um plano

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Quando a dor na minha perna começou a voltar e o galo na minha cabeça latejar, eu não tive outra opção a não ser parar de tentar acompanhar o ritmo de caminhada do Jack. Com o solo úmido, plantas dificultando o trajeto e sem ter nem uma gota de água pra beber, fiquei cansada bem rápido. A cor do céu já estava dando indícios do amanhecer então dormir e descansar era mais que uma urgência. Realmente não dava pra ir em frente.

Apenas depois de avançar vários metros a frente, jack percebeu que eu não estava mais o seguindo. Ele bufou impaciente no momento em que me flagrou hiperventilando e apoiada numa árvore,
Até pensei em me justificar mas acabei só sacudindo a cabeça pra dizer a ele que não podia mais continuar.

Jack: dai-me a maldita paciência – resmungou e veio batendo os pés até chegar perto de mim.
Ele avaliou meu estado, pensou um pouco sobre o que fazer mas inesperadamente virou de costas pra mim e se agachou. – sobe aí

Juno: o que esta fazendo ?

Jack: me oferecendo pra te carregar.

Juno: nas suas costas?

Jack: é! algum problema? Prefere que eu te carregue como uma princesa, madame? - perguntou ironicamente.

Juno: vou poder andar sozinha se me deixar descansar um pouco.

Ele revirou os olhos e bufou outra vez

Jack: você é lenta! É mais rápido te carregar.

Era estranho que ele se oferecesse pra me carregar, afinal mesmo que eu estivesse mancando mais da última vez que tive de segui-lo, jack apenas esperou que eu parasse de ofegar e no máximo diminuiu o ritmo, nunca fez menção alguma de me carregar antes, mesmo com a minha lentidão.

Juno: tem certeza?

Jack: consigo encontrar o caminho mais rápido sem peso morto pra me distrair

Comprimi os lábios e depois de um breve assentimento subi nas costas dele, agarrando-me aos seus ombros podia sentir o delicioso cheiro de doces que ele exalava pra atrair crianças. Algodão doce... Chicletes... Mudava sutilmente de tempos em tempos.
Nunca imaginei que iria ser carregada de cavalinho no auge dos meus 17 anos, ainda mais por um palhaço assassino e no meio do mato...

Enquanto jack voltava a caminhar, bem mais rápido que antes, Eu me perguntava quando minha vida tinha ficado tão estranha.
Não demorou muito tempo pra que eu caisse no sono

Laughing Jack

Não sabia dizer exatamente em qual momento ela tinha dormido, mas  eu já a tinha visto dormir muitas vezes, desde quando ainda estava na casa dela mantendo a amizade com o karim até depois de sequestra-la, então sabia reconhecer aquela respiração leve,ainda mais na minha nuca, era inconfundível.

Continuei a caminhar achando surpreendente que a juno conseguisse, de fato, relaxar o suficiente perto de mim pra dormir nas minhas costas.
Dava pra dizer pelo seu corpo amolecido que ela não estava dormindo tão levemente que um barulho baixo poderia acorda-la... Como alguém pode ser assim?
Ela literalmente está nas costas de um assassino que a ameaça de morte constantemente, como pode dormir?

Jack: o que diabos tem na sua cabeça? – resmunguei pra mim mesmo sabendo que ela não podia me ouvir.

Ela continuava com aqueles olhos mortos de quando a conheci, continuava com seu jeito irritante e inexpressivo mas... Eu sentia que estava entendendo um pouco mais aquela garota tão neutra. Ainda não sabia qual tinha sido o trauma verdadeiro que a quebrou tanto, mas tinha total certeza que por dentro ela estava completamente estilhaçada...  Como eu... Como quase todos na mansão...

Pouco depois que o dia havia clareado mais,vi uma silhueta esguia surgindo das sombras entre as árvores e mantendo-se afastado do sol.

Slenderman: tenho que admitir, você é muito bom em fugir. – disse ele aproximando-se.

Dei de  ombros e ajeitei a juno em minhas costas , ela estava tão imóvel que eu poderia me convencer de estar  carregando uma mochila em vez de um ser humano.

Jack: vou levar isso como um elogio.

Slenderman: já decidiu o que vai fazer com ela?

Desviei o olhar do crânio pálido e sem feições dele.

Jack: não tenho certeza...

Slenderman: acho bom decidir logo porque eu te ajudei dessa vez, mas agora estamos quites. – franzi a testa mostrando insatisfação mas mesmo assim ele continuou – Não vou mais me envolver nessa bobagem de vocês dois.
Quando Jason tentar roubar ela outra vez... Você vai estar por conta própria

Mordi os lábios por dentro mas assenti. Slenderman me estendeu a mão, e quando a apertei aparecemos em frente aos portões enferrujados da mansão.

Não  me dei ao trabalho de agradecer enquanto Slenderman recortava seu caminho pela bruma da manhã até a porta da frente e por um tempo fiquei parado naquele mesmo lugar pensando no que diabos eu faria agora...

Jason provavelmente estava louco de ódio tanto de mim quanto da Juno, daria qualquer coisa pra mata-la e me matar então talvez fosse hora da armadilha que eu pensei em fazer na noite em que sequestrei a Juno. Não seria má ideia mas... Esse plano seria usar ela como isca... E por algum motivo agora isso parecia...

Juno: que horas são – ela grunhiu sonolenta e ergueu a cabeça

Jack: é cedo.

Juno: onde estamos?

Jack: de volta à mansão. – senti os pulmões dela se esvaziando num suspiro desanimado.– pode voltar a dormir.

Ela não pensou muito e logo voltou a apoiar o queixo sobre meu ombro, encolhendo-se por causa do frio e o sereno gelado que envolvia seu corpo desprotegido, ela estava usando apenas uma fina camisola de linho e gaze afinal.

(Melhor levar ela pra dentro) pensei já me encaminhando pra porta.

Antes de ir até o meu quarto, passei na cozinha e olhei a geladeira, as pizzas congeladas tinham sumido (malditos gulosos)  e não tinha nada que não  parecesse suspeito (como por exemplo carne)  mas , por sorte, num dos armários tinha geleia e pão, ia servir pro café da manhã da juno. Fiz um certo malabarismo pra conseguir mas mesmo com um braço mantendo a juno firme nas minhas costas, botei  o pão e a geleia numa sacola e continuei o trajeto.

Quando cheguei no meu quarto, estava escuro e lugubre como o havia deixado porém os poucos móveis que se resumiam a uma cama e uma mesinha de cabeceira, estavam derrubados. Jason já tinha passado ali... Era seguro ficar por enquanto ja que ele não voltaria a olhar um lugar que ja procurou.

Novamente fazendo malabarismo, levantei a cama e repousei a juno sobre o colchão desnudo já que o lençol estava rasgado e destruído no chão, depois coloquei a sacola com pão e o pote de geleia pela metade em cima da mesa cabeceira.

Enquanto a juno dormia eu devia bolar um plano pra salvar nossos pescoços, um que de preferência não colocasse a juno em muito risco e que simultâneamente acabasse na morte do Jason.

Doces Pesadelos - Laughing Jack Onde histórias criam vida. Descubra agora