Capítulo 8

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Segunda- feira

Creusa nem se assustou quando despertou e viu o ex-casal sentados no sofá da sala de chamego como um casal de namorads, foi direto para a cozinha preparar o desjejum. Ao longo dos anos de idas e vindas tinha presenciado cenas bem mais picantes, apenas comemorava os momentos de felicidade dos dois. Os amava como se fossem da família e apesar da teimosia gigantesca de ambos sabia que eles eram feitos um para o outro. Quando Helô e Stênio sentiram o cheirinho inconfundível do café pararam os beijos - Amor da vida! Que saudades eu estava desse seu café - Stênio disse se levantando e indo em direção a mais velha

- Podem se sentar na mesa que eu não estava esperando visita, mas to fazendo as tapiocas que o dotô tanto gosta - Ela respondeu da cozinha

- Aquelas fininhas? - Stênio pergunta animado

- Não precisa arrumar nada pra visita nenhuma, Creusita. O Stênio vai morar aqui por um tempo, não é pra ficar mimando ele com tapioca ele vai comer o que tem, sem reclamar

- Muito obrigada meu santinho! - Ela saiu correndo da cozinha de espátula na mão e um sorriso de orelha a orelha - Vocês vão casar de novo?

A delegada tentava segurar o sorriso, mas os olhos a traiam, brilhavam em alegria. Estava tão feliz com a cena, desde que Stênio tinha voltado ao Brasil ela se pegou imaginando esse momento. Os três juntos novamente. Sua família quase completa - É só uma fase de testes - Ela decretou, pois se explicasse toda a situação não conseguiria se segurar também

Terça-feira

Stênio adentrou a delegacia e avistou Helô tomando um café enquanto passava os dedos pelo celular - Espero não estar interrompendo seu momento de paz - Disse se aproximando da mulher

- Com você por perto não tem como eu ter sossego não é mesmo? - Murmura bloqueando a tela do celular rapidamente, mas não a tempo de esconder de Stênio as fotos de Luzia que a delegada tanto encarava - Encontrou mais alguma criança na rua? - Ela tomou um gole da caneca.

- Dessa vez não - Ele se aproximou

- Recebeu alguma ligação? - Ela perguntou tentando não parecer decepcionada quando ele balançou a cabeça negativamente. Ainda era muito cedo, mas a falta de informação os afligia

- Eu já acabei com todos os clientes do escritório e pensei em usar o resto do dia para escolher alguns móveis novos antes da visita da assistente social

Helô sorriu de um jeito debochado e colocou a xícara em cima da mesa - Boas compras... - Ele se aproximou da mesa dela - Xô Stênio, estou trabalhando - Ela se desvia do toque

- Helô, faltam cinco minutos pra acabar seu expediente - Ele fala tentando convencer a mulher - Da última vez que eu fui fazer compras sozinho acabei comprando uma academia, preciso da sua ajuda

- Você precisa ser mais independente se quer criar uma criança, sabe muito bem se virar sozinho. Eu não sou dona da minha delegacia, não posso largar tudo e sair com você na hora que você quer

Ele se fingiu de ofendido e virou as costas em direção a saída - Tudo bem, vou comprar o cama carrinho de fórmula 1 que eu vi em uma loja, vai ficar uma gracinha no quarto da Lulu

Helô se levantou desligando o monitor - Uma ova que vai! Me espera Stênio que eu to indo - Pegou a bolsa e saiu atrás dele

Quarta-feira

Helô mal encostou em suas uvas quando teve que levantar correndo para o banheiro. Soube no segundo que colocou o pastel na boca no dia anterior que seria um erro não jogá-lo na lata de lixo mais próxima. Mas como não tinha comido o dia todo antes de sair para fazer as compras cedeu a vontade do ex-marido em comer porcaria. Depois de despejar todo o conteúdo de seu estômago no banheiro, saiu reclamando que era tudo culpa de Stênio por deixá-la naquela situação. Ele ainda tinha ido trabalhar mais cedo para tentar controlar a língua perto de Creusa. Eles queriam tanto explicar tudo para ela, mas já bastava os dois de idiotas cheios de expectativas, então começaram a fugir da coitada que começava a suspeitar que algo estava errado.

Na soleira da portaOnde histórias criam vida. Descubra agora