Carta de Suicídio (Romance Gay)

Capítulo 8: A Garota Polêmica.

Júlia sempre foi uma garota polêmica. Certa vez, quando mais nova, fora expulsa da igreja por ter sido flagrada beijando outra garota que, por coincidência, era a filha do pastor.

E ela gostava de ser assim.

Ela nunca foi uma menina que gostava de Barbie ou de brincar com outras garotas. Sempre foi fascinada por carros antigos e motos. Isso porque andava muito com o seu pai, com quem morou a maior parte da sua vida.
    - Meu pai sempre me dizia para olhar para o céu quando eu estivesse perdida...
Como eu falei, morou a maior parte da vida com o pai. Ele sempre foi um homem bom, um pai perfeito. Mas um dia conheceu uma substância chamada: cocaína (que foi a porta de entrada para outras substâncias).
Com o tempo, isso foi mudando ele. E ao mudá-lo, isso interferiu na sua vida financeira, em seu relacionamento com as outras pessoas e, consequentemente, na vida de Júlia. Na escola, dificultou a interação de outras crianças com ela.
    - Me chamavam de ''a filha do drogado''; é mole?! Briguei com metade da escola. Até ser expulsa...
Entretanto, ele nunca fez nada de ruim com Júlia (não diretamente), pelo contrário, sempre amou demais a filha. Mas quando chegou na adolescência, Júlia começou a questionar o pai sobre essa dependência química. Um dia eles discutiram feio e a mão dele fora bem pesada nela... Os vizinhos ouviram tudo e denunciaram seu pai que imediatamente perdeu a guarda da filha e, aos 14 anos, Júlia veio morar com a mãe em Mossoró.
Algumas semanas depois, o pai de Júlia morreu. Ninguém sabe ao certo se ele morreu de overdose ou se vieram cobrar ele. Júlia não foi no enterro do pai.
    - Prefiro lembrar do meu pai vivo e sóbrio, como ele era antes de morrer a primeira vez.

Em Mossoró, aprofundou-se em sua sexualidade, com isso, quero dizer, conhecer mais de si mesma, ao mesmo tempo que lidava com o luto do pai.
A mãe dela, Márcia, é a pessoa mais fofa que eu já conheci. Júlia sempre soube que poderia contar com ela para qualquer coisa, mas nunca preferiu assim. Infelizmente, a mãe dela não procurou recuperar o tempo perdido com a filha.
    - Prefiro que as coisas sejam assim.
Então, tá, amiga.
Aos 16 anos, Júlia conheceu Diana e em alguns meses começaram a namorar. O que fora mais uma polêmica, dessa vez, dentro da sua família materna. A vovozinha dela quase enfartou. Tios e tias que nunca deram a mínima para ela, começaram a palpitar sobre ela.
    - Eu não ligo para eles. Nunca precisei deles. Que se fod---
Muito bem.
Júlia e Diana, agora, têm um ano de relacionamento. São a coisa mais linda quando estão juntas. Sonham em sair Mossoró o mais rápido possível - Spoiler: nunca irão - e pretendem viver uma vida cotidiana num lugarzinho só delas.
Por enquanto, vivem uma paixão adolescente no meio de Mossoró.

    - Júlia, posso contar sua polêmica mais problemática para eles?
    - Não se atreva...
    - CERTA VEZ, ELA---