Víbora
Santos passou esbarrando em mim e minha vontade foi só socar a cara dele na parede. Tomara que Renata faça com ele o mesmo que fez com Talibã.
Cruzei o braço, olhando bem pra cara do meu pai, ele passou a mão na barba, olhando pra mim e fazendo cara de tédio.
Grego: O que é? - perguntou bolado.
Víbora: Tá feliz agora? Vai lá defender o teu sobrinho querido, ou melhor, o filho que tu diz que nunca teve!
Grego: Escutei dele e agora tenho que ouvir de ti também? É isso? - perguntou impaciente.
Víbora: Vai escutar pq merece. Deixa de ser burro pai, Santos não tá nem aí pro que tu fez por ele. - ele virou o rosto pro outro lado, só pra não me olhar. - agora vai lá, corre atrás do teu filhinho querido! Te humilha pra ele te desculpar, vai lá falar que tá arrependido do que disse pra ele, pq é sempre assim!
Grego: Para Yasmim! Cala a boca, mano. - gritou em cima de mim.
Víbora: Não, eu não vou parar! Vai fazer o quê comigo? Vai mandar alguém me torturar? Igual mandou fazer com... - fui interrompida pelo tapa que ele me deu, coloquei a mão no rosto e senti arder.
Grego: Nunca mais abre a boca pra falar sobre esse assunto. - falou quase espumando de ódio. Olhei bem no fundo do olho dele e falei mais sincera possível.
Víbora: Meu maior desgosto é ser tua filha. - falei em bom som e vi ele mudar a expressão, como se tivesse arrependido. Esse só compra quem não conhece! Se ele já era nojento antes, hoje em dia tá pior.
Santos pode ser o que for, mas eu prefiro ele. Grego não é e nunca foi um bom pai pra mim, por culpa dele minha mãe tá morta, e ele ainda teve a cara de pau de chorar no dia do enterro dela.
Peguei a cadeira, jogando em cima dele. Saí e bati a porta de uma vez só, assustando quem tava na escadaria.
Dei bom dia e nem esperei a resposta. Fui andando pra casa da minha vó e antes de entrar vi que tia Jheni tava na sala conversando com meu vô Fábio. Respirei com calma, arrumei meu cabelo e abri o portão.
Víbora: Bom dia! - falei sorridente.
Jheni: Bom dia. - sorriu comigo.
Fábio: Só hoje que lembrou que tem família?
Víbora: Ele sempre foi rabugento assim ou é a velhice mesmo? - perguntei rindo, ele cruzou o braço, emburrado e tia Jheni riu dele. - ah, lembrei, sempre foi. - ele logo desfez a pose e começou rir também.
Do portão pra fora eu tenho os meus problemas, eu sou isso e sou aquilo, mas aqui não, aqui eu sou outra pessoa totalmente diferente.
Yasmim/ Víbora - 26 anos
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O Morro e Eu
Hayran KurguFamiliarizado com perdas, desde novo eu ando correndo. Não entende porque eu odeio surpresas, não entende porque eu odeio ter tempo. |Continuação de "Eu, o morro e ela".