nostalgias

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Eu gostaria de ter-nos avisado
Que nem todas as tardes
Seriam dançantes;
Que um dia todos os adeus
Se dissolveriam
Em pores-do-sol silenciosos;
Queria que soubéssemos
O adeus que viria
Sem anestesia, sem uma gota de cafeína.
Nem um pouco sucinto, mas mastigado
Lentamente; corroendo como gangrena.

Queria que soubéssemos
Que não havia razão
Para maltratar tanto o peito,
Pois as lágrimas daquela tarde seria apenas um começo;
E aquele chão frio no sol escaldante
Seria a única testemunha do nosso gênese.

Eu só gostaria de segurá-la firme nos ombros
E deixá-la saber,
Que aquele mundo de silêncio dançante
Era apenas o reflexo de utopias,
Ilusões baratas
compradas na loja da esquina por uma pechincha,
Uma felicidade zombeteira
Tão inconstante quanto a realidade.

Porém, ainda o único molde de felicidade
Que reconheço ao olhar.

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