Parte 2- Especial Leonardo

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Parte 2: Especial Leonardo


A ideia da Alice já ter pensado em se matar me assustava. Eu a amo muito, apesar de às vezes me sentir um terrível namorado, eu a amo de mais para pensar na possibilidade de perdê-la.


Sim, eu me acho um terrível namorado às vezes. Sei lá, mas é que parece que a Alice não se importa muito comigo. Mas eu me importo com ela, e quero ajuda-la a perceber que o mundo não é um péssimo lugar, e que a vida dela não é uma porcaria. Acho que ela não dá muito valor às pessoas ao seu redor, não percebe que muitos amam ela verdadeiramente, como eu.


A Alice tem bipolaridade em nível alto. Minha avó tinha uma afilhada que tinha também, e ela acabou se matando. Nem gosto de pensar nessa possibilidade.


Namoramos há dois anos, mas esse ano irá fazer três. Lembro até hoje como nos conhecemos: ela chegou na faculdade, estava meio perdida, assim como eu estava meio perdido, então começamos a conversar e ficamos na mesma sala, até que um dia começamos a namorar. Depois de alguns meses eu descobri de seu problema de bipolaridade, eu já estava percebendo, mas achava que era só o jeito de ser dela. Apesar de ela às vezes mudar de humor muito rápido, eu a amo. Tem gente que me pergunta: "Como você aguenta ela?" E eu simplesmente respondo: "Fácil, quando se ama alguém, você deve amá-la nos melhores e piores momentos."


Uma vez eu perguntei se ela se cortava, e a resposta me assustou um pouco, ela respondeu: "Para que se matar aos poucos, quando se pode se matar logo de uma vez?" Aquilo me chocou. A partir daquele dia que eu senti que precisava cuidar dela mais do que nunca.


- Chegamos, filho.- falou minha mãe entrando junto a meu pai na sala.


- Ah, oi mãe- falei com uma voz que soou meio triste.


Ela me olhou e logo percebeu no que eu estava pensando.


- Filho, você está bem?- perguntou meu pai dessa vez.


Eles foram até mim e sentaram no sofá, um de cada lado.


- Só estou pensando na Alice...


- Leonardo, se for por aquilo que ela falou antes, não... não precisa ficar se preocupando.


- Mãe! Ela quer se matar!


- Mas Leo, ela não vai fazer isso. Ela te ama, não vai querer te abandonar.


- Não sei não, mãe. Ela nunca disse que me amava.


- Mas ela te ama.


Suspirei. Já vi que aquela conversa não ia chegar em nada.


- Tudo bem. Vou ir deitar um pouco.


- Okay. Te chamamos para o jantar.


- Okay.

Alice- Um conto da série Destinados [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora