Um maluco no banheiro

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Finalmente, final de semana, um dia para deitar na sua cama e entrar no modo: “daqui eu não saio, daqui ninguém me tira”. Estava tão exausto que podia sentir o meu corpo agradecer por estar numa cama confortável e quentinha. Céus, definitivamente essa semana tem sido bem mais corrido do que imaginava, se não era a faculdade que ocupava a minha mente, era meu emprego como ajudante-chefe na cozinha do meu amigo SeokJin, restaurante mais famoso de Seul. Para falar a verdade, é até estranho ver tanta garota num só lugar, talvez gostem dos aperitivos que ele entrega ou seria para ficar observando o mais velho exalando beleza enquanto cozinha? 

Prefiro acreditar na primeira opção.

 Estava jogado sobre a minha cama, pensativo, já que era minha folga, não teria que me preocupar com quantos pratos precisaria fazer, nem sobre o movimento pós-impressionismo de Van Gogh na faculdade, eu gostava, não negarei, mas meu sossego sobrepõem todo o meu dia matinal com toda a certeza. 

 Nada melhor que estar no seu conforto, não é mesmo?

 Estava quase fechando os meus olhos por conta do sono quando sou interrompido pelo som do meu celular, um brilho que me faz abrir e fechar os meus olhos murmurando em negação pelo interromper do meu descanso. 

 Sério que o mais velho não para nem nas folgas dele? 

— Hyung, é final de semana — enfio a cara no travesseiro, choramingando.

 — Jungoo-ah! preciso da sua ajuda, será que poderia vir aqui em casa agora? — Ouço barulho de panelas caindo no chão, parecendo estar acontecendo alguma bagunça em sua cozinha. 

 Ele deve-me amar muito para estar pedindo para “trabalhar” nos finais de semana, só pode.

 — Você tem sorte que sou um ótimo amigo, se fosse o Yoongi iria desligar na sua cara e voltaria a dormir. — espreguiço-me sobre a cama, assim levantando em passos preguiçosos até o guarda-roupa 

 — Aquele velho rabugento, veja se consegue convencer a ele vir junto, tenho certeza que vai gostar de saber que o Hoseok está aqui.

 — Oh! vou tentar — coloco o celular sobre a orelha, segurando com o ombro, pegando umas roupas. 

 — Hobi, você também está sentindo cheiro de queimado ou estou ficando louco? — um silêncio paira sobre a ligação, logo passos apressados são ouvidos do outro lado da linha — AAAH O MEU BOLO NÃO! 

 — Estou vendo que realmente vão precisar de mim. — pego a toalha, rindo. 

 Sabia que o mais velho já tinha esquecido seu celular em alguma parte da cozinha, pois ouvia apenas os seus xingamentos longe do aparelho, junto à algazarra que acontecia do outro lado da linha, nisso desligo o celular indo até à sala caminhando em passos preguiçosos até o local quando vejo o Albino esparramado sobre o sofá concentrado no seu pequeno aparelho em mãos, me deixando surpreso por estar acordado de manhã. 

 — Agora consigo entender porque está chovendo hoje — sorri abrindo a cortina da sala iluminando todo o local da sala. 

 — Por quê? — Perguntou sem tirar os seus olhos do aparelho.

 — Por acaso, você é a alma do meu Hyung ou ele virou sonâmbulo? — brinquei sentando ao lado do mesmo, inclinando um pouco a cabeça olhando no seu celular, curioso. 

 — Vai tomar banho Jungkook, esse cheiro de jogador de futebol está impregnando a sala — empurrou-me de leve, me fazendo rir. 

 — Qual é o cheiro de jogador de futebol hyung? — perguntei ainda rindo encostado na porta. 

 — Um cheiro que me faz querer distância, vá. 

Concordo com o mais velho entrando no banheiro, logo começando a banhar-me. Estava tudo tranquilo, brincava com o meu boneco do homem de ferro enquanto a água descia sobre os meus ombros quando ouço um som estranho, como se fosse aqueles portais do Doutor estranho — não que eu seja viciado em Marvel, imagina. 

 Entrei em alerta, segurava a minha escova de banho firmemente torcendo que não fosse um alienígena que viesse abduzir-me. 

 Seria legal ser abduzido? Seria, entretanto, aparecer num mundo estranho e ainda por cima pelado, estava fora de cogitação no momento. 

 Com umas das mãos tensas, resolvo abrir aquela porta transparente de correr, até que alguém abre rapidamente, abre-me fazendo dar um grito e segurar a escova em forma de defensiva, fechando os meus olhos.

 Um silêncio angustiante pairou sobre o lugar, me fazendo abrir os olhos, ainda na defensiva. 

 — Que lugar interessante, é aqui que os humanos se banham?

 Meu Deus, o homem de ferro está no meu banheiro! O que eu faço? 

 Já sei, farei o que qualquer pessoa faria no meu lugar, gritar por socorro:

 — AAAAAAH YOONGI! TEM UM ROBÔ ME VENDO PELADO!!! — lanço a objeto sobre a entidade que me olhava neutro como se não tivesse sido atingido por uma escova de banho. 

 — O que foi? Eu estava ocupado!

 Da mesma forma que a porta foi escancarada pelo mais velho, ela foi fechada bruscamente me fazendo pensar: se eu fosse uma pessoa em perigo e precisasse de alguém para me ajudar, esse alguém com certeza não seria o Yoongi. 

 — Então é assim que Adão e Eva se pareciam? Achei que eles possuíssem folhas pelo corpo — continuou olhando me fazendo pegar a toalha rapidamente cobrindo uma parte do meu corpo, logo lhe acertando um sabonete. 

 — O que você quer? O meu corpinho não está a venda só para deixar bem claro! — percebo que o mesmo analisou-me dos pés à cabeça de uma forma intimidadora. 

 Ai meu Deus, ele vai me fazer de farofa para os amiguinhos! 

 Nisso a porta se abre novamente, mostrando um Yoongi praticamente vestido de jogador de beisebol, segurando um taco de madeira em mãos.

 Ele deve estar brincando com a minha cara, só pode.

 — Estou com um taco e não tenho medo de usar! — segurou o objeto pronto para acertar um “strike” no indivíduo. 

 Que ótimo! Vamos todos morrer por um robô pervertido que veio do além, pode ser até um canibal e isso é tudo culpa de quem? Exatamente, Min Yoongi e seu taco preferido. 

 — Que bela recepção, não sabia que os humanos eram carinhosos. — Inclinou a sua cabeça sorrindo com os olhos de uma forma adorável — me chamo Taehyung e vocês? — estendeu as suas mãos na nossa direção me fazendo olhar confuso.

 — Oh? Vocês não são de cumprimentar? Desculpe, continuo em processo de atualização neste mundo — coça a nuca, sem jeito. 

 Céus, alguém explica-me o que está acontecendo?

 — Na última casa que entrei, ganhei uma recepção bem calorosa, acho que o objeto que a humana estava era uma… frigideira? — Colocou as suas mãos robóticas no queixo, pensativo. 

 Enquanto isso, Yoongi se aproximava lentamente do robô, logo lhe acertando com toda a sua força aquele taco que estava nas suas mãos, quebrando ao meio pelo impacto. 

Do que esse robô é feito? De aço? Metal? 

 De uma coisa eu sabia, estávamos totalmente ferrados, é agora que ele vai matar-nos com razão! 

Encolho-me sobre o banheiro, começando a rezar enquanto o mais velho olhava para o robô parecendo um cosplay de papel sulfite.

 Continua…  

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