Aquela noite da festa

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Paixão
substantivo feminino
sentimento intenso que possui a capacidade de alterar o comportamento, o pensamento etc; amor, ódio ou desejo demonstrado de maneira extrema.

[...]

O vejo do outro lado da sala, rindo e conversando com alguns garotos que eu não fazia a mínima ideia de quem seriam. Muito menos fazia a mínima ideia de que ele estaria ali.

Escuto a música alta e as pessoas conversando e se divertindo. Era aniversário de um conhecido, ele disse que seriam poucos convidados mas a casa estava lotada e barulhenta. Eu adorava aquele ambiente, mas naquele dia eu não estava tão afim.

Minhas amigas sorriem animadas do meu lado enquanto tentam me convencer a beber o terceiro copo de vodka misturado com alguma coisa doce demais. Olho de canto para onde o tinha o visto e ele está lá, sorrindo, todo lindo, como sempre foi.

Ele parecia animado enquanto conversava e gesticulava com as mãos, uma mania fofa eu diria. Quando da uma pausa na sua conversa ele olha diretamente na minha direção e eu desvio o olhar do seu.

Talvez ele já tivesse me visto antes no local, talvez ele soubesse que eu estaria ali...então por que não veio falar comigo? Por que não me avisou que viria?

Sou tirada dos meus pensamentos quando minha amiga me puxa para onde estavam dançando e me diz para fazer o mesmo. Tento focar em me divertir e curtir. Era bom e eu adorava dançar e sorrir com elas.

Algumas músicas depois e mais um copo de vodka pra conta, digo para elas que vou lá fora tomar um ar...realmente tinha muita gente em um espaço tão pequeno. Me afasto delas e vou passando entre os corpos eletrizantes de adolescentes eufóricos dançando algum funk que eu não conhecia.

No caminho até o jardim, inconscientemente meus olhos passam pelo amultuado de pessoas, procurando por ele mas não o vejo. Do lado de fora a música não era tão alta, era uma noite agradável, nem muito quente nem fria, vejo alguns casais se pegando em alguns cantos e sigo até uma parte mais afastada e me encosto na parede.

Pego meu celular verifico as horas e se há alguma mensagem da minha mãe. Bebo um gole do líquido no meu copo e faço a caretinha costumeira com o ardente sabor do álcool, não importava quantos copos daquele eu bebesse eu não ficava bêbada, era só por um capricho de sentir o queimor na boca ao tomar.

Deixo meu copo de lado no chão e pego a carteira de cigarro e meu isqueiro de dentro do bolso do casaco. Acendo um e dou a primeira tragada, sentindo a fumaça entrar e sair, levando com ela uma parte dos meus pensamentos conturbados.

Algumas tragadas depois, pelo canto do olho vejo alguém se aproximar de mim e encostar na parede do meu lado. E eu já sabia quem era, sua presença irradiante e o cheirinho já conhecido não me davam dúvidas.

-Achei que tivesse parado com isso.-escuto sua voz bonita e alguns pelinhos do meu braço e coxa se eriçam apenas por escutá-lo. Ele leva o copo até a boca bebendo um gole do que seja lá o que fosse. Lindo.

-Eu parei.- falo rápido, soltando a fumaça lentamente. Escuto ele suspirar e sinto seu olhar queimar em mim.

A tensão que sempre nos envolvia estava presente desde o momento que ele chegou. Eu adoraria saber explicar o que ele fazia com meu corpo e mente, mas nunca seria possível colocar em palavras. O fervor desses sentimentos se transmuta em cólera de desejo e paixão juvenil.

Aquela noite no AP Where stories live. Discover now