Ilusão do crime

11

Ivy

Desço do carro e entro na casa da Mariana, sem bater mesmo, já sou de casa.

Tô nervosa, ela não falou porque eu tinha que vim aqui antes de ir pra casa, mas pelas mensagens tenho certeza que ela já sabe aonde eu tava.

Entro na sala e vou direto pro quarto já que a casa tá toda vazia, ela tá deitada na cama com a tv ligada e mexendo no celular

Mari: Apareceu, margarida? - fala assim que me vê e eu sorrio deitando do lado dela na cama - preciso nem te perguntar aonde você tava né, bonita? Essa sua cara já te entrega

Eu: Que cara? - ela bloqueia o celular pra me encarar e eu reparo na cara inchada dela, de quem chorou horrores - Sua cara que tá te entregando, o que aconteceu?

Mari: Nada demais

Eu: Se não fosse nada demais você não estaria com essa cara de quem ficou uma hora chorando no banho - ela gargalha alto

Mari: Cara, pior que foi exatamente isso que aconteceu, que ódio! - ela continua rindo e eu acabo rindo junto também

Eu: Para, não tem garça! Me conta o que aconteceu

Mari: Dinho veio aqui

Eu: Ele escolheu ela? - ela confirma e vejo os olhos dela se encherem de lágrimas

Mari: Ela tá grávida - não escondo minha cara de surpresa - e segundo ele, ele não pode deixar ela agora, ainda mais pra ficar comigo, porque vai gerar muito estresse pra ela e vai fazer mal pro filho dele - ri enquanto umas lágrimas caem e ela limpa rápido

Eu: E eu achava que filho não segurava homem

Mari: E não segura. Ele escolheu ficar com ela porque quis, não foi por causa de filho nenhum.

Eu: Você não perdeu nada amiga. Agora você vai focar em você e seguir sua vida, como você mesma disse - ela respira fundo e se ajeita na cama olhando pro teto

Mari: Fala alguma coisa pra eu parar de pensar nele. Me conta como foi com o Bandi...fiquei puta com você, sabia? Descobri pela sua vó que você tinha ido ver ele

Eu: Pela minha vó? Como assim?

Mari: Fui lá pra gente conversar, perguntei se você tava em casa e ela meteu serinho que tu tinha saído comigo e eu lá no portão dela - olho pra cara dela e ela ri - você da sorte que eu sou rata de pista, dei tanto perdido na minha mãe que tinha a resposta na ponta da língu

Eu: Caraca, não acredito

Mari: Pois acredite, amor. Se ela te perguntar alguma coisa fala que a gente se encontrou na praça e que você saiu antes de mim porque tava atrasada, aí nos desencontramos

Eu: Tá bom. Desculpa ter te envolvido nisso, tá? É que não dava pra falar que eu ia sair com ninguém porque ela sabe que só tenho você de amizade aqui e muito menos falar que ia ver ele, né?!

Mari: Não ligo de tu falar que vai sair comigo pra ver ele, amiga. Fiquei bolada porque você não me contou nada! Eu sei que não sou tuas amigas lá da pista e que nós tem pouco tempo de amizade, mas eu te considero pra caralho, te conto todos os bagulhos que acontece comigo, minha relação toda com Dinho só tu que sabe e você não podia me contar isso? Fiquei decepcionada

Eu: Aii, não. Desculpa! É claro que eu também te considero cara, você acha que falei com alguém sobre isso? Só você sabe. Só não te contei antes porque sabia que você não ia deixar eu ver ele, com razão né! Mas eu queria muito, aí preferi deixar pra contar depois

Mari: Não precisa disso, Ivy. Eu falo as coisas pra você porque você não sabe, mas o Bandi não presta cara! Não é só porque ele é envolvido, ele não para com ninguém. É claro que ele vai ficar doido com você, tu é bonita, gostosa, é nova por aqui...ele tá atiçado contigo e vai fazer de tudo pra te conquistar, até aparecer outra mina gostosa dando mole pra ele. Não é querendo te xoxar amiga, mas é assim que ele faz. Fica uma semana com uma andando pra lá e pra cá, falando várias coisas bonitas, iludindo com esse jeito dele de dono da porra toda, mas na semana seguinte já é outra na garupa dele

Eu: E eu dei pra ele - ela levanta e me olha sem acreditar

Mari: Não acredito, Ivy - se joga na cama

Eu: Mas eu quis amiga, tipo, quis muito

Mari: Não sei o que te falar - ri - tô rindo de nervoso, sério - ela fica um tempo em silêncio, acho que assimilando tudo - como foi?

Eu: Foi bom. Meio estranho, desconfortável no início, sabe? Mas ele me deixou super tranquila e depois até que foi bom, não foi tudo aquilo que os outros falam, mas foi bom

Mari: Porque foi sua primeira vez amiga, é assim mesmo, nunca é bom na primeira vez, depois que você acostumar que vai ficar bom mesmo. Ele fode bem? Todo mundo fala que ele fode muito bem, que é enooorme - ri - é mesmo?

Eu: Sei lá, é grande e ele faz bem, mas não da pra falar muito porque foi minha primeira vez, né

Mari: Verdade. Tu tá fodida

Eu: Por que?

Mari: Porque você deu pra ele, vai se apaixonar

Eu: Vou nada cara

Mari: Claro que vai, Ivy. Ele foi seu primeiro, mesmo que vocês não fiquem mais você vai ficar apegada nele, porque você gostou e vai querer mais e quando quiser mais você vai pensar em quem? - olho pra cara dela e ela da de ombros - é sempre assim

Eu: Mas acho que a gente vai se ver de novo

Mari: Claro que vai, ele quer te comer de novo e você quer dar. Vão ficar se vendo com frequência e você vai se apegar mais ainda, mas ele não e no final você que vai se fuder, no sentido ruim. É assim mesmo, isso é amor de pica

Eu: Cara...

Mari: Sabe o que você precisa? - me corta - de outra pica, pra você ver que não tem só a dele no mundo, não é querendo te incentivar a ser piranha que nem eu amiga, mas quanto antes você conhecer outras picas, mais rápido você vai esquecer a pica dele

Eu: Eu acabei de perder a virgindade, Mariana.

Mari: Eu sei, amiga. Não tô falando pra você sair dando pra qualquer um amanhã não, mas uma hora você vai ter que fazer isso. O foda é ele fuder tão bem que nem o povo fala por ai, aí você vai transar com outro mas não vai esquecer ele nunca

Eu: Tipo você com Dinho, né? - ela me olha fazendo cara de choro e concorda

Mari: Nós duas precisamos de picas novas - olho pra ela e a gente começa a rir