01 | Novos sonhos.

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  Hoje estava fazendo quinze dias desde de que eu e minha amiga decidimos abrir uma pet shop. Nos mudamos para Coreia alguns anos atrás para fazermos nossas respectivas faculdades e já sonhávamos em montar algo onde tivéssemos total controle e pudéssemos decidir todos os detalhes, dos mais fáceis até o mais complexos.

Não dava para dizer que eu estava totalmente relaxada com aquilo nos primeiros cinco dias, para ser mais verdadeira, praticamente não dormi. Ficamos seis meses planejando para que finalmente conseguíssemos encontrar tudo o que precisávamos. Alice, minha amiga, já tinha acabado de terminar a faculdade de veterinária, enquanto eu também terminava a minha, mas por algum motivo, nos últimos instantes, comecei a questionar se era aquilo o que eu realmente queria para a minha vida toda. E essa ideia de escolher uma profissão para seguir até o último segundo de vida me assustava, por mais que eu amasse, ainda assim, existia tantas possibilidades e tantas experiências que poderia viver sem saber o que de fato era o certo ou o errado que por muito tempo após a minha decisão, comecei a duvidar sobre como eu encontrei. Até que tudo mudou, foi como achar uma bola de cristal que responderia qualquer pergunta minha e pude cursar e me especializar em groomer, podendo assim ter contato com o que eu mais amava na vida: animais.

Na minha infância tive cinco cachorros e todos foram amados por mim e cuidados também. Sinto que isso alimentou ainda mais esse sentimento perto deles e indiretamente, ou diretamente, me senti mais à vontade e confortável. E então foi por aí que tudo começou, sinto que foi uma das minhas melhores decisões.

Abrimos o estabelecimento bem cedo e devido ao agendamento, já tinha clientes para tomar banho e serem tosados. Enquanto eu cuidava dessa parte, minha amiga ficava cuidando da área mais “ interna ” dos animais. Mesmo com poucos dias, já tínhamos clientes bem presentes, que vinham de sete em sete dias, sejam eles humanos, cachorros, gatos ou até mesmo porquinhos da índia. Havia espaço para cada um deles.

— Olha quem chegou — passei pela porta que separava a recepção do ambiente de trabalho, encontrando uma adorável senhora que esperava seu shitzu. — A florzinha se comportou hoje e até ganhou um agrado.

Com a cachorrinha no chão, balançando o rabinho em uma euforia única, fomos em direção a sua dona. Entreguei a coleira enquanto dono e animal matavam a saudades.

— Obrigada por cuidar dela Zoe, a florzinha ama quando falo que hoje é dia de banho — a moça sorriu e sorri junto. Me sentia contente em ouvir aquilo, assim como saber que o principal cliente também ficava feliz.

— Fico feliz em saber disso, é sempre bom rever a senhora e a florzinha — cumprimentei o cão por uma última vez enquanto a dona se levantava e seguia em direção a saída, se despedindo.

Inspirei profundamente, sentindo minhas costas estalarem. Vindo da direita, observei uma pessoa que segurava o animal que parecia estar tímido, o dono conversava com a recepcionista.

— Zoe, pode vir aqui? — escutei quando Soyoun me chamou e me aproximei, avistando melhor o cliente humano e o cliente cachorro.

— Aconteceu alguma coisa? — Ela negou e encarei o rapaz à minha frente. Seus olhos eram bem marcantes, assim como todo o seu rosto, cabelos presos no alto em um coque bem firme, enquanto seu cachorro parecia querer abraçá-lo e nunca mais o soltar.

— O próximo cliente da lista é esse senhor — observei na lista de agendamento e em seguida no horário, vendo que ele tinha chegado alguns minutos adiantado, o que era ótimo.

— Obrigada Soyoun, pode deixar que resolvo — ela concordou em um sorriso amigável. Dei a volta no balcão, observando-o mais de perto. O homem colocou o animal no chão que se mantinha bem rente a perna dele.

— Ele é bem tímido com outras pessoas — explicou e assenti, olhando diretamente para ele e desviando para o cão da raça doberman, me abaixando cuidadosamente para iniciar o primeiro contato, sendo esse amigável e confortável.

— Como se chama? — estiquei lentamente minha mão, permitindo que ele me cheirasse e posteriormente aproximando mais, percebendo até onde ele permitia.

— Jungkook — Sussurrou e notei a coleira com o nome " Bam " que não tinha visto antes de perguntar, erguendo o olhar para o homem.

— O nome dele é jungkook?

— Oh, não, é o…o nome dele é bam — com as bochechas levemente avermelhadas, respondeu. Desviei o olhar, voltando para o cão, sorrindo com o acontecido. — perdão, eu achei que você estava perguntando o meu — explicou, sem jeito.

— Tudo bem, eu ia realmente perguntar o nome do senhor.

— Apenas Jungkook — suas bochechas ficaram mais evidentes e concordei. Finalmente bam me permitiu acariciá-lo, se distanciando um pouco do dono e vindo até mim, acomodando seu focinho em minha palma e empurrando para que eu pudesse afagar sua cabeça, e assim fiz. — Ele gostou.

— Isso é bom, não é bam? — me comuniquei diretamente com ele e fiquei em pé. — temos uma checklist que é necessário preencher, poderia me acompanhar?

— Claro — sorrimos um para o outro e fui até o outro lado, pegando o papel e em seguida a caneta. Fiz algumas perguntas que eram normais e enquanto Jungkook preenchia a lista, aproveitei para checar Bam, olhando suas orelhas, olhos e também entre a pelagem.

— Ótimo, é isso. Daqui a uma hora e meia você pode vir buscá-lo — Jungkook me passou a coleira de bam, se afastando um pouco. O animal observou o dono e fez menção de ir atrás dele, mas parou, olhando para mim. — Ele vai voltar, tudo bem?

— Daqui a pouco eu volto garoto — Ele se despediu e no mesmo instante que o cão observava a partida dele, eu também observei.

Um pouco atrás de mim, pude escutar alguns passos e no que me virei para ver, encontrei Alice se despedindo de um dos nossos clientes, me avistando também e sinalizando para mim. Seguir com bam para a outra área, encostando a porta.

TAL CÃO, TAL DONO!Onde histórias criam vida. Descubra agora