第六章

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๑°⸙͎ ˎ´-

Estava deitada em minha cama graças à ajuda de Itachi depois do desmaio. Minha visão está embaçada ao ponto de não conseguir ver muito bem a face do uchiha. Meu corpo suado e com minha respiração ofegante, meu coração acelerava e a dor de cabeça só estava voltando novamente dez vezes mais forte.

—— Toma. —— Falou Itachi colocando um comprimido em minha boca.

—— O que é isso? —— Perguntei sentindo um gosto amargo em minha língua.

—— Um remédio para amenizar sua dor de cabeça. —— Disse enquanto pegava um copo de água.

Itachi coloca o comprimido em minha boca e com o copo de água me ajuda a engolir o comprimido com um pouco de dificuldade, já que estava deitada. Aos poucos comecei a sentir o remédio fazendo efeito e a dor de cabeça estava parando aos poucos e minha visão estava voltando ao normal. Mas não via o rosto do uchiha em cem por cento, as lembranças continuam em minha mente, o desconforto me agonizava ao lembrar de tudo que estava acontecendo, essa crise estava me dando vergonha por fazer Itachi cuidar de mim. Não quero que o me ajude sempre que isso acontecer, não quero que ele se preocupe comigo, não quero que ninguém se preocupe.

Sentir Itachi retirando meus calçados e me cobrindo com o cobertor, ele era paciente e solidário, seu ato estava me fazendo me sentir bem e cair no sono aos poucos, mas o sentimento de orgulho não me deixa me sentir totalmente bem com ele cuidando de mim desse jeito, me pergunto se eu merecia tudo isso, ou se era o mínimo do uchiha a se fazer.

—— Itachi. Peço desculpas. —— O Uchiha sorriu. —— Não quero que perca seu tempo cuidando de mim. —— Após minhas palavras, senti meus olhos se fecharem de vez.

[. . .]

Sinto o desconforto da cama em que estava deitada, penso o quão dormir no chão seria melhor do que nessa cama dura e desconfortável. Me sentei sentindo um pouco de dor em minha cabeça e abro os olhos com dificuldade, mas já observando todo quarto direito, meus olhos se arregalaram, meu coração acelerou ao ver que estava no quarto em que passei anos em estado depressivo.

Imediatamente ao saber onde estava, ouço batidas fortes vindo da porta, o desespero e o medo surgem em meu corpo e tomo a decisão de não abrir, estava sentindo uma angústia por contas das batidas que ficaram mais repentinas e fortes, ouço os grunhidos vindo daquela mulher que estava do lado de fora da porta. Estava aflita, e eu só queria acordar daquele sonho o mais rápido possível, comecei a me beliscar e a me morder feito uma louca, antes que aquela mulher abrisse a porta mas não estava adiantando. Eu pude sentir dor em meus braços de acordo com as beliscadas e as mordidas que eu dava em mim mesma.

Olhei para o redor do quarto e ouço soluços de choro, meus olhos congelam ao ver minha própria imagem com seus olhos marejados no canto mofado da parede do quarto. Estava cheia de cortes e hematomas, as pequenas cicatrizes que tenho até hoje em meu corpo, meus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar, meus cabelos mal cortados e bagunçados, mais magra como nunca, minhas unhas roídas. Me pergunto como ainda estava viva naquele estado. Era eu, na minha versão mais deprimida, a garota que passava todos os dias sofrendo por conta da própria mãe.

Estava prestes a me levantar da cama para ajudar a mim mesma, mas a porta se abre com um chute vindo daquela mulher. Meu corpo congela ao sentir sua presença novamente, não conseguia sentir nenhum sentimento sem ser ódio por aquele ser. A mulher vai em direção a menina segurando uma faca em sua mão esquerda, sua expressão era cheia de cansaço e ódio, era maligna. Vi o quanto aquela mulher tinha enlouquecido, estava prestes a machucar a garota ainda mais, mas eu não conseguia me mexer, meu corpo paralisou ao ver aquela cena em que ela batia em sua própria filha como se não houvesse o amanhã. Ela segurava a cabeça da pequena e batia com força na parede sem dó, a garota já exausta, não gritava ou fazia algo para se defender. Estava machucada por dentro e por fora, seus olhos não tinham aquele brilho de antes quando via seu pai chegando do trabalho, sua a face era seca e sem vida. Suas emoções foram reprimidas, e ela não tinha mais forças para continuar resistindo.

