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domingo de manhã, levei meu filho até o cemitério.
Joseph não tinha lembranças da mãe. Mal falava dela ou demonstrava sentimento em relação à morte trágica de Lucy. Eu não podia culpá-lo, já que era um bebê de poucos meses quando tudo aconteceu, mas era minha obrigação de pai tentar manter a memória dela viva no filho.
Caminhamos por entre as lápides, apreciando o bonito jardim. Quando chegamos até o lugar certo, parei, o bico do sapato de couro brincando na grama, Joseph ao meu lado. Não havia muito o que falar, era difícil compreender as razões que haviam levado uma garota tão jovem a tirar a própria vida.
Joe apertou minha mão, a cabeça pendendo sobre meu ombro.
— Acha que um dia eu a verei, papai? No Céu? Será que ela vai gostar de mim?
Senti o coração se apertar, conhecia aquela dor.
Minha mãe também me deixara muito cedo, sem poder viver comigo as melhores fases e conquistas da minha vida. Era triste, mas era a nossa realidade.
Apertei-o junto ao meu corpo.
— Tenho certeza de que ela vê você lá de cima, filho, e sei que o protege do jeito dela.
Meu filho esboçou um sorriso tão fraco quanto o meu e eu lhe entreguei uma das rosas, do buquê que eu carregava.
— Eram as preferidas dela, Joe... — expliquei. — Por isso mandei plantar em volta do nosso gazebo! — contei. — Sabia que sua mãe era uma botânica? — O sorriso ficou um pouco mais forte em mim e nele. — Foi assim que nos conhecemos!
Sentei-me no gramado e ele acomodou-se ao meu lado, ouvindo mais uma parte da história que antecedia seu nascimento. Quando terminei de contar, estava com o coração mais leve e, pelo sorriso no rosto do meu pequeno ouvinte, ele também.
Pelo que restou do dia, deixei que meu filho escolhesse as atividades, já que eu ficaria ausente mais uma vez, por alguns dias.
Voltamos para casa com um pacote enorme de fast-food, para desespero de Mary Ann, e comemos no tapete da sala de televisão, assistindo ao jovem panda sortudo mais uma vez.
Encostei-me no sofá, amassando a embalagem de batatas fritas e encarando Joseph repetir cada uma das falas dos personagens, como se ele mesmo tivesse escrito aquele roteiro.
Não pude deixar de sorrir.
É, Lucy, acho que apesar de tudo eu estou fazendo um bom trabalho.
Quando a noite caiu, eu o coloquei na cama e caminhei para o meu quarto logo depois. Vesti uma calça de exercício e uma camiseta, então segui até o tatame.
Estava ansioso e irritado, precisava me acalmar. Era uma época difícil para mim no Senado e, para completar, odiava aquele tipo de viagem. Não queria abandonar meu trabalho para passar duas semanas inteiras cheias de bajuladores pendurados em minhas pernas. Já me bastava viver isso em meu próprio país, em época de eleição.
Por outro lado, era a oportunidade perfeita para tirar um tempo longe de tudo e reorganizar minhas prioridades. Meu pai insistia para que eu concorresse à presidência e tinha o partido ao seu lado, mas eu não me sentia preparado. Queria ser presidente no dia em que realmente pudesse contribuir, e não apenas pela posição e fama.
Alonguei o corpo e me preparei, canalizando a raiva para fora. Chutei alto, na parte de cima do saco de areia, uma, duas, três vezes, alternando entre socos e chutes, girando e acertando novamente, até que o suor começou a pingar e os nós dos dedos reclamaram, junto com o peito do pé.
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O Bebê Inesperado do Senador (DEGUSTAÇÃO)
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