𝐅𝐈𝐑𝐄 𝐎𝐍 𝐅𝐈𝐑𝐄

『 🕸 』 ▓ 𝑺𝒆𝒋𝒂 𝒃𝒆𝒎 𝒗𝒊𝒏𝒅𝒐 𝒂𝒐 𝒔𝒆𝒖 𝒏𝒐𝒗𝒐 𝒍𝒂𝒓

BLACK CHURCH — 02:32 P.M

O AMBIENTE ESTAVA AGITADO NO INTERNATO, como se algo importante estivesse prestes a acontecer. Os seguranças, com expressões tensas e determinadas, circulavam pelo corredor com as mãos firmes em suas armas. O rumor de que um delinquente estava prestes a entrar no local havia se espalhado, e todos estavam preparados para qualquer eventualidade.

Os passos do diretor finalmente se ouviram no corredor, e todos se colocaram em posição de alerta. Ele olhou para os seguranças, dando um sinal de que era seguro prosseguir. Os guardas avançaram em formação, prontos para enfrentar qualquer ameaça que pudesse surgir.

O diretor entrou na sala, notando a jovem de longos cabelos pretos escuros sentada de costas para ele. Pegou a prancheta que estava na mão de um dos seguranças no local, indo até sua cadeira e sentando-se confortavelmente, podendo visualizar melhor o rosto da recém-chegada em seu internato.

— Naomi Mary Yamamoto — disse em um tom alto e claro, lendo as informações no prontuário da garota. Observou a foto três por quarto que estava grampeada no papel, encarando o semblante sério da moça para conferir exatamente cada detalhe, precisava ser cauteloso — Vinte e dois anos, tão nova. Aqui diz que nasceu em Vermont. Seu pai era um homem importante do exército japonês. Interessante.

O silêncio reinava no local, ninguém argumentava enquanto o diretor lia os papéis atentamente desejando saber mais sobre a garota.

— Gangue dos Wild Ones, hm? — perguntou sem tirar os olhos do papel — Eles estão dando bastante dor de cabeça para a polícia.

Não era novidade que os motoqueiros do Wild Ones estavam tocando o terror em todos os Estados americanos, mas ter uma participante da gangue bem ali na sua frente e no internato que dirigia era um privilégio.

Naomi mantém-se imóvel, sem demonstrar um pingo de arrependimento ou rejeição de todas as informações que eram relatadas naquele instante.

— Um aborto? Não parece mais ser tão responsável agora.

Seus olhos, que estavam baixos, se ergueram. Fitou o rosto do diretor de Black Church com toda sua raiva, podia jurar que se estivessem à sós, teria destruído o sorriso cínico do homem em segundos.

— Acusada de roubo pela gangue e homicídio da própria mãe — o homem finalmente largou os papéis sob a mesa que separava ele de Naomi, encostando-se na cadeira e mostrando estar impressionado — Uou. Por quê matar a mãe, srta. Yamamoto? Logo ela, quem te deu a vida. Incrível.

O diretor levantou-se e os seguranças se aproximaram do corpo sentado da garota, forçando-a a se levantar e olhar bem para o homem que estava parado em sua frente. Não havia nada mais separando os dois.

— Você não é diferente de todos que estão aqui em Black Church, srta. Yamamoto. Todos vocês precisam de um conserto mental e nós conseguimos resolver isso — o sorriso maléfico se formou no semblante do diretor enquanto acariciava o rosto de Naomi — Seja bem vinda ao seu novo lar.

Os seguranças pegaram então, Naomi pelos braços. Suas mãos estavam atadas, não queriam correr o risco de algo sair do controle. Andaram pelos corredores escuros e sombrios do internato, acompanhando Naomi até onde ela ficaria naquele momento. A garota permanecia em silêncio, apenas andando. Talvez analisando formas de fugir daquela prisão, talvez refletindo sobre suas escolhas passadas.

Um refeitório grande e repleto de gente jovem jogando conversa fora e matando o tempo livre foi visto pela nipo-americana. Alguns, encaravam o rosto da menina novata no internato, julgavam só pela aparência que Naomi não era flor que se cheire. Outros, declararam-se curiosos pela recém-chegada.