Capítulo I - Primeiros dias

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Era uma manhã de quarta- feira comum, exceto pelo fato de Cíntia ter acordado atrasada para ir a aula. Mas ela sabia que o dia seria importante, então levantou- se e iniciou seu ritual de preparação diário. Após estar pronta saiu de seu quarto e foi a procura de alguém pela casa, que para sua surpresa encontrava- se vazia. Tomou seu café da manhã como de costume e assustou- se por de repente ouvir gritos vindos da rua. A garota levantou silenciosamente e foi até a porta da frente de sua casa ver o que acontecia, ficou pasma ao se deparar com aberrações grunhido pelas rua, pareciam pessoas e ao mesmo tempo monstros, muitas coisas passaram pela sua cabeça. Nada fazia sentido. Alguns minutos parada diante da porta ela observou as criaturas, que mesmo estando distantes pareciam estar tão perto, e quando caiu em si deparou- se com um olhar faminto em sua direção, que a fez tropeçar e cair de lado. A queda fez com que Cíntia lembrasse de tudo antes daquele dia. Sem conseguir pensar em mais nada fechou a porta, pegou seu celular e tentou ligar para algum conhecido, o que não ocorreu como planejado. As linhas não funcionavam, nenhuma chamada podia ser realizada. Atordoada por não saber onde estava sua família ou o que acontecia, a jovem começou a andar pela casa e notou que a energia elétrica ainda funcionava, em meio a ações praticamente involuntárias pegou o controle e ligou a TV. Todos os canais pareciam estar fora do ar... Até que uma rede foi detectada, era de baixo porte e apenas um homem, que ela não conhecia, falava sobre o Apocalipse, Deus, Mortos, O fim dos tempos. Palavras soltas ecoaram em sua cabeça e de repente tudo que se ouvia era um zumbido ensurdecedor fazendo com que tudo ficasse escuro... Quando acordou, por volta das 15 horas, olhou pela janela e algumas criaturas caminhavam lentamente pelas ruas. Voltou para sala principal e começou a pensar no que deveria fazer, lembrou- se de alguns filmes, e mesmo sem acreditar no que realmente acontecia, encheu vários vasos com água e procurou velas pela casa. Ela não tinha certeza se sua família voltaria, mas sabia que não ia querer ficar sozinha.
No fim da tarde, quando já anoitecia, a garota ligou a tv novamente e se deparou com o mesmo homem ainda falando sobre o "fim dos tempos". Ouviu tudo atentamente, até que a energia elétrica foi cortada e a única coisa que ainda a fazia se sentir segura foi arrancada de seus olhos atentos. Um tempo sentada no sofá e resolveu ir para o quarto, onde deitou- se e sentiu seu estômago roncar por não ter comido mais nada após o café da manhã, sentimento de seu corpo que foi ignorado. Nenhum alimento a agradaria por um bom tempo.
O dia seguinte se passou da mesma forma que o primeiro, perguntas sem resposta a todo momento, a preocupação com sua família, o dia de aula perdido na faculdade, a solidão, a tristeza e todo tipo de sensação que só é sentida ao se perder alguém e essa ela conhecia muito bem.
Três dias sozinha. Três longos dias e noites, desde o início daquele inferno, perambulando pela casa, sem comer ou dormir direito. Até que alguém bateu em sua porta e uma voz conhecida ecoou em sua mente, fazendo com que a jovem saísse de seu pequeno casulo para ver quem teria vindo lhe resgatar.

Sobreviventes: O fim dos temposOnde histórias criam vida. Descubra agora