Capítulo XIX - Família

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Cíntia notou que já  era o fim da tarde ao terminar os procedimentos em Bia.

- Vai anoitecer. - A garota falou olhando Eduardo.

- Eles vão voltar, eu tenho certeza. - O homem a olhou com gratidão.

A jovem vasculhou a sala a procura de sua amiga e engoliu a seco ao se deparar com a figura parada perto de Jhon. O homem a olhou e sorriu ironicamente fazendo um calafrio percorrer sua espinha.

- O que?  Nicolas? O que você tá  fazendo aqui? - ela falou alto e todos se voltaram para ela.

- Cíntia, a quanto tempo. Bom, deveria estar feliz por eu estar bem. - ele sorriu e ficou sério.

- Não force simpatia Nicolas. - a moça revirou os olhos. - Como veio parar aqui?

- Encontrei uns rapazes no supermercado, estranho você não ter me notado...  Como o mundo é  pequeno.

- Até demais - ela suspirou.

- Então, onde está  meu querido primo? Vivo? Eu espero que sim. - Perguntou com Ironia.

- Primo? - Jhon olhou os dois impaciente

- Bom, eles costumavam namorar. Espere, ele foi embora. Te abandonou não foi? Como ele pôde. Sempre achei que jogava no time errado. - Nicolas balançou a cabeça para os dois lados.

- Não é  da sua conta, não tenho que te aturar aqui, Nicolas. - a garota falou indo em direção ao banheiro.

- O Pedro está aqui? - O homem virou para o rapaz ao ver a garota sair.

- Bem, digamos que sim.

- Bom...  O que aconteceu com a garota?

- Eu não sei ao certo, ela e  o Gabriel foram ao condômino Vilas Velhas, acabaram encontrando uma pessoa lá.

- Uma pessoa? - ele vacilou ao perguntar - O que aconteceu com ela?

- Acho que está morta. Você conhecia alguém lá?

- Eu? Não... Foi apenas curiosidade...  - ele parou um minuto - não seria melhor levar a garota para uma cama?

- Creio que sim, vou fazer isso - Jhon o olhou uma última vez, com desconfiança.

**

- Vamos ter que passar a noite aqui. - Pedro olhou o rapaz sentado no sofá.

- Sério? A Lena e o Juan vão ficar preocupados.

- Eu sei. Não podemos arriscar, mas espero que amanha...

- Amanhã? - Miguel o interrompeu impaciente - Eles não estejam aí? Não espere tanto.

- Vou ter um plano até lá - o mais velho respondeu olhando pela janela.

**

- Pode entrar - Lena respondeu ao ouvir alguem batendo na porta.

- Como você está?  - sua amiga perguntou fechando a porta e sentando ao seu lado.

- Eu não sei. Não imagino dar uma notícia dessas ao Miguel.

- Vamos dar um jeito - a loira passou a mão no cabelo da garota.

- Jeito? Ele não vai voltar. O Miguel não voltou. - a jovem sentiu seu corpo vibrar ao pensar na possibilidade de alguma coisa ter acontecido.

- Ele vai voltar. Ele e  o Pedro São fortes, vão ficar bem. Amanhã já  estão conosco. - Cíntia sentiu seu coração pesar.

- E o Never? Acho que fui muito dura com ele.

- O Never...  - a garota já  estava em pé  num salto. - Preciso ver como ele está. Ele acabou desmaiando.

- Eu vou com você.

As duas seguiram até o quarto onde o rapaz estava. Entraram e sentaram na cama o observando enquanto ele olhava para o nada.

- O que foi? Ele está bem?

- Bom - a loira o examinou com o olhar e tocou em seu rosto - ele está em choque,  vai ficar bem - ela suspirou.

- Isso é  culpa minha. Eu não deveria ter sido tão dura. - a mais nova olhou para baixo.

- Não é  culpa sua. Não é  culpa de ninguém isso está acontecendo. Vamos todos ficar bem. E eu não vou nos deixar perder mais ninguém - a garota olhou seria para a amiga.

**

- Como ela está? - Gabriel perguntou parando ao lado de Eduardo.

- Melhorando. Obrigado,  se não fosse por você minha filha não estaria aqui agora.

- Eu fiz apenas o que deveria ser feito. Espero que ela melhore rápido.

- Você não vem cara? - Felipe sussurrou da porta.

- Vou indo,  se precisar de algo me procure...

- Tudo bem - Eduardo sorriu vendo os garotos saírem.

- O que vamos fazer?  - Gabriel perguntou seguindo o garoto.

- Separar as coisas que conseguimos. Racionamento é  a solução pros nossos problemas.

- Mesmo com tudo que está acontecendo é  nisso que você pensa? - O rapaz parou encarou enquanto Felipe virava para ele.

- O tempo não para Gabriel e eu não vou morrer pela fraqueza de ninguém. - O rapaz falou sério e continuou andando.

Sobreviventes: O fim dos temposOnde histórias criam vida. Descubra agora