9 - Ohio

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Era uma sexta feira fria como de costume. Já passava das sete da manhã, dei uma carona a Gael até a escola e agora seguia com Natasha para o hospital, íamos visitar Tony.

— Oi, podemos entrar? - Natasha pergunta batendo na porta do quarto, que já estava aberta

— Claro, que bom que vieram! - Pepper se levanta e nos cumprimenta

— Tia Nat! - a pequena Morgan pula no colo de minha namorada e lhe dá um abraço - Oi tia S/n - ela sorri para mim e eu deixo um beijo em sua testa

— Oi dona aranha - Tony cumprimenta Natasha e desvia seu olhar até mim - Bem vinda de volta Carter - diz se ajeitando na cama - Ou devo chamá-la de Jesus Cristo? Lázaro também cairia bem - diz pensativo colocando a mão no queixo

— Tony! - Pepper o repreende

— Tudo bem Pepper - digo rindo

— Vejo que já está melhor, tá até fazendo piadas - Natasha diz irônica

— Estou bem sim, se tudo der certo, ganharei alta hoje, finalmente. Eu até tentei subornar o médico pra me dar alta antes mas minha esposa cortou meu barato - fala e Pepper o olha com os olhos semicerrados - Chega mais perto S/n - ele pede sério e eu me aproximo - Me conta, como é depois que partimos dessa pra melhor? Sempre quis saber qual é a sensação de morrer e o que tem lá - fala e eu nego com a cabeça, realmente achei que dessa vez ele diria algo sério

— Não me lembro de nada, foi apenas uma grande escuridão - minto e dou de ombros o vendo suspirar frustrado, talvez um dia eu lhe conte o que aconteceu lá do outro lado

Não é que eu não confie nele, eu só não estou pronta ainda

— O que pretende fazer agora? - Tony pergunta para minha namorada

— Como assim? - ela de devolve a pergunta sem entender sobre o que exatamente o homem se referia

— Vencemos a guerra, acabou - diz genuinamente feliz

— Essa guerra acabou, mas não sabemos se haverão outras - Natasha diz puxando uma cadeira que tinha no canto do quarto para se sentar

— Estamos ficando velhos, Romanoff - Stark diz e sorri brevemente - Existem novos heróis agora, não estamos mais sozinhos. Acho que chegou o momento de passarmos o bastão, talvez não definitivamente, mas pelo menos por um tempo. Merecemos viver uma vida comum, em paz depois de tudo que fizemos e por tudo que passamos

— É, talvez esteja certo - a ruiva diz pensativa

Conversamos com ele por mais um tempo até que a enfermeira veio nos avisar que o tempo de nossa visita havia acabado. Nos despedimos e saímos.

— Atende pra mim por favor - Natasha pede quando seu celular começa a tocar em cima do painel do carro, ela estava dirigindo

— Quem é? - uma voz feminina, carregada por um forte sotaque muito parecido ao de Natasha quando nos falamos pela primeira vez, pergunta do outro lado da linha assim que eu digo alô

— Quem quer saber? - devolvo a pergunta e Natasha desvia o olhar da estrada rapidamente para me olhar

— Yelena Belova - responde

— Ah meu Deus, é a sua irmã - falo para Natasha e coloco o celular no viva voz - Você tá no viva voz Yelena, Natasha tá do meu lado, ela tá dirigindo por isso não te atendeu

— Oi Lena, você tá bem? - Natasha pergunta com um sorriso e voz um pouco embargada mas sem desviar a atenção da estrada

Pelo que Natasha me disse, essa era a primeira vez que elas se falavam desde que Hulk estalou os dedos e trouxe todos de volta dias atrás. Depois do fim da guerra com Thanos, pouco antes de me trazer de volta, Natasha tentou falar com Yelena mas não conseguiu. A maioria das pessoas voltaram imediatamente, mas houve relatos de que algumas voltaram horas e até mesmo dias depois. Natasha ficou com medo de não ter dado cem por cento certo e a irmã não ter voltado do estalo. Ela então decidiu não procurar mais, não queria se decepcionar de novo, preferiu deixar que sua irmã a procurasse caso ela quisesse e se estivesse viva.

— Eu acabei de voltar, é tão estranho - diz e podemos escutar sua respiração pesada do outro lado da linha - Fico tão feliz que esteja viva

— Também fico feliz que esteja, quando as pessoas começaram a voltar, tentei falar contigo mas pelo visto você ainda não tinha voltado

— Faz só algumas horas que eu voltei, tá tudo tão confuso... E a mamãe Melina? Sabe se ela tá bem?

— Ta sim, ela e o Alexei estão em Ohio - Nat fala parando o carro em um sinal vermelho - Você não vai acreditar, eles compraram nossa antiga casa

— Sério?

— Sim

— Isso é bom, né? - questiona mas Nat não responde, apenas sorri, mesmo que a irmã não possa vê-la - Aliás, eu ainda não sei quem atendeu o telefone - Yelena fala e nós duas rimos

— S/n Carter, prazer Yelena - me apresento

— Ah, você é a ex namorada da minha irmã, da última vez que nos vimos ela não parou de falar de você, sobre como sentia sua falta, deveria ter lutado por você e essas melosidades todas - diz

Confesso que fico sem saber o que dizer, apenas sorrio e olho para Natasha que estava corada.

— Onde está agora Yelena? - Natasha pergunta mudando de assunto

— Em Londres

— Nos encontre em Ohio, vamos para lá amanhã cedo

— Okay, preciso desligar. Tchau Nat, tchau S/n

— Tchau Yelena - dizemos juntas e ela encerra a ligação

— Vamos para Ohio amanhã? - pergunto surpresa

Desde que falou com os pais a alguns dias e descobriu que eles estavam bem e haviam comprado a casa que viveram quando ela e a irmã eram crianças durante uma missão para a sala vermelha, Natasha estava adiando essa viagem para Ohio. Melina havia insistido para que ela fosse até lá e ela deu uma desculpa qualquer. Imaginei que por mais que ela quisesse rever os pais adotivos, ela não queria voltar lá por ser um local marcante e um pouco doloroso de seu passado, mas agora acho que ela só não estava pronta para pisar lá novamente sem Yelena.

— Tudo bem por você? - pergunta estacionando o carro em nossa garagem

— Claro - sorrio e lhe dou um beijo - Vou adorar conhecer sua família

                                                  ***

— Anda Gael, vamos chegar tarde desse jeito - Natasha grita meu irmão ao pé da escada

Eram quase oito da manhã, estávamos com as malas prontas dentro do carro, esperávamos apenas por meu irmão que as vezes conseguia demorar mais que nós duas para se arrumar.

— Estou pronto - ele fala descendo as escadas com o notebook na mão e um fone de ouvido pendurado no pescoço

— Não vai ficar agarrado nisso o fim de semana inteiro, né? - pergunto e ele apenas sorri e vai para o carro

Reviro os olhos e saio junto com Natasha, em alguns minutos já estávamos na estrada. Confesso que estava um pouco nervosa, quer dizer, eu estava muito nervosa. Eu conheceria a outra família de Natasha em algumas horas.

Recomeço | Natasha Romanoff Onde histórias criam vida. Descubra agora