Lorena Bernardi

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Mais uma vitória minha e do Bernardo, fruto de longas horas de treinamento e um excelente cuidado com os cavalos.

O hipismo vai muito além de ser apenas um esporte, ele também é uma arte que exige dons e qualidades do cavaleiro ou da amazona como nenhum outro, pois nos exige possuir aptidões físicas, como força, destreza e resistência. São necessárias também habilidades intelectuais, capacidade de decisão e paciência, mas muita paciência, coisa essa que só tenho com os meus animais.

Os bichos já me provaram várias vezes que podem ser melhores que muitos seres humanos por aí, por isso o meu amor por eles aumenta cada dia mais.

— Lira, está na hora, vamos comemorar, gatinha. — Bernardo se aproxima e me pega pela cintura, me rodando no ar.

Eu me agarro nele.

— Calma aí, se você me derrubar te dou uma rasteira, seu louco.

— Jamais te deixaria cair, nunca. Seu pai me mataria se a menininha dele se machucasse.

— Eu te mataria antes do meu pai.

Ele sorri e me coloca no chão.

Ainda nem mesmo trocamos de roupas e estamos com o uniforme da competição.

— Vamos para a boate ou prefere outro lugar? Os cavalos já estão todos nas baias, eles foram excelentes hoje, como sempre, merecem um mimo nosso amanhã.

Temos a regra do mimo, sempre que ganhamos uma competição, no dia seguinte tiramos o dia para mimar os cavalos como forma de recompensa para eles também.

— Vamos para a boate, é claro, mas antes preciso achar o meu pai. Não o vejo há um tempo e sei que ele não iria embora sem falar comigo antes.

— Relaxa, Lira, seu pai é um soldado, e a família do Don estava toda aqui hoje. Com toda certeza, ele deve ter sido designado para a proteção da família mais temida do mundo — ele fala a última parte fazendo pouco e cheio de graça.

— Que ninguém te escute falando assim, ou seria o seu fim, espertinho.

Ele nem mesmo se importa com o que falo.

Às vezes, acho que Bernardo não tem a verdadeira noção de onde está metido até a alma.

— Não sou um borra-botas, minha querida Lorena, e, sinceramente, não sei o motivo de você continuar morando aqui, enfiada no meio disso tudo, já que o seu pai te dá liberdade para fazer o que quer. Poderíamos ir embora juntos, fazer a nossa carreira fora desse lugar.

Não é a primeira vez que Bernardo vem com essa conversa.

— Não é assim que as coisas funcionam, Bernardo, tenho meu pai aqui e ele não é mais nenhum menino. Ele precisa de mim, por isso não posso simplesmente ir embora e deixá-lo para trás, afinal ele jamais poderia ir comigo porque essa maldita máfia a amarra aqui.

— Isso tudo é tão...

— Fique longe dos assuntos da máfia é um conselho que dou como sua melhor amiga. O seu pai pode até ser um dos associados, mas nem de longe pense que já viu de tudo ou que sabe como funciona esse mundo. Não se sai da máfia só porque se quer sair, meu amigo. As coisas são muitos mais complicadas do que pensa — falo, o interrompendo.

— Quem nasce na máfia, morre dentro dela.

Pelo menos essa regra ele sabe.

— Exatamente, a nossa vida e sangue pertencem a Cosa Nostra.

— Isso é um absurdo.

— Mas é assim que as coisas funcionam.

Ele está prestes a falar algo quando Jorge se aproxima de nós na saída do estábulo.

[DEGUSTAÇÃO]A Escolha Dele: Série Caminhos Cruzados livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora