. amen finitur hic

722 64 711
                                    

A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder a ela.
Oscar Wilde

━━━━━━━━ ⸸ ━━━━━━━━

B̶E̶M̶ ̶V̶I̶N̶D̶O̶ ̶D̶E̶ ̶V̶O̶L̶T̶A̶
1

Quando o círculo pecaminoso dos sete capitais abandonados no túmulo do limbo, se escancarou com a liberdade para se satisfazerem da perversão que foram contidos por séculos e séculos dentro do silêncio tortuoso, a bestidão abriu um sorriso ardiloso cheio de maldade.

Feitos de poeira lunar infernal, sombras que marchavam sem identidade, as faces em torno do vazio sem o direito de uma aparência digna para carregar nas redondezas, com fome e sede de espalharem malícia na alma dos mais fracos. Gritaram por sete noites e por sete dias, cantavam canções monstruosas que soavam como louvores sob os pés do Satã, beijando-o em berros e lamúrias desesperadas em busca de um pouco mais. E o Diabo deu a eles.

Tomou com suas mãos o pó de cada um, e os deu formas. A fisionomia do que poderia representar a pureza de tão belo. Poderia. Sua maior obra que beirava o abominável.

Isso com apenas duas condições: Jamais se atreveriam em bisbilhotar a aparência uns dos outros, não poderiam se relacionar em um todo, não mais. Um laço rompido que parecia egoísmo. Motivo esse que nunca havia sido revelado, e muito menos contestado.
E em hipótese alguma deveriam pisar na terra sem a permissão do endiabrado. Sendo escalados de tempos em tempos para agirem com suas travessuras em restrições claras, sempre separados uns dos outros e nunca junção. Regras e leis.

Luxúria estava adormecido há quase uma década quando acordou com os ouvidos em agonia ardente pelo caos que acontecia no tártaro. O corpo ansioso e cheio de sede porque sempre reagia à desordem que o convidava para uma dança de aproveitamento. Adorava aquela bagunça.

Quando foi invocado pelo Tinhoso, ele conseguia imaginar que a razão daquilo tudo havia sido graças a um prazeroso enfuriamento que também vibrava em seus poros. E agindo com a obediência, seu dever na terra foi obtido sem reclamações.

Mas havia um porém no meio disso tudo.

Luxúria não fazia ideia de como encontrar o audacioso pecado foragido do Inferno. Afinal, ele sequer sabia a sua figura visual, da última vez que o viu, não passava de pó vermelho lunar.

Massageou o pulso que queimava devido a marca que destacava em sua pele quando atravessava o portal entre o inferno e a terra.

KTH

Seu pseudônimo presenteado por Lúcifer, uma lembrança para as viagens dentro da humanidade.

Kim Taehyung.

Sua única solução eram as coordenadas desenhadas na palma de sua mão, a cruz invertida serviu como uma bússola assim que as solas de seus sapatos sociais pisaram na grama daquela pequena fazenda que era a entrada para o mundo cheio de novidades. Ele vagou valentemente perante a estrada de chão vazia quase como um deserto, com arbustos para todos os lados, assobiando canções desconhecidas para aquele território e sustentando os passos com uma confiança prepotente.

Os faróis se reluziam de longe, sinalizando a pequena cidade esquecida no sul do mundo. Carros antigos corriam apressados nas pistas, crianças arteiras em suas bicicletas e estilingues nas mãos, gritinhos agudos presos em suas gargantas, movendo-se nas calçadas largas.

As luzes dos comércios desgastados iluminavam o bairro minúsculo naquelas redondezas e diversos edifícios caíam aos pedaços. No lado esquerdo, e fora das multidões, cruzes em lápides por todos os lugares, espalhados e cravados na terra seca;

O ORÁCULO DO INFERNO Onde histórias criam vida. Descubra agora