ꉂ'🧾'˖ * ⌕ 𝗢𝗢𝟭 ๋࣭ ⭑

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┆ ⤿ 𝐀𝗌 𝖵𝖾𝗓𝖾𝗌 𝖭𝖺̃𝗈 𝖯𝗈𝖽𝖾𝗆𝗈𝗌 𝖳𝖾𝗋 𝖳𝗎𝖽𝗈 𝖰𝗎𝖾 𝖰𝗎𝖾𝗋𝖾𝗆𝗈𝗌 📃 ⌗

Esᴄᴏʀᴀᴅᴀ sᴏʙʀᴇ ᴀ ᴀʟᴛɪ́ssɪᴍᴀ janela do castelo, eu observo a poetisa.

Com o caderno de folhas velhas sobre as mãos, a escritora rabisca os papéis amarelados com um lápis mal apontando; livre dos milhares de tijolos que me rodeavam, expressando sua liberdade atravéz de palavras nunca ditas em voz alta.

Seria egoísmo dizer que queria eu ser a poetisa?

Com sua liberdade ela saltita pelos cantos de norte a sul, de leste a oeste ela corre sobre o grande campo, rolando morro abaixo com um grande sorriso no rosto.

Vontade tenho eu de sair rolando sobre a grama sem ter que me preocupar em romper minhas vestes de tecido fino.

De longe eu amo a poetisa e me sinto livre ao ver a tamanha felicidade dela.

Me apaixonei por seu jeito solto de expressar o que sente e também pela maneira de como sua língua é mais afiada que uma espada, falando o que quiser, sem medo da guilhotina cortar sua cabeça.

Mas por mais que eu a ame tanto, lá no fundo, ainda quero estar no lugar dela.

A escritora dança na chuva e pulas em poças de água suja, sem se preocupar com suas vestes ou sua aparência. Livre para viver e descobrir tudo aquilo que nunca foi descoberto, dizer o que nunca foi dito e escrever palavras extremamente difíceis que os outros nunca entenderiam.

Talvez eu tenha a ideia errada sobre a grande poetisa, mas pouco me importo. Entre a escritora e eu, prefiro mil vezes ter um caderno velho em mãos do que uma coroa de ouro na cabeça.

Eu tenho as melhores roupas, o maior banquete, o colchão mais confortável, os cavalos mais caros, um reino inteiro somente pra mim, mas há uma única coisa que não tenho, a liberdade.

Com espinhos sobre minha cabeça e fama de perfeito, tive o poder de ter tudo, exceto, o poder de escolha.

Transformei meu castelo em uma prisão de coisas contra gosto. Eu não faço o que quero, faço aquilo que me mandam fazer. Com o esforço para ser o orgulho do povo, tornei-me tudo aquilo que mais temia quando criança, uma rainha que é julgada a cada instante; aquela que se fizer a escolha errada, será apedrejada até a morte.

Eu estou em busca da liberdade, mas quanto mais perto chego da enorme saída, maior se torna a minha obrigação e dificuldade.

Aguento o peso da coroa sozinha e tudo o que faço é obedecer aqueles que eu costumava chamar de guardiões. Isso apenas para não os decepcionar, mas parece que abrir mão de minha própria vida não é o suficiente para suprir a ganância nos corpos alheios.

Minhas escolhas afetam aos outros e se eu tentar ser quem realmente sou, serei tachada de imprestável e imperfeita. As pessoas sempre botam muita expectativa e deveres sobre mim, querendo que eu seja o maioral, sendo o melhor em tudo, garantindo que nunca me ultrapassem, como uma verdadeira boneca com vestido de cetim.

A verdade é que sou uma grande marionete! Nesse teatro de mentiras, a espada está em minha boca. Se atrever-me a falar o que penso, cortarão minha língua fora; juntamente com meu pedido de socorro, então, o correto é fazer as vontades alheias e jogar as minhas no enorme calabouço.

Quanto mais eu tento ser um pássaro sobre a chuva, mais raios me atingem em cheio, tirando minha capacidade de voar para Tão Tão Distante. Me obrigando a ficar repouso sobre o enorme trono.

Eu fui proíbida de brincar na rua quando pequena e dês daquele tempo colocavam em mim o peso da perfeição, sentindo os espinhos rasgarem minha pele desde muito jovem. Sem liberdade para entender o mundo a minha volta e muito menos expandir minha criatividade pelas ruas e florestas.

Ao contrário de mim, a poetisa tem o poder da escolha, o poder da liberdade. Ela voa sobre o sol e a chuva, raramente sendo abalada por grandes raios ou escassez de alimento. Ela vive de palavras e sabe o que quer, sem se preocupar com o dia de amanhã.

Não me importaria de largar o luxo para viver com trapos em meu corpo e dormir em colchão de palha. Faria eu de tudo para realizar meu sonho de ser poetisa, mas sonhos são sonhos, e desde pequena me ensinaram que sonhos são perca de tempo, bobagens que costumamos querer, pensamentos que nos levam à tão grande ganância sobre coisas fúteis.

Espero um dia que minha amada poetisa venha me salvar dessa enorme construção de tijolos, fazendo das minhas palavras os seus poemas, transformando minha melancolia em uma belíssima fantasia nem um pouco fantasiosa.

𓍢 ִ ໋𖥔 ۫ Atenciosamente, The Queen ﻬ ꙳₊˚ ִֶָ

𝗙𝗹𝗼𝗿𝗲𝘀 𝗤𝘂𝗲 𝗠𝗮𝗰𝗵𝘂𝗰𝗮𝗺Onde histórias criam vida. Descubra agora