Três

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Any Gabrielly

Acordei sentindo falta do calor humano ao meu lado. Por um breve momento, pensei que poderia conversar com Noah e quem sabe tentar ir além naquilo, mas aí ele mostrou o babaca que ainda era. Nada mudou. Essa experiência foi até boa para que eu parasse de ser boba e colocasse em minha cabeça que algumas pessoas simplesmente não mudam.

Minha campainha tocou e eu fui atender. Quando abri a porta, Sabina olhou para mim como se já soubesse de tudo. Respirei fundo e me joguei no sofá. Ela veio até mim e sentou ao meu lado.

— Você não deveria ter transado com ele. — ela disse.

— Uma pena eu só ter me dado conta disso depois que aconteceu. Noah não mudou nenhum pouco. Foi só saber quem eu era que todo o desprezo voltou. Como ele pôde achar que isso foi algum tipo de vingança? Há vinte e quatro horas atrás eu preferiria morrer do que tocar nele.

— O que te fez mudar de ideia?

— Por mais babaca que seja, ele é de tirar o fôlego e nossa... ele sabe como se mexer. — bati em minha testa de leve. — Idiota... idiota...

— Então a noite foi boa? — ela sorriu maliciosamente.

— Eu não quero falar sobre isso. Na verdade, quero fingir que não aconteceu, então o assunto Noah Urrea morre aqui e agora.

— Mas você não acha que ele exagerou? Ele te desprezava tanto assim a ponto de ficar tão irritado?

Olhei para Bina e decidi pensar um pouco antes de dar uma resposta.

— Olha, falando como uma profissional, o Noah parece ter questões com si próprio. Ele fez questão de dizer que sai com mulheres e não liga depois, então eu diria que ele se sente o alfa em todas as relações. Ou talvez ele tenha uma autoestima tão frágil que ele precise agir como um idiota para se sentir superior. Isso meio que ficou claro desde o colégio. E aí quando ele achou que eu estava zoando com a cara dele, isso afetou o seu ego.

— Ele não parece mesmo ter muita inteligência emocional. — ela disse concordando comigo.

— E isso é um problema dele com ele. E agora falando como uma pessoa irritada e sentida, eu diria que ele é só um grande babaca machista e arrogante. — cruzei os braços. — E o assunto morreu aqui.

— Não se fala mais nisso. — fez sinal de zíper na boca.

— E a sua noite com o Travis?

— Rendeu bons frutos. Acho que vamos sair de novo, não sei. — deu de ombros.

— Isso é ótimo. Você precisa mesmo sossegar. — sorri.

— Calma, eu não disse isso. — riu. — Ah, a Shivani chamou a gente pra sair hoje à noite. Vai estar livre?

— Eu tenho algumas consultas hoje. Se não estiver muito cansada, eu vou.

— Trabalhando em pleno sábado. O orgulho da família. — bateu no topo da minha cabeça como quem diz "boa garota".

[•••]

Noah Urrea

—Você só vive puto, garoto? — meu pai perguntou assim que me viu entrar na oficina pisando firme e com uma expressão bem carrancuda.

— Eu só tenho que trabalhar. — falei apenas.

— Sabe que não precisa colocar a mão na massa. Nós somos os patrões, apenas administramos.

— Você pode até ter perdido a paixão por carros, mas isso ainda é a minha válvula de escape. — fui até o armário de ferramentas e comecei a separar o meu material.

Enemies with Benefits ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora