Capitulo quatro

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Não me considero uma pessoa paciente e nem gosto de agir com cautela, por isso decido o encurralar no estacionamento da faculdade.

Me escondo atrás de uma pilastra e fico de olho na entrada, ele não tem como entrar por outro local se não for esse. O estacionamento de moto é fechado e mais privado, facilitando pra que eu possa gritar com ele caso necessário.
Sinto minhas pernas doerem de tanto ficar em pé e quando eu já estava quase saindo, o ronco do motor avisa sua chegada. Eu nunca fui uma pessoa que avalia carros ou motos mas tenho certeza que a dele é cara.

O vejo estacionar e antes que ele desça, o paro.

- Quem é você? Qual o motivo de você aparecer onde eu estou e nos meus sonhos? Você é um maníaco? - despejo tudo de uma vez.

- Bom dia, flor. Tudo ótimo comigo, e você? - ironiza e não olha na minha cara.

- Bom dia o caralho, você é louco? - ele gargalha de mim e sai andando. - Você não vai me responder?

Saio atrás dele e quase saio correndo pela diferença de altura. Ele com certeza tem mais de 1,90 e só de perna 1,60

- Eu não posso responder essas perguntas, não ainda pelo menos. Tente novamente mais tarde.

O alcanço e consigo agarrar sua blusa pela barra o fazendo empacar.

-- Eu vejo pessoas durante a noite, mas você é o primeiro que eu encontro pessoalmente em anos, isso significa alguma coisa e você sabe, então...

Ele se vira lentamente até estar me encarando. Seus olhos azuis estão mais cintilantes que o normal, um tom próximo do neon. Seu rosto tem um semblante fechado e sério, quase que odioso.

-- Sabe, eu prefiro fazer do que falar.. - seus olhos passeiam pelo meu corpo — Apareça no cemitério às 22:00.

Antes que eu o responda, ele sai me dando as costas e volta para a sua moto.

Fico estática o vendo manobrar a moto e parar na minha frente.

— Não se esqueça de levar o medalhão, garota.

Dito isso, ele arranca me deixando para trás comendo a poeira do asfalto. Tusso e saio andando do estacionamento, não vejo sinais dele e não sobrou ninguém ali por perto, todos já estão nas suas aulas.

Tiro do bolso o medalhão e com ele na palma o sinto se moldar e esquentar minha pele, como sempre me pertencesse.

Isso me causa um arrepio na coluna.

Eu Te Vi Na Noite PassadaOnde histórias criam vida. Descubra agora