SEGURANÇA (PAUSADO)

21

15 dias depois...

Jade

Já se passaram uns 15 dias daquele almoço na casa da Dona Lúcia, aquele belo dia que eu soube que vou ser tia e que minha mãe disse pro TH que eu achava ele gato quando eu era menor, eu tive vontade de morrer ali mesmo. E você acredita que o desgraçado enche meu saco todo dia depois disso?

Minha mãe mentiu? Não

Mas podia ter ficado quieta né, boca de sacola

Desculpa mãe, te amo, mas a senhora é meio sem noção as vezes

Agora eu to aqui com a Amanda no consultório pra fazer a primeira ultrassom dela, minha bichinha ta tão ansiosa, ta até tremendo, de felicidade e acho que um pouquinho de medo também por causa da primeira gravidez.

Flashback On

Amanda

Essa não é a minha primeira invasão, eu estava aqui fazendo um trabalho da escola com a Jade quando aconteceu uma, foi ai que eu soube que o irmão dela era o dono do Alemão.

Agora estou eu aqui de novo, só que como fiel dele e grávida do nosso filho.

Estou aqui em casa com minha sogra e não fazemos ideia de onde a Jade está, o Luan saiu assim que ouviu os fogos e nós ficamos aqui rezando por ele e pelos outros

(...)

Já tem um tempo desde que acabaram os tiros e ainda não tivemos notícias de ninguém, estamos começando a ficar preocupadas até que um dos meninos do Luan entra

- Dona Lúcia? - o rapaz chama

- TH, cadê meu filho? por que ele ainda não apareceu? - ela se aproxima de TH - Isso é sangue?

Assim que ouço isso me viro para o TH que está com uma mancha de sangue enorme na camisa e sinto uma pontada esquisita na barriga

- Não é do Grego - ele diz sério

- Cadê ele? - pergunto com a mão na barriga

- Ele foi preso Amanda - Ele responde - me pediu pra vir avisar vocês, ainda não sabemos pra onde estão levando ele, mas já vou falar com a advogada e ela vai procurar saber

A pontada vem muito mais forte agora me fazendo quase cair

- Amanda? - Dona Lúcia chama, mas não consigo responder - você está pálida minha filha, ta me ouvindo?

Sinto outra pontada mais forte e sinto um líquido escorrer pela minha perna

- por favor, meu filho não... - digo já sentindo as lágrimas escorrerem

Flashback off

- Amanda Santana - a enfermeira a chama pra entrar na sala e nos levantamos

Entramos na sala e a Amanda se deita na maca

- o Luan surtou da última vez que fizemos esse exame lembra? - ela diz rindo - ele brigou com o médico dizendo que a única coisa que entrava em mim era o pau dele, eu quase morro de vergonha

- eu me lembro disso - digo rindo também - meu irmão é ridículo cara - completo e vejo seu rostinho triste - daqui a pouco ele vai estar aqui de novo pra ver nosso neném

- nosso? - ela diz e ri

- é claro gata, a minha filha é filha de vocês também e o de vocês não vai ser meu pô? claro que vai

Nós rimos e ficamos conversando mais um tempo até que a médica apareceu pra fazer o exame

- olá meninas! - a médica diz

- oi - dizemos ao mesmo tempo

A médica começa o procedimento e logo conseguimos ver um pontinho bem pequeno na tela

- Esse aqui é o seu bebê Amanda - a doutora aponta para a tela e mexe o aparelho mais um pouco - você está grávida de 6 semanas, meus parabéns!

- Obrigada - Amanda responde com um sorriso bobo nos lábios

A médica mexe o aparelho de novo e começamos a ouvir umas batidas bem fraquinhas

- e aqui está o coração do seu bebê...

Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto vejo a linha subir e descer na tela a minha frente, olho pra Amanda e o sorriso no seu rosto desapareceu e deu lugar a um choro mais forte

Eu me aproximo e a abraço o forte que posso

- eu queria que ele estivesse aqui Jade - ela diz em meio as lágrimas

- eu sei amiga, ele não está aqui agora mas vai estar em todas as outras ta bom? - afirmo e ela concorda - sei que não sou quem você queria, mas estou aqui com você e sempre vou estar, eu te amo

- Obrigada amiga, também te amo

A médica termina o exame, pegamos as imagens do ultrassom na recepção e saímos da clínica pro carro que já estava nos esperando pra voltarmos pro morro, o TH deixou 2 vapores com a ficha limpa com a gente enquanto estivermos aqui no asfalto pra caso o Terror ou a polícia ou sabe Deus quem mais tentar alguma coisa

Eu até confio nos vapores do meu irmão, mas me sentiria muito mais segura com o TH com a gente

E por falar nele, desde o dia do almoço não dormimos mais juntos

Não to falando de sexo bando de pervertidos

De dormir junto mesmo, to sentindo falta...

Em pouco tempo chegamos ao Alemão

- vocês podem parar na lanchonete da Vilma por favor? – Amanda pede aos meninos

- pra já dona – o que está dirigindo diz

Ele para em frente a lanchonete e nós entramos, estava cheia mas pra nossa sorte logo nosso pedido chegou e começamos a comer e conversar, mas infelizmente não foram só os pasteis que chegaram

A cobra aparece com sua corja toda, a Gisele e a Sthefane

- mas como esse lugar ta mal frequentado viu? – Mirela diz e nos olha com desdém

- realmente – Amanda responde

- uma corna e uma talarica juntas, que dupla – ela diz pra provocar mas nós apenas nos olhamos e reviramos os olhos

Não satisfeita a Mirela para do meu lado e me olha de cima abaixo

- perdeu alguma coisa? – pergunto sem nem olhar pra ela

- to só olhando pra tua cara de vagabunda e talarica

Eu respiro bem fundo antes de olhar pra ela

A lanchonete que estava bem barulhenta agora se encontra em completo silêncio e com todos os olhos virados pra nós

- primeiro, pra eu ser talarica eu teria que ser sua amiga e o TH seu namorado, coisa que nunca aconteceu, segundo, você ta achando que é quem pra estar me chamando de vagabunda? Você é a maior desse morro inteiro, não pode ver um macho com um fuzil nas costas que quer sentar e outra você esqueceu com quem ta falando né, acho melhor você ficar caladinha e esquecer que a gente existe antes que você suma dessa favela – digo e volto a comer deixando ela com cara de cu olhando pra mim – se você ta achando que eu vou brigar por homem você ta muito enganada

- sua vadia... – ela faz menção de puxar meu cabelo mas uma mão segura seu braço

- ta maluca caralho? – ouço a voz do TH atrás de mim – ta doidinha pra tomar uma surra né? Ou você esqueceu que elas são a mulher e a irmã do dono dessa porra toda aqui? Da um tempo Mirela, vaza.

Nossos olhares se encontram e vejo um leve sorriso nos lábios dele

Ela vai embora xingando e ele senta do nosso lado

- se vocês não queriam que as pessoas soubessem de vocês, acho que o plano deu errado – Amanda diz rindo