capítulo II

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"O que é o homem senão uma pilha.
miserável de mentiras "

A musica alta e o cheiro forte de álcool preenchiam o local podendo ser percebidos até mesmo no exterior do local, a porta de madeira da entrada era repetidamente aberta deixando uma breve e fraca brisa refrescante invadir a taverna por meros segundos, em sua maioria, os clientes conversavam em altas vozes, rindo de piadas mal contadas e sem graça ou contando algo sobre alguém que partilhavam de um ódio mútuo, se quisessem ouvir boatos sobre alguém, deveria ir à Taverna Rubi da Noite, era o principal ponto para interesseiros, cachaceiros, mercenários e todo tipo de pessoa imaginável.

Após a chegada de Farouk  mais cedo no porto, Kalisto  e Mikhail não saíam de perto um do outro, haviam muito o que conversar, mesmo que o pirata tivesse que aturar os sermões e mini surtos de raiva do amigo, não negaria que aquilo o divertia, o jeito estressado e calculista de Kalisto  chegava a ser cômico, e acabaram por ir a taverna beber algo para continuarem as conversas sem se preocupar de parecerem dois loucos parados no meio da rua conversando algo que não devia ser ouvido.

-Desde quando está aqui pela região?- Kalisto  deixa seu copo no balcão novamente e olha para o moreno, este que brincava com um anel de ouro.

-Um ano e meio mais ou menos, fiquei mais no reino de Night Sky- Mikhail  contornava a pedra de jade presa ao anel, com a ponta do indicador.

- E ao que parece esqueceu daqui - Kalisto  revirou minimamente os olhos rindo logo depois.

-Realmente não tem nada de muito interessante por aqui- Mikhail começou a rir também quando quase caiu de seu banco depois de Kalisto lhe empurrar sem muita forca-

-Então está perdendo seu tempo aqui Jung- fingindo uma cara de quem não ligava mais, Delacruz torna a beber de seu copo-

-Realmente, mas não acho que quero ir embora ainda- a atencao de Mikhail se direcionou a uma mesa no fundo da taverna - Quem é ele?- olhou para Kalisto e indicou o rapaz numa mesa mexendo num baralho de tarô.

-acredite se quiser não faço ideia, mas se for quem estou pensando.. boatos no caso- Kalisto  se sentou de costas para o balcão se escorando- tem quem diga que é um vidente, outros que é um cigano, mas o que não muda é que dizem que nunca errou nenhuma previsão-

-Parece realmente ter talento para isso- sorrindo largo, olhou para o amigo- eu acho que é até melhor que você nas cartas- sabia o quanto Kalisto se irritava se dissessem que eram melhor que ele.

- É, talvez. ...por isso que merece alguém com bom gosto para ter como companhia- o rapaz  sorriu igualmente- um garoto talentoso com um procurado pelo Rei? Tolice-

- pelo menos não finjo ser um ingênuo para conseguir o que quero- o ruivo se levanta, indo até a mesa do rapaz e logo se sentando para conversar.

Kalisto ficou sério, suspirando baixo, e voltando a ficar de frente ao balcão se curvando desinteressado pelos assuntos ao redor, até seu amigo tinha achado alguém interessante, não esperava muito do amor, na verdade até achava que o atrapalharia enquanto mantivesse esse plano doido que vinha arquitetando. Não via o amor como algo bom, muito menos divertido, apenas uma perda de tempo em promessas que podem ser quebradas a qualquer momento sem nem pensar. Kalisto passava e repassava o que planejava a todo momento, o jogo de cartas que teria que fazer em alguns dias teria uma proporção extremamente maior que o habitual, teria que jogar diante de uma corte inteira, além dos visitantes tão tolos quanto o próprio Rei.

O fato de ter que se deixar perder para cada um dos governadores dos reinos lhe irritava, lhe fazia queimar de ódio,ainda teria que dar um jeito de tirar Agust de um calabouço se fosse preso. Kalisto nao suportava quando algo saía fora de seus planos. Ele nunca dependeu de ninguém para conseguir o que queria, não havia muito o que perder, poderia ser acusado, preso, agredido, até mesmo condenado a qualquer coisa, mas jamais admitiria perder em seu próprio jogo, não depois do que fizeram no passado. Faria questão de acabar com a reputação da família real e exibir seu sorriso verdadeiro ao alcançar sua tão esperada e gloriosa vitória.

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