Ao observar toda aquela cena, meu coração dói ao começar a me sentir vivendo tudo aquilo novamente. A mulher pegou a faca arranhando sua pele enquanto a garota solta grunhidos de dor, a faca desliza abrindo aos poucos suas feridas que estavam recém fechadas em suas pernas, a garota finalmente reagiu. Ela se debatia para se proteger mas era ignorada enquanto a maldita estava sorrindo ao se divertir com toda aquela cena, era como se tivesse um orgulho infinito dentro de si ao praticar todo aquele ato repugnante.

—— Sua puta. É tudo culpa sua por matar meu marido. —— Berrou sorrindo enquanto continuava sem parar a rasgar a pele de sua filha.

Ela continuou a machucando, começou a depositar tapas em seu rosto, suas unhas arranharam a garota. Eu não conseguia mais lutar, minha respiração estava falha, podia sentir sua dor em minha cabeça, sua dor em suas feridas, os gritos de sua mãe a chingando me dava arrepios, sua voz ecoava no cômodo. Não tinha mais forças para lutar, e isso me dava nos nervos, mas não podia julgar, eu era muito ingênua, era só uma criança com medo e sem esperança. Eu queria fazer algo, queria ajudar a mim mesma, queria me salvar, queria me vingar, mas não conseguia me mexer.

Parecia que tudo aquilo que estava vendo era real, e meu cérebro só queria me mostrar tudo novamente só para me perturbar  ainda mais, talvez eu esteja ficando louca com todos esses traumas. E ouvir os gritos de dor de mim mesma, ver os atos violentos que a mulher fazia em sua própria filha me perturbava ainda mais. Sinto meus olhos mexendo descontroladamente, pude me sentir novamente a meu eu de anos atrás enquanto me presenciava sendo violentada por quem achei que me amava.

Fechei meus olhos com força desejando acordar daquele sonho, ilusão, pesadelo, paralisia, genjutsu, o que seja tudo isso eu só desejava sair da li.

[. . .]

Meus olhos se abrem imediatamente e sinto a presença em que estava no meu verdadeiro quarto. Pisquei algumas vezes para ter certeza que não estava naquele maldito lugar e tento me acalmar, minha respiração que estava ofegante, estava voltando ao seu normal aos poucos. Olhei para minha cômoda ao lado da cama e vi uma pequena bandeja de ferro de coloração prata, nela tinha um copo de água e uma das cartelas de remédio.

Me sento na cama e pego a cartela retirando uns quatro comprimidos e coloco na boca e engolindo com a ajuda da água. Não me importo com o que o excesso de remédios podem fazer com meu corpo, eles apenas me fazendo diminuir todo esse estresse e esquecer aqueles pensamentos, já basta. Olho para o relógio enquanto bebia a água e noto que ainda está de noite, eram 3:47 AM, aquele sonho aconteceu então pouco tempo, mas durou horas.

Me levanto da cama e calço minhas botas. Fui até a janela abrindo-a e respiro fundo saindo do quarto imediatamente indo na direção da floresta. Pulo nas árvores enquanto o vento batia forte me fazendo sentir frio, estava tudo escuro onde só a lua iluminava a floresta, o vento estava forte, o barulho das árvores e das folhas se batendo. Estava seguindo meu caminho até o rio onde só queria relaxar um pouco e tentar esquecer aquele sonho, seja lá oque essa merda for.

Me sentei na grama perto da beira do rio e respirei fundo. Estava tentando esquecer aquilo mas não fazia nada além de continuar lembrando e me perguntando do porquê. Estava tão distraída com meus pensamentos que quase não notei a presença dele enquanto observava o céu estrelado.

—— A noite está bela. —— Queixou em tom suave enquanto também observava o céu.

—— Sim. —— Respondi soltando um sorriso singelo em seguida.


» 𝑠𝑒𝑚 𝑑𝑎𝑡𝑎𝑠 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜𝑠.

𝗟𝗢𝗩𝗘 𝗨𝗡𝗔𝗩𝗔𝗜𝗟𝗔𝗕𝗟𝗘 , 𝖧𝖺𝗍𝖺𝗄𝖾 𝖪𝖺𝗄𝖺𝗌𝗁𝗂 Onde histórias criam vida. Descubra agora