15 de agosto
Meu nome é Amélia e eu não te vejo.
Em algum tempo, eu já te vi.
[...]
Uma vez minha mãe me disse que mulheres fortes não ficam melancólicas. Mas acho que ultimamente eu tenho chorado como uma criança grande. Na verdade, eu sempre fui uma criança grande, mesmo quando eu era tão jovem, mesmo quando começaram a me tratar como se fosse um adulto e agora eu acho que cresci, eu me tornei uma criança grande.
A real é que ninguém se importa quando você chora.
Todos estão se importando em como vão te consolar, caso ao contrário as coisas não acabam bem.
[...]
-Feliz aniversário!- os três cantam em coro.
Colin carrega uma bandeja com meu café da manhã, Antoniê segura dois embrulhos verdes e Molly segura um embrulho rosa e um pequeno envelope.
Quando sento na cama pude sentir os pequenos braços da mais nova me rodearem. Os abraços de Molly são sempre os mais irregulares, mas sempre os melhores.
-Eu que fiz os presentes- diz parecendo orgulhosa de si mesma- Na verdade eu queria o papel de embrulho arco-íris, mas mamãe disse que a gente não tinha dinheiro para ele. Mas eu comprei o rosa- termina tudo com um sorriso com falta de um dente. Para mim, é bom saber que Molly tem uma infância melhor do que a que eu tive, ao menos não saber sobre as dificuldades que temos já é bom.
[...]
Volto totalmente humilhada para casa, tentando fracassadamente tirar os pedaços de bolo do meu cabelo.
Um pequeno relance do meu dia: Um bando de adolescentes e bolo de morango. Muito bolo. Por todo lado.
Quando abro a porta vejo meu pai sentado na cadeira em frente a lareira. Eu acho o meu melhor sorriso para ele. De todas as pessoas dessa casa,meu pai é a que mais me entende.
-Oi filha. Como foi seu dia querida?
-Desastroso- dou um riso sem graça.
-Vem aqui- dá dois tapinhas na sua própria coxa.
Eu deixo minha bolsa no chão e sento na sua perna.
Por alguma razão não me sinto confortável, mas tento ignorar, porque eu não quero que uma das únicas coisas que gosto em casa não me deixe mais confortável.
Ele começou a passar a mão pela minha perna descoberta.
-Pai?
-Shiu- ele começa a subir sua mão.
-Pai.- digo mais firme e saio do seu colo.
E pela primeira vez na minha vida na minha vida eu vejo quem meu pai realmente é. Ele não é o cara que me contava histórias até dormir. Ele não é o cara que mentiu pra minha mãe quando eu fugi da escola.
Ele não é o cara que me carrega pra casa depois de uma Lua Cheia. Ele não é o cara que eu quero chamar de pai.O barulho da porta sendo aberta me assustou e olhei rapidamente para trás. Não podia ser pior quando vi minha mãe olhando para os três botões abertos da minha blusa e minha saia um pouco levantada. Depois do silêncio ela disse:
-Sua vagabunda- e entra em casa.
E então eu percebi que a real é que ninguém se importa quando você chora.
Todos vão estar se importando em como vão te consolar, caso ao contrário as coisas não acabam bem.
Me sinto insegura com meu corpo nu.
Me afasto, observo tomar forma.
Me pergunto por que eu não pareço uma Barbie.
Eles dizem que garotos gostam de garotas com cinturas finas.
Agora minha mãe está me dando sermão para garantir que eu seja pura.
Mas eu nunca me importei muito com essa merda antes.
Procuro por qualquer um que queira.
Os garotos agem como se nunca tivessem visto pele antes.
Me mandaram para casa, para me trocar porque minha saia é muito curta.
É minha culpa.
É minha culpa.
Por que eu coloquei cobertura em cima.
Agora as garotas querem provar meu bolo de morango.[...]
-Molly, eu não tenho tempo agora- digo enquanto tento fazer com que ela saia do quarto.
-Mas a mamãe e o papai tão quebrando as coisas da cozinha.
Ela parecia tão assustada, como se fosse a primeira vez que as viu assim. Isso foi como um balde de água fria sobre mim, me lembrando de tudo que tive que passar quando fui tratada como uma adulta. Tudo aquilo era demais pra mim.
-Molly, eu não tenho tempo agora- começo aumentar minha voz- Eles sempre fazem isso, então cresce!- grito a última frase.
Ela começou a chorar silenciosamente enquanto abraçava fortemente seu sapo de pelúcia e corre para seu quarto. Em outros tempos, eu seria o sapo.
Me olho no espelho é só sinto auto aversão, e só penso que não me vejo realmente.
Um dia eu já vi.
Talvez um dia eu visse novamente.
Estava tão concentrada em me odiar que não percebi o barulho alto quebrar minha janela.
Quando olhei pro lado vi Lily coberta de sujeira, uma roupa estranha e rasgada, e cheia de vidro da recém janela quebrada.
Me ajoelho a seu lado e ela logo fala:
-Feliz aniversário- fala com um grande sorriso que está coberto de sangue.[...]
Notas~
°Oi oi gente!;
°Faltam poucos capítulos pro fim,mas ainda vou demorar um pouco para postar;
°O capítulo de hoje é baseado nas músicas: first love-mitski
strawberry shortcake- melanie martinez;
°Então é isso;
°Um beijo e até o próximo capítulo;)898 palavras.
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Sobre porcelanas quebradas e garotas que uivam para os anjos
RandomOnde: Em um lugar longe daqui, Amélia e Lily passaram um ano de suas vidas descobrindo que se sentiam vivas na presença uma da outra. O problema de se sentir vivo e que você nunca vai saber quando morrer. Ou onde: O amor virá algo doloroso, pronto p...