CAPÍTULO 3 - TREMOR

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Edward sempre havia pensado que pertencia ao mundo de histórias de terror. Claro, eu sabia que ele estava muito errado. Era óbvio que ele pertencia aqui. Ao conto de fadas.E agora eu estava na história com ele. — Stephenie Meyer

Quando eu era criança minha mãe costumava me contar histórias de fantasia, íamos até a terra do nunca até o espaço sideral. Hoje em dia com o meu trabalho, percebo que muitos ainda estão nessa fantasia, alguns presos nessa fase infantil em que tudo era fácil e vivíamos a base de histórias, mas aqui é diferente por muitos fatores. Alguns preferem esquecer os traumas e fazem isso canalizando suas dores voltando ao passado, quando tudo era mais fácil.

—  Está tudo bem, apenas um estresse resultado por uma péssima noite de sono. —  Christine diz com um sorriso tranquilizador, olhando para Hook que deu um suspiro de alívio.

—  Que bom, eu realmente não ficaria feliz em aumentar suas dosagens mais uma vez. —  Ele diz.

—  Acredito que por hora não será necessário. Todavia, se os episódios voltarem a acontecer vou precisar aumentar as dosagens. Wendy fica afastada de quase todos os pacientes, não sei o que a provoca tanto assim. —  Ela faz uma breve análise. —  Os ataques de histerias dela são durante o período da noite, quando quase todos estão sedados e fora de consciência. Já conversaram com ela sobre isso ?

—  Ela apenas diz coisas desconexas. —  Eu respondo entre um suspiro.

—  Acho que vai ser preciso iniciar um tratamento mais invasivo, conversei com alguns colegas que estão em tratamento com ela e o que ouvi não foi as melhores coisas, Wendy ainda está muito ligada ao passado e ela bloqueou qualquer coisa que tente tirar isso da sua psique. —  Olhei brevemente para ela tentando buscar alguma coisa, se ela também estava pensando o mesmo que eu naquele momento. Queria saber se a Dra. Cristine estava ligando esse caso ao o que lhe falei, ou se tudo não passava da minha imaginação fertil. — Fiz algumas anotações que irão induzir a uma visão diferente da anterior, vou tentar canalizar seus bloqueios em outras coisas e para isso vou tirá-la do seu setor atual.

— Isso é realmente necessário ? Não vejo necessidade para tanto, Dra. Cris. —  Ele diz com certa rigidez. —  O que os meus superiores vão achar disso ? Que meu trabalho está sendo nulo, que não estou fazendo absolutamente nada para ajudá los. —  Suas palavras carregam uma verdade avassaladora, mas eu não conto isso para não gerar um conflito maior, apenas fiquei calado observando, afinal aquilo também poderia me prejudicar futuramente, não apenas ali mas no meu currículo.

—  Tirar a Wendy do seu setor não altera nada em seu currículo, Hook Ono. 

—  Sabemos que sim, Doutora. Meu nome sai nas notícias por ser seu principal cuidador, qualquer merda que de com a Wendy o meu nome e o do David, está na praça pública. —  Pela primeira vez ele demonstra se importa, ou talvez seja só uma maneira de deixar aquela história mais comovente. Só sei que não gosto do seu tom irônico para a Cristine.

—  Falando assim parece que não confia nos meus métodos de trabalho, Hook.

—  Talvez seja isso. Lhe conheço tempo o bastante para foder com a vida de alguns pacientes, então sugiro que faça uma coisa: Deixe meus pacientes longe de suas experiências, esnobes de faculdades caras e ponto, não se fala mais nisso. — Hook sai da sala de Cris pegando fogo, seu rosto estava vermelho como fogo e suas palavras parecem facas afiadas, pois ela parece chatear-se.

—  Sinto muito que meu colega de trabalho seja um completo babaca. —  Tento ser gentil, mas ela me dá um sorriso sutil e balança a cabeça como quem diz que está tudo bem. Minha cabeça estava martelando na frase de Hook “foder com a vida de alguns pacientes" quero muito lhe perguntar o sentido dessa frase, mas não quero ser um babaca igual Hook Ono.

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