incríveis guerreiras de Trigan que eu já tive o prazer de conhecer e eu quero muito poder reencontrar essa criança que há muito já não é mais o bebê que outrora eu enviei para o outro mundo.

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