CAPÍTULO 34-ESTRESSE

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No dia seguinte, Edson não suportou aquele silêncio e ligou para Cristiano.

Apesar de educado, como sempre, o cunhado lhe pareceu meio distante.

_Por favor, me desculpe ter vindo embora sem te esperar, mas  você estava demorando, eu precisava lavar umas roupas e aí eu perguntei se o Juliano poderia me trazer aqui, já que os horários de ônibus não ajudam._explicou Cristiano.

Edson sentiu-se ridículo por pensar que o outro preferira ir pra casa lavar roupas do que voltar com ele, ou mesmo querer  saber o que tinha acontecido  no encontro com Ben.

_Você está melhor?_Cristiano perguntou depois de um breve silêncio do cunhado.

Esta pergunta está atrasada há horas, Edson quase não resistiu em falar,  mas se conteve.

_Sim. O Ben foi muito solidário e me ajudou demais!

Edson ia comentar que ele havia afastado Ivete e diria os conselhos que ele havia lhe dado, omitindo, claro, a parte das suas emoções confusas, mas novamente Cristiano o decepcionou.

_Edson, eu comprei um botijão de gás e o rapaz chegou pra entregar, posso te ligar depois?_falou de repente o interrompendo.

_Claro!_ele respondeu rápido demais, tentando se mostrar compreensivo,  e não resistiu em completar._Vou ficar esperando você ligar então, pois tenho um monte de coisas pra te contar!

Cristiano se despediu e desligou.

Edson se recriminou, percebendo que estava afoito demais pra conversar com ele...O que o cunhado pensaria? Que ele era um solteirão solitário que estava implorando por companhia!

O pedreiro estranhou, pois nunca tivera aquelas preocupações com ninguém!

Esperou sentado com o telefone na mão e a ligação não veio!

Levantou-se e foi ao banheiro e inconscientemente se pegou examinando o rosto no espelho...avaliando a pele...a barba...a cabeça sempre raspada, pois preferia assim, do que usar o cabelo com duas entradas enormes, como as do pai.

O telefone tocou novamente...o pedreiro deu um salto, achando que era o cunhado, mas era a mãe...Os mesmos desabafos  da mãe...as mesmas reclamações...ele já se preparando pra se despedir dela, caso Cristiano ligasse...mas ela o estressou mais ainda, quando disse:

_Estou sentindo que você está meio nervoso...

_É que tenho muito serviço pra fazer, mãe..._ele a atropelou.

_Está dando conta de fazer a faxina, a comida, lavar as roupas...

_Estou me virando, pois me falta tempo!_ele realmente estava impaciente.

_Não entendo isso, filho!_ela falou indignada._Depois daquela golpista da Glória, você nunca mais arranjou outra namorada?

_Mamãe, eu não acabei de falar com a senhora que estou cheio de serviço? Como vou arranjar tempo para namorar?

Ela pareceu não escutar o filho e continuou:

_A Célia era boa na faxina e sempre aparecia aí pra me ajudar....Alessandra cozinhava muito bem, eu me lembro...E aquela outra...a filha de dona Leila...Como era mesmo o nome dela? Estefânia! Ela sabia passar uma roupa...

Edson contou até dez...até cem...até mil!

_Mãe, eu preciso desligar...

Novamente, a mãe pareceu não escutar o filho:

NÃO ME CONTE SOBRE MIM!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora