Já perdi as contas de quantas vezes arrumei minhas coisas para me mudar, parece que desde criança eu estive destinada a ser errante, a nunca poder se assentar num lugar e descansar, sentar e relaxar e deixar as ideias se organizarem. Minha mente é sempre um turbilhão de informações e preocupações, metas, planos. Queria viver o agora mas o agora me força a seguir em frente e viajar pro futuro.
Esse era um dos motivos da nossa incompatibilidade. E mais uma vez me arrumei para ir para Lisboa... Ah Lisboa. Sempre falo tão mal de ti mas você é sempre o que me resta, com suas ruas idênticas, casas idênticas, pessoas idênticas, todos se misturam numa semelhança em meio a tanta diferença. Pelo menos em Lisboa sou invisível, já não aguento mais os olhares e comentários que atraio aqui em Elvas e sim, sou uma pessoa... Diferente.
Em Lisboa posso ser eu, por mais que seja um eu mais pobre e morando num quarto, mas esse é o preço a se pagar por querer recomeçar. Mas Lisboa também está manchada pelas minhas memórias, boas e más. Mas eu gosto de lembrar das boas pois sou saudosista. Ah, Lisboa... Me dói ter que ir mas me dói muito mais pensar em ficar, e ia me doer mais ainda passar pela Alameda, pela fonte luminosa... Irá me doer comer aquele hambúrguer que vende logo ali, de almoçar no restaurante chines próximo ao metrô. ira doer andar pela Morais Soares e visitar as lojas de indianos, até ir ao Mini preço! Caminhar até a Martin Moniz... Visitar aquelas lojas de produtos asiáticos... Quero ir quero ir sim, construir coisas novas e sentir o prazer de estar comigo mesma. Pedir um bom lámen, ou talvez pedir aquele prato de frango frito que não pedi aquela vez. Lisboa, tivemos tantas histórias e agora é a hora de reescreve-las, correr atrás dos 2 anos e 6 meses que podia ter feito diferente. Diana! Você é foda! Pensa nisso! Você veio só, você não tem ninguém e nunca teve e ainda sim está viva. Seja sua família, no mundo é você e você e só!
Bem, parando de falar comigo um pouco, sei que vou precisar ir em Sintra mais uma vez, fico feliz que vou poder ver alguns rostos conhecidos e alguns outros novos que tô ansiosa pra conhecer... Lisboa, me traga liberdade, seja minha casa mais uma vez, juro não falar mais mal de ti. Juro que até do Chiado sinto falta, dos Sentidos proibidos, do Miradouro de Santa Catarina, logo verei todos esses lugares, logo vou esquecer que vim tão a beira da Espanha e não pude estar lá como havíamos combinado. Promessas, não acredito mais nelas. Só quero estar a 200 km de distância daqui...
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Viagem ao fundo do fundo
Short StoryUma história sobre uma pessoa de olhos sorridentes. Uma história da Diana para a Diana que não é sobre a Diana. Uma viagem para dentro do dentro.