08: The Dumbest Guy I Dated

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Pra completar, você ainda é burro.

Yeonjun tem defeitos horríveis, e burrice é um desses.

Na época em que eu acreditava que o que tínhamos era amor, eu costumava compartilhar algumas coisas pessoais com ele. Coisas do meu passado.

Depois da morte da minha mãe eu tive que suportar o restante da minha infância em pura solidão e tristeza. Meu pai que nunca foi muito carinhoso, ficou menos do que já era ao saber que eu não ia aparecer namorando com garotas, mas pior ainda quando minha mãe morreu.

Já na minha adolescência, ele me dizia que eu precisaria começar a trabalhar logo. Fazia questão de chegar bêbado todos os dias em casa e me dizer as coisas mais horríveis possíveis:

"— Eu queria que você tivesse morrido no lugar da sua mãe."

Eu nunca esqueci dessa frase. Se os "divertidamentes" realmente existem nas nossas cabeças, então essa com certeza é uma das minhas memórias base.

Era sempre assim, mas ficava pior. Se eu tirava nota baixa ele me batia, se eu esquecia de arrumar algo em casa ele me xingava e jogava objetos em mim, se quebrasse algo ele terminava de quebrar na minha cabeça. Uma vez minha ela foi cortada com um pedaço de vidro de um copo que havia caído da minha mão.

Mas eu não aguentei calado sempre. Houve uma única vez em que eu disse o que pensava sobre como ele me tratava.

Nesse dia meu pai tinha saído para pescar com uns colegas do bar que ele frequentava, e voltou com uma caixa de plástico média cheia de peixes ainda vivos.

Ele me mandou trazer uma bacia funda cheia de água para colocar os peixes. Normalmente levei até ele. De repente meu pai começou a falar:

— Você deveria aprender a pescar. Da próxima vez você vai comigo. — falou enquanto tirava as botas fedorentas dele.

— Pai eu não acho que eu vá gostar...

— Eu não perguntei sua opinião. — ele tirou as meias — Você vai comigo querendo ou não!

— Não acha injusto eu ter que fazer tudo o que o senhor quer sem nem o senhor tentar ouvir o que eu penso? É chato! — eu falava em tom normal, mas ele entendeu como atrevimento.

— Chato é ter ver o seu rosto todos os dias! — aquilo doeu, assim como das outras vezes, mas algo dentro de mim surtou e fez algo que não deveria fazer.

— POR QUE O SENHOR ME ODEIA TANTO? EU NUNCA FIZ NADA COM O SENHOR!!! PARA DE ME TRATAR ASSIM!!!

— NÃO GRITE COMIGO SEU IMPRESTÁVEL!!! VOCÊ ME DEVE RESPEITO!!! EU SOU SEU...— o interrompi.

— NÃO! O senhor não é meu pai! — no momento em que eu disse aquela frase o arrependimento amargou em minha garganta. Eu estava mentindo. Mesmo ele me odiando e tratando como lixo eu ainda o amava.

Mas não só por isso eu me arrependi. Em questão de segundos eu senti as mãos geladas do meu pai em volta do meu pescoço, me levantando à alguns centímetros do chão me levando para perto daquela bacia com água.

Com a outra mão ele enfiou meu rosto dentro da água, me afogando. Eu me debatia pedindo pra que ele parasse. O ar estava quase acabando e eu me sentia em profundo desespero como nunca estive. Achei que fosse morrer ali mesmo pelas mãos do meu pai.

Eu me balançava desesperado tentando me afastar e sentindo ele me empurrar mas ainda. Ele falava alguma coisa, mas não consegui escutar por conta da água e da minha cabeça que estava focada em sobreviver.

Finalmente ele parou e me soltou. Eu ergui a cabeça buscando desesperadamente por oxigênio. Involuntariamente meus olhos procuraram os dele, mas ele já havia saído. Minhas lágrimas pesadas se misturaram com a água daquela bacia por um longo tempo. Eu estava em choque, tremendo de medo.

Aquela foi a única vez que contestei alguma das suas atitudes.

Contar aquilo para Yeonjun depois de transar com ele pareceu romântico para mim na época, mas meses depois eu descobriria que essa era apenas mais uma coisa da qual eu me arrependeria.

Certo dia eu, Yeonjun, Taehyun e Soobin fomos chamados para a casa de Huening Kai para um churrasco na piscina. Aceitamos prontamente já que ele era nosso amigo e sua família bem agradável.

Kai mora com o pai, a madrasta e suas irmãs: Lea, a mais velha, e Bahiyyih a mais nova. Todos eles são bem legais e costumam nos convidar várias vezes para almoços, jantares ou churrascos como este.

Tudo corria bem até entrarmos na piscina. No meio das brincadeiras começamos a afogar uns aos outros. Começou com Soobin, depois foi para Kai, até que chegou em mim. Quando percebi eles se aproximarem na intenção de fazer aquilo eu entrei em pânico. A primeira coisa que se passou na minha cabeça foi que eu falei para Yeonjun que tinha medo desse tipo de brincadeira. Que tinha pegado trauma. Pensei que ele ia impedir aquilo de acontecer, mas ele foi literalmente a pessoa que me afogou primeiro.

Foi como se todas as memórias daquele dia que mais parece um pesadelo voltasse como realidade. O medo e o pânico invadiram meus sentidos, e eu fiquei sem ar antes de ser afogado, o que ficou pior quando fui submerso.

Eu me debatia loucamente como se estivesse prestes a morrer. Bahiyyih, que também estava na água, percebeu e mandou que parassem.

Assim que senti o ar nas minhas narinas novamente eu corri para Bahiyyih e a abracei como uma criança que encontra conforto em sua mãe. Comecei a chorar e estraguei todo o clima de diversão que existia.

Bahiyyih me levou para a cozinha e me acalmou. Eu por algum motivo me senti tão acolhido que contei para ela exatamente o porquê se ter ficado assim. Contei que Yeonjun sabia.

— Meu Deus que babaca! Mesmo sabendo ele nem se importou em como você ficaria. Talvez nem tenha lembrado! Como você consegue namorar um cara desse?! — questionou indignada.

Ela estava certa, e eu me perguntava a mesma coisa a muito tempo. Fiquei calado, não tinha resposta.

No final do dia eu ouvi mais desculpas esfarrapadas de Yeonjun.

— Eu não achei que você fosse ficar assim! Somos seus amigos, não somos como seu pai. Achei que confiasse na gente.

Além de burro, Yeonjun continuou sendo egoísta colocando a culpa em cima de mim. Eu o deixei sozinho no meio da rua e fui para casa sozinho. Ele não foi atrás, ele não se importava de verdade.

Deitei em minha cama naquele dia e adormeci depois de chorar por tantas coisas que no final eu me vi duvidando sobre o que eu tinha chorado realmente: as lembranças daquele dia ou pelo meu namorado ser um completo idiota?

Você é tão burro! Eu queria que sua burrice te afetasse também, mas ela só afetou a mim. Você não me amou o suficiente para pensar em suas atitudes e não acabar me machucando.



Oi pessoal! Como estão? Espero que bem. O que acharam desse capítulo? Deixem seus comentários para eu ficar sabendo. Não se esqueçam de votar também, isso ajuda a fic a entrar nas hastags e alcançar o topo.

Espero que tenham gostado e até a próxima semana! Bye!

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10 Things I Hate About Choi YeonjunOnde histórias criam vida. Descubra agora