O Presente

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O vento gelado bate em meu corpo, alguns fios soltos de meus cabelos voam em frente ao meu rosto, fazendo-me sentir algumas cócegas em minha pele. O silêncio que paira por ali apenas me fazer pensar mais e mais sobre tudo. Pensar que a quase três meses atrás eu ainda não suportava Freen, pensava estar presa em um universo paralelo e que a qualquer momento eu iria voltar para a minha casa, a  verdadeira casa. Tinha certeza que era uma adoslecente terminando o colégio, que todo aquele pesadelo era apenas um sonho ruim.

Como a Rebecca do passado poderia imaginar que treze anos depois de repudiar a ideia de casar com Freen Sarocha se tornaria algo real no futuro? Nunca. Se eu pudesse voltar e dizer isso para ela pessoalmente, provavelmente veria um suicídio de mim mesma.

Passei anos da minha vida odiando e repudiando a presença constante de Freen, no início meu ódio era apenas por ela ter sido uma idiota. Mas depois ela começou a se mostrar ainda mais idiota do que era, e isso fez um ódio começar a nascer dentro de mim. Eu simplesmente não podia ouvir falar dela, ou o nome dela. A presença dela no mesmo lugar que eu me fazia ter crises asmáticas. Tudo em Freen me fazia não gostar dela, era como se eu fosse alérgica a ela. Tecnicamente eu era mesmo.

E então eu me pergunto… Como viemos parar aqui? Sei que ela já me contou sobre nosso primeiro beijo, mas não me contou o motivo que eu quis me afastar dela depois disso, além do medo que eu devo ter sentido, é óbvio. Porque bem… Ela era como minha inimiga, e eu não a suportava. Bem lógico eu ter ficado apavorada após beijar ela, certo? E segundo ela, foi eu quem tomou a atitude para que o beijo rolasse.

Talvez eu só quisesse fazê-la calar a boca.

Ou talvez a Rebecca do passado quisesse descobrir porque as garotas se apaixonavam por Freen.

Pode ter sido curiosidade.

Ou talvez, mas só talvez um pouco de atração. 

— Não está com frio?

Ouço uma voz atrás de mim, olho para o lado a tempo de ver Freen passar pela porta de vidro, duas canecas em suas mãos. Sei que é algo, pois é possível ver a fumaça sair pelo topo de ambos os copos. Sorrio para ela, ajeito-me no banco e dou espaço para que ela possa sentar ao meu lado.

— Na verdade não. 

— Aqui, café com creme, do jeito que você gosta.  — Me estende a caneca branca com desenhos de patinhos. Freen passa um braço por cima dos meus ombros e me puxa para perto dela, inclino a cabeça para trás e me apoio em seu ombro. — O que tanto pensa? Parecia bastante concentrada quando eu cheguei aqui.

Levo a caneca até os lábios e sorvo um pouco do café, soltando um suspiro de satisfação pelo gosto maravilhoso da cafeína mesclando com o gosto doce do creme de baunilha. Freen sabe tudo do jeito que eu gosto, por isso é a esposa perfeita. 

— Estava tentando me lembrar dos nossos tempos de escola. Queria entender um pouco mais sobre nós duas. — Bebo um grande gole do café, sinto os dedos dela acariciarem meu ombro esquerdo. — Minha mente parece ter uma grande bolha de nada, eu só consigo me lembrar claramente de algumas coisas. Porém, nada importante  

— Me pergunte, talvez eu consiga te fazer lembrar.

Um sorriso nasce em meus lábios, é isso. Essa mulher é um gênio. Viro-me de lado e coloco minhas pernas sobre as dela, Freen apoia a mão em minha lombar para dar equilíbrio. Seguro a caneca com as duas mãos e olho para ela, penso no que devo perguntar primeiro.

— Depois do nosso primeiro beijo.

— Que você me atacou e saiu correndo.

— Sim. — Sorrio sem jeito, ela bebe um gole do café dela. — Você disse que eu comecei a evitar você, certo? Mas por que? Foi somente por causa do beijo?

Stupid Wife - FreenBeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora