Me chamo Diana, mas nem sempre me chamei assim. Estou em queda livre pro fim do poço. Realmente a felicidade se tornou cinzas na minha boca, conforme eu havia postado num stories meses atrás por causa de mais mais uma das minhas infelicidades amorosas. Fiz muitas más escolhas no fluxo dos eventos de minha vida. Ri, chorei e vivi momentos inéditos, alguns que eu nunca quis que acabassem outros que me doem na alma só de sequer pensar. A vida me deu várias oportunidades de ser feliz, tenho que reconhecer, mas como sempre nada estava bom para mim e eu sempre tinha que arrumar um motivo pra reclamar de algo... Ela sempre dizia isso... Ela tinha ótimos conselhos.
Ela era uma pessoa singular como todas as pessoas são... Tinha lindos cabelos lisos e suas pontas eram estranhamente douradas, nunca descobrimos o porquê disso. Tinha o rosto mais expressivo que já vi, dificilmente conseguia esconder algum sentimento... Como sempre fui muito distraída, perdia essas nuances óbvias estampadas em seu pálido rosto e de bochecha macias. E como não falar do famoso "sorriso torto" que ela dizia ter, pois quando ela sorria, seus lábios se inclinavam ligeiramente mais de um lado. Ela dizia que odiava, eu achava extremamente charmoso. Juntas, nós encaramos tudo e todos que foram contra nós, juntas eu sentia que nada podia nos deter... Quem sabe um dia uma casa própria? Um carro? Não é este o ano que iríamos casar?
Mas, mais uma vez... Deixei tudo escorrer pelos meus dedos... Hoje, luto para saber se um dia vou ter um teto só pra mim novamente, um pedaço de Portugal que eu possa descansar minha cabeça enevoada e repleta de pensamentos autodestrutivos que me parecem boas ideias, e quem sabe poder ainda ouvir o miado daquele que havia sido o fruto do nosso amor mas até então eu não sei por onde anda.
É 14 de março, bebo uma lata de monster enquanto atravesso o rio Tejo em direção ao meu novo trabalho, não é meu primeiro dia trabalho, mas o segundo. Sinto sintomas de uma coisa que me persegue a anos mas não sei o que é... Um certo enjôo que fica mais forte quando estou nervosa ou triste, ou isto tudo de uma vez. "Vá ao médico!" Ela dizia... Bem, por mais desleixado que seja, as vezes tem coisas que é melhor não sabermos. Era isso que eu deveria ter pensado naquela segunda feira...
Sou uma pessoa de muito mais defeitos que qualidade. (Certamente ela me daria um tapa no ombro se me ouvisse falar isso) e um dos meus maiores defeitos é imaginar cenários hipotéticos e viver dentro deles... E se tivesse acontecido de outro jeito? E se eu tivesse feito isso? E se?? Realmente Diana não toma boas decisões. Tem uma personalidade impulsiva, é uma pessoa nada planejadora, pela primeira vez resolveu reunir os pensamentos e escrevê-los a quem interessar. Tem flertado com a morte frequentemente mas pensa nas pessoas que vai deixar... Mas e quando forem essas pessoas que a deixarem? Está é uma pergunta que ainda não consigo responder e este talvez seja o último capítulo da minha história.
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Viagem ao fundo do fundo
Short StoryUma história sobre uma pessoa de olhos sorridentes. Uma história da Diana para a Diana que não é sobre a Diana. Uma viagem para dentro do dentro.