𝗠𝗜𝗥𝗔𝗚𝗘 - 𝟮𝟬

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𝗩𝗶𝗰𝘁𝗼𝗿 𝗠𝗶𝗹𝗹𝗲𝗿
"You in that red dress you"

Eu estava em um lindo jardim cercado de flores de diferentes tipos e tamanhos. A grama verde e imensa tomava conta do lugar e os pássaros cantavam ao redor trazendo paz para o ambiente. Olhei todo o local procurando por mais coisas, até que vi um ponto vermelho distante se aproximando cada vez mais, provavelmente uma espécie de miragem.

A medida que esse ponto se aproximava, eu sentia o meu coração acelerar forte no peito, até ver que o ponto na verdade era uma pessoa: Bárbara. Seus lindos cabelos castanhos estavam perfeitamente penteados e várias flores pequenas e brancas deixavam-na com um ar angelical; sei vestido tipicamente vermelho dessa vez ia até seus pés, que estavam descalços e tocavam a grama; em seu rosto estava uma expressão preocupada e ao mesmo tempo serena.

Tentei andar até onde a mesma estava mas os meus pés simplesmente não se moviam, parecia que eu estava preso no lugar e não tinha controle do meu próprio corpo. Bárbara andou mais alguns passos e tocou o meu rosto, mas não pude falar nada pois a minha boca também não se movia.

Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios até ela correr na direção de onde tinha vindo.
Tentei mais uma vez tirar os meus pés do lugar, mas aos poucos o jardim foi sumindo e uma junção de vozes desesperadas e aflitas invadiu os meus ouvidos, tirando toda a paz que aquele jardim trazia.

——— Por favor, não deixem ele morrer! ——— Uma voz disse em meio às outras.

Cada vez mais as vozes ficavam mais insuportáveis ainda e tentei tapar os ouvidos, mas mais uma vez foi inútil. Não conseguia mover nenhum músculo sequer.

——— Carrega em trezentos... Afasta! ———Após uma voz diferente dizer isso, senti o meu peito sendo puxado por uma força invisível, até a mesma voz falar novamente e o meu peito ser puxado outra vez.

Aos poucos o jardim foi sumindo e dando lugar a uma imensidão branca e possuidora de inúmeras luzes que chegavam a incomodar os olhos. Assim que os abri lentamente, percebi que a imensidão era na verdade um hospital, e que eu estava em uma maca com um respirador, gazes nos braços, soro na veia e uma quantidade boa de panos envolviam a minha barriga. Tentei me sentar, mas senti uma pontada insuportável na barriga.

——— Victor! - Bárbara veio ao meu encontro e segurou em minha mão. ——— Não se levante, por favor. Você não pode fazer esforço.

——— O que aconteceu? ——— Perguntei, confuso e aos poucos me lembrando do que tinha acontecido.

Eu, Bárbara e Nate fomos cercados por meu pai e seus capangas. Ele atirou no Nate e em mim, o seu próprio filho.

——— Aonde está o Nate? E cadê a minha mãe? ——— Perguntei desesperado e Bárbara apertou a minha mão levemente, fazendo uma triste expressão. ———Aonde estão eles, Bárbara?

——— A sua mãe estava aqui comigo agora há pouco...

——— Certo, e o Nate?

Ela me olhou e pude ver em seus olhos a tristeza e me recusei a acreditar. Nate estava morto.

——— Eu sinto muito... ——— Ela disse e pude sentir as lágrimas inundando os meus olhos. ——— É um milagre você estar aqui conosco, na hora eu não achei ninguém para me ajudar a chamar uma ambulância. ——— Ela começou a contar e se sentou na cadeira ao lado da maca. ——— Corri muito procurando por alguém até que achei três meninas que me emprestaram um celular para ligar para uma ambulância, que não demorou muito para chegar. Quando eles chegaram, você ainda estava vivo, mas seu pulso estava muito fraco e infelizmente o Nate já estava morto.

Mais lágrimas vieram e Bárbara acariciou minha mão suavemente.

——— Ele foi o pai que eu não tive, Bárbara.——— Chorei ainda mais. ——— O Marco destruiu a felicidade da minha mãe mais uma vez. Eu não vou descansar até que ele esteja preso.

Bárbara me olhou com receio.

——— O quê?

——— Marco foi encontrado morto algumas ruas depois da rua em que estávamos. ———Assim que ela acabou de falar, fiquei sem reação.

——— Isso é sério? ——— Ela assentiu com a cabeça. ——— Bom, eu espero que ele queime no fogo do inferno e pague por todo o mal que fez.

——— Eu também espero, mas agora você precisa descansar, por favor... ——— Pediu e se levantou da cadeira, mas ainda assim consegui puxar o seu pulso levemente.

——— Bárbara... Obrigado. ——— Suspire. ——— Eu te amo.

——— Eu não sei o que faria se você também tivesse morrido, Victor. Só de ver o sofrimento da sua mãe eu já me sinto devastada.———Ela se aproximou e arrumou os fios da frente do meu cabelo. ——— Você é muito precioso.

——— Como a minha mãe está?

——— Ela chorou muito quando recebeu a notícia, mas eu fiquei o tempo todo com ela. Está mais calma agora, mas a funerária ligou para que ela pudesse resolver todos os trâmites necessários para o funeral, mas pedi que eles ligassem mais tarde pois ela não estava em condições de resolver nada no momento.

——— Obrigado por isso, coelhinha. Significa muito. ——— Agradeci.

——— Agora volte a dormir. Preciso ir e ver como sua mãe está.

Bárbara saiu do quarto e me deixou sozinho.
Olhei para o teto fixamente e não demorou muito até que eu pegasse no sono.

Olhei para o teto fixamente e não demorou muito até que eu pegasse no sono

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