Pedri
Isso só pode ser uma brincadeira ruim do caralho.
Ou uma provação divina.
Mas essa situação era culpa de Pablo Gavi e nada divino poderia estar envolvido a esse garoto. Muito menos a coisinha morena parada em sua sala.
— Achei que você passaria a noite.
Mal consigo conter a minha língua quando a vejo visivelmente agitada e pronta para sair.
Assisto seu corpo, que está de costas, parar absolutamente.
Um sorriso aparece em meus lábios.
Ela está nervosa.
— E eu achei que você não estaria aqui.
Sua voz é doce, rouca e baixa. Quase não combina com o sarcasmos ácido. Por um segundo, meus olhos piscam lentamente, me acostumando com a melodia atrevida.
A garota de Pablo parecia irritada quando seu corpo girou para me encarar.
Ótimo.
Seus olhos marrons não pareciam doces nem ao mesmo suaves, como Pablo costuma citar, mas sim, prontos para direcionar adagas afiadas direto aos meus. Ela cruzou os seus braços em frente ao seu seio e sentou sua bunda no encosto do sofá. Ela parecia estar se preparando para uma discussão. Meu olhar involuntariamente correu para suas coxas que pareciam macias e bronzeadas naquele vestidinho curto demais para a sanidade de qualquer homem mortal.
Minha língua correu pelos meus lábios.
Nunca tinha a encontrado antes. Mas isso não queria dizer que não sabia tudo sobre ela, mesmo que nunca tenha visto seu rosto. Culpe Pablo. Infelizmente, ele estava certo sobre tudo.
Ela era adorável de um forma irritante.
Digo, seu rosto e corpo eram nada menos que um espetáculo. Poderia sentir o seu cheiro doce e fresco a cinco metros dela. Ela parecia adorável de cabelo molhado e eu tenho certeza que se o tocasse, eles seriam macios. Mas eles estavam nesse estado porque meu amigo a fodeu há menos de uma hora atrás, irritante, não? Até mesmo seu pé descalço era um lembrete disso.
— Deveria olhar um pouco a sua volta da próxima vez.
Jesus.
Seu olhar poderia ter colocado esse lugar em chamas.
Isso era divertido.
— Bom, não me culpe por acreditar na palavra de Pablo. E não se preocupe... Não haverá próxima vez.
Ela parecia decidida.
Me aproximei, inalando profundo todo o seu cheiro.
Meu Deus.
— Não deixe o garoto por isso. Ele teve boas intenções.
Isso era sarcasmo, obviamente. Eu não dava a mínima se ele chutasse essa garota amanhã de manhã.
Ela resmungou algo inaudível. Mas tenho certeza que ouvi algo sobre gozar e dormir. Outro sorriso apareceu em meus lábios.
— Te acompanho até o seu carro, também estou de saída.
Ela se remexeu no seu lugar.
— Estou esperando um carro de aplicativo.
Meus olhos se estreitaram imediatamente.
— Está louca?
Ela repetiu meus movimentos.
— Desculpa?
O seu tom parecia algo como uma segunda chance para engolir minhas palavras novamente.
— Perguntei se você está louca. — repeti como se ela fosse uma criança aprendendo pela primeira vez os significado das palavras. — São quase três da manhã, garota. Tem desejo de morte? — eu era o único parecendo ofendido agora.
Ela piscou, como se tivesse processando minhas palavras.
— Não tenho um carro, gênio. — ela cuspiu como se fosse óbvio. — Não é como se eu não fizesse isso o tempo todo.
E ela obviamente não tem pais que a ame. Seria um homem morto antes de deixar minha filha entrar em carros de desconhecidos. Principalmente vestida desse jeito. Nessa porra de horário.
— Cancele a corrida, estou levando você.
— Não, obrigada.
Ela negou, descontraída.
Uma risada me escapou.
— Isso não é uma pergunta, amor.
Passei por ela, esperando que seus passos acompanhasse os meus.
Isso não aconteceu.
— Olha, como você mesmo disse, são três da manhã. Estou um pouco indisposta para uma discussão.
Virei o meu corpo.
— Por que teríamos uma discussão, amor?
Jesus, meu sorriso nunca foi tão largo.
Ela era fácil de arrancar a paciência.
Seus olhos fecharam.
— Não vejo a diferença em entrar em um carro com você ou outro desconhecido.
Ela estava falando sério?
— Não me ofenda. Nós somos praticamente família, amor.
Suas sobrancelhas ergueram.
— Família? — sua risada foi escutada pela primeira vez e eu aproveitei o som. — Acho que perdi algo.
Dou de ombro.
— Não seja sonsa, amor. Não combina com você.
Ela inalou todo o ar do seu pulmão, apontou o seu dedo em minha direção e se aproximou.
— Olha aqui, seu...
— Olha, não vou me fingir de cego e deixar você pegar um carro de aplicativo, durante esse horário, enquanto o meu carro é capaz de carregar mais de uma pessoa e está com o tanque cheio. Não é o meu estilo de fazer as coisas. Nem o do Pablo. Ele me chutaria nas pernas se soubesse que deixei algo assim acontecer.
Seu ombro relaxou quando o nome de Gavi foi citado e os meus também.
Ela fechou os olhos e concordou silenciosamente.
Porra.
Finalmente.
Durante o caminho do elevador até o carro, com uma tensão maldita entre nós, agradeci mentalmente por essa ser a garota de Gavi e não a minha. Eu não tinha tempo para garotas quentes e irritantes. Isso era muito trabalhoso. E minha carreira no futebol era meu único foco.
Quando a porta do carro fechou, percebi o meu erro. Sua fragrância era a única coisa que sentia dentro daquele carro.
No caminho de casa, o cheiro dela já tinha entrado e enchido minha cabeça. Fez o meu cérebro seguir rotas não autorizadas. Nao me esqueceria facilmente dessa merda. Mulher maldita.
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terceira pessoa, pedri gonzalez.
FanfictionPedri e Elena acreditam ter apenas uma coisa em comum, Pablo Gavi. Com a proximidade que o ponto em comum o faz se conectar, ambos descobrem que a densa e tensa relação não é apenas hostilidade.