4 - Cruelmente deleitoso

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Quando é que entenderei

Teu complexo quebra-cabeça?

Pois é uma cruzadinha

De palavras desconexas,

Um dominó cujas peças

Foram perdidas ou inventadas.

Numa confusão de xadrez e damas,

Teu jogo é um de cartas impacientes

De fios tecidos por aranhas!


Para decifrar-te é preciso

O empenho de preencher lacunas

Através de dicas sem sentido

Em gaiatos "Eu nunca";

Esse dardo na mosca

Sempre acaba em forca.


É necessário consultar espíritos?

Tem que ser verdades ou desafios?

Completar tabelas incontáveis

Com centenas de números inefáveis?

Brigar em danças de cadeiras

Ou inventar personagens?

Ou ainda, quem sabe,

Tentar adivinhar as minas

Do teu olhar disfarçado?


Ah! Desgastante ludicidade,

Deleite que esgota,

Prazer devorador

De energias finitas!

Um jogo cruel,

Cruelmente deleitoso,

Rude, prazeroso,

Confuso, malicioso,

Complicado, alucinante,

Perverso, viciante!


Nesse balanço,

Qual a graça em competir?

Quando perco, eu ganho

E quando ganho, perco-me em ti.

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