Capítulo 13

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Víbora

Tô nem podendo sair da favela, mas vou ter que me arriscar. Tenho um rolo com um boyzinho da pista faz quase dois anos e nunca tive coragem pra falar o que eu sou e o que faço.Só que de ontem pra hoje percebi que o bagulho só tá apertando pro meu lado e confesso que já esquentei a cabeça com isso.

Mó parada sinistra o que rolou hoje mais cedo, fuzilaram até a janela do meu quarto, sorte que eu tava no quarto de visita e não aconteceu nada comigo.

Passei pela barreira buzinando pros meus mano e avisei pelo radinho pra onde eu tava indo. Só baixei o vidro quando cheguei no condomínio, abriram o portão e eu fui estacionar o carro.

Entrei no elevador e quando abriu fui andando em direção o apartamento, toquei a campainha e não demorou muito ele abriu a porta.

Davi: Nossa, cê tá tão linda. - ih pô, fiquei até com vergonha nessa hora.

Víbora: Valeu. - entrei, dando um selinho nele que logo fechou a porta e veio me abraçar. - Davi... - tentei falar e ele me beijou, me levando pro sofá. - me leva a sério, palhaço. - ele bufou, sentando e arrumando o cabelo.

Davi: Fala, o que foi? - fiquei séria e logo ele mudou a expressão, me olhando confuso. - o que tá acontecendo?

Víbora: Vou te enrolar não, vou logo mandar o papo reto mesmo. - respirei fundo e esperei a reação dele. - tu sempre pergunta o que eu faço, pois é, eu sou gerente geral da favela que eu moro.

Davi: Tá, e o que isso significa? - ainda dá tempo de dar qualquer outra explicação pra ele... Ou não, pq talvez ele pode pesquisar e saber que eu tô mentindo.

Víbora: Eu sou envolvida com o tráfico, facção, tá ligado? Viu no jornal que hoje tava tendo invasão na Cdd? - ele assentiu. - eles tava querendo me matar, pô. Bagulho num tá fácil pro meu lado, por isso decidi te contar logo pq... Qualquer hora pode acontecer o pior comigo.

Davi: Vai embora. - apontou pra porta. - eu não quero mais te ver.

Víbora: Já é. - num sou de insistir muito, então levantei e fui andando.

Eu não contei a verdade desde o começo, mas agora vim na pureza, de peito aberto, tá ligado? Eu não queria que terminasse dessa forma, mas de boa, vai ser melhor assim pra nós dois, pq depois alguém ia querer mexer com ele e isso não ia dar certo.

Desci pra garagem e quando tava entrando no meu quarto senti alguém puxar meu cabelo, fazendo eu cair de costas no chão.

--- Prazer dona Víbora. - tentei gritar e ele chutou meu rosto. Apaguei legal mermo. 

O Morro e Eu Onde histórias criam vida. Descubra agora