Angel

Capítulo 6

Narrado por Aurora Garcia

   Escutei aquela voz infeliz falando comigo, quando olhei para trás vi que era o próprio, Mike o cachorrinho.

    - Garoto você tá louco, me solta. - Disse na esperança q ele me obedecesse, mas ele só apertou mais o braço que ele segurava - Você está me machucando.

   - Você ainda não viu nada meu bem - um soco se formar em suas mãos, fechei os olhos, mas não recebi uma porrada, na verdade ele me soltou e estava caído no chão.

   - Se você encostar um dedo nela de novo eu faço pior - Era Justin, tudo que eu consegui foi ir rápido para perto dele - Vem entra no carro.

   Entramos no carro e ele deu partida deixando Mike no chão ainda meio desnorteado pelo soco que levou.

   - O que veio fazer aqui? Hoje não é sábado - Disse sem entender, ele não costumava nem chegar perto de mim quando era dia de semana com medo que meu pai faça algo comigo.

   - Senti sua falta, quis fazer uma surpresa, parece que cheguei na hora né?

   - Sim, eu não sei qual o problema desse garoto, só porque eu disse que o nome dele no Brasil é nome de cachorro. - disse séria, mas Justin gargalhou.

   - Sério? E o meu nome é de que?

   - O seu nem existe, o único Justin que eu conhecia antes de você era o Timberlake. - disse rindo e o fazendo rir junto.

   - Como está sendo a faculdade? Já fez amizade?

   - Já sim, com uma menina da minha sala, Jenna, eu gosto dela, mas não sei se gosto muito do curso, mas é o que o meu pai achou melhor para mim.

   - E é ele que vai fazer a faculdade ou é você? Você tem que fazer o que gosta, anjo.

   - Eu sei, mas ele diz que o que eu gosto não põe comida na mesa.

   - E o que você gosta?

   - Hummm, quando chegarmos ao prédio eu te mostro.

   - Tudo bem - Senti ele arrancar um pouco com o carro me fazendo dar uma leve risada, chegamos mas eu acabei parando para falar um pouco com Joe.

   Vi que Justin estava inquieto, querendo subir logo então para parar de tortura-lo me despedi de Joe e subi com ele até o nosso lugar.

   - E então vai me mostrar o que gosta de fazer ou não? - disse e eu ri, começando a pegar um caderno e lápis na bolsa da faculdade.

   - Vira de lado - disse e ele obedeceu e eu comecei a desenha-lo - E então como vai o trabalho.

   - Nossa está perguntando sobre meu trabalho? - disse voltando a me olhar.

   - Fica na posição que eu mandei, estou perguntando, também quero saber da sua vida.

   - Tá na mesma, anjo, lá não muda muita coisa, sempre fazemos as mesmas palhaçadas, sinceramente estou um pouco cansado disso.

   - Parece que não sou só eu que não estou fazendo o que eu não quero.

   - É, talvez, mas eu não posso largar isso, quando meu pai morreu ele deixou uma carta dizendo que eu poderia assumir tudo se eu quisesse e era isso ou continuar passando fome, já que ele nunca ajudou minha mãe em nada.

   - Entendo mas você poderia tentar arranjar outra coisa e quando pudesse largava essa vida de vez, ainda usa algo?

   - Eu não saberia nem por onde começar e tô limpo faz dois meses, tô tentando parar pela minha mãe, ela chora muito e fica muito mal quando eu uso, ela é tudo para mim e você me inspirou a ser um pouco melhor para ela.

   - Fico muito feliz de ouvir isso, não tem nada que goste de fazer?

   - Tem uma coisa, mas você vai achar muito idiota - disse rindo - E eu nem sei se sou bom de verdade.

   - Ahh agora você vai ter que me falar, eu tô tendo que te mostrar meu talento idiota, vai fala.

   - Eu escrevia e cantava quando eu era moleque, eu sempre gostei de música, mas quando comecei com essa vida parei até de ouvir música.

  - Pronto, não ficou muito bom, eu fiz depressa - disse mostrando o desenho a ele - Justin Bieber pensando no futuro.

   - Está brincando, você é ótima, gosta de desenhar.

   - Prefiro pintura em tela, mas meu pai escondeu meus materiais a uns anos, eu acabei parando de vez, mas desenho as vezes.

   - Por que não volta a pintar se é isso que gosta de fazer?

    - Por que não volta a escrever e cantar se é isso que gosta de fazer?

    - Por que não põe comida na mesa, é, eu entendo, mas por que não pinta, como um hobby e estuda outra coisa já que não curte psicologia?

   - Meu pai ia pirar, mas eu posso voltar a pintar, com uma condição.

   - Qual?

   - Que você também volte a escrever e cantar e eu quero ouvir uma música sua.

   - Aí tem mais de uma condição - fiz beicinho, ele riu e revirou os olhos. - Tá bom no sábado eu trago uma música e meu violão.

   - VIOLÃO? - disse incrível empolgada e incrédula, nunca imaginei que ele tocasse violão.

   - Toco violão, piano e bateria, aprendi na igreja e tocava as vezes sozinho para aprender mais

   - Ok, por que nunca me contou isso antes?

   - Você também não me contou que desenhava.

   - Tudo bem, você tem um ponto.

   - Você está tão linda hoje, anjo - que isso do nada, me deixou até sem graça, ele veio se aproximando de mim e juntou nossos lábios.

   - Por que não vamos a sua casa hoje? - nunca vi aquele garoto abrir um sorriso tão sincero.

   - Claro anjo, não tem ninguém lá.