𝖱𝖾𝖽 𝖣𝗋𝖾𝗌𝗌 - 𝘝.𝘉

𝗠𝗨𝗦𝗜𝗖 - 𝟮𝟭

𝗕𝗮́𝗿𝗯𝗮𝗿𝗮 𝗘𝘀𝗽𝗶𝗻𝗼𝘀𝗮
"Hey you with the red dress on"

Victor saiu do hospital após dois dias, visto que sua recuperação foi positiva e ela não sentia muitas dores, a não ser o incômodo dos curativos na barriga. Maria estava devastada, o que era completamente esperado, afinal o marido e o amor de sua vida tinha morrido.

O Victor que eu conhecia antes do assalto era completamente diferente do Victor depois que saiu do hospital. Agora ele era calado, introvertido, frio e em seu olhar habitava pavor e angústia. Tentei a todo custo me aproximar dele e conversar, mas ele me afastou em todas elas.

Hoje era o dia do velório de Nate e todos estávamos a caminho da igreja para em seguida ir para o cemitério, onde um homem cheio de saúde e vida iria ser enterrado por um ato de covardia. Fiquei perto de Maria o tempo todo, segurando em sua mão e dizendo que eu estava ao seu lado.

Victor andava com dificuldade mas não quis ajuda alguma para se locomover. Eu entendia as suas atitudes, mas ele tinha que entender que a culpa não tinha sido dele, mas sim do pai.

Chegamos na igreja por volta das três da tarde. O local estava repleto de pessoas vestidas de preto e vindo prestar sentimentos a Victor e Maria. A mais velha desmaiou duas vezes e teve que ser amparada por uma ambulância que foi até o local e queria tirá-la dali, mas Victor exigiu que a mãe ficasse.

Nos sentamos nos bancos da igreja e esperamos o pastor falar algumas palavras a respeito de Nate. Tudo o que eu tinha ouvido de Victor a respeito dele era verdade. Nate sempre tentou ajudar a todos ao seu redor e fez com que Victor se sentisse amado, mesmo não sendo seu filho de sangue. Após terminar, o pastor chamou Victor e Maria para dar algumas palavras.

Victor levou a mãe até o púlpito e segurou em sua mão enquanto ela pegou o microfone vagarosamente e enxugou as lágrimas em um lencinho.

——— Depois do meu filho, Nate era tudo o que eu tinha de mais precioso nessa terra. ——— Ela começou e enxugou mais lágrimas que caíam descontroladamente. ——— Eu sinto como se uma parte do meu corpo tenha sido arrancada e levada junto com ele... Nunca vou poder ser mais grata a Deus por ter me dado um homem tão bom e que acolheu o meu filho como se fosse o seu filho. Nate era um homem bom não só para mim e para Victor, mas para todas as pessoas que tiveram o prazer de conviver com ele. Espero que um dia possamos nos reencontrar na eternidade. ——— Maria terminou e desabou em lágrimas mais uma vez, seguida de outras pessoas que estavam na igreja e dos familiares de Nate que estavam sentados do lado esquerdo do local.

——— Eu sempre falei para ele que ele foi o pai que eu nunca tive. ——— Victor começou. ——— Se hoje eu estou onde estou, é por causa dele e da minha mãe. Nate sempre apoiou meus sonhos e me incentivou para que eu corresse atrás de todos eles de forma honesta e digna, e sempre me ensinou que eu podia ser o que eu quisesse ser, bastava confiar em mim mesmo. Hoje eu percebo que ele era tão bom que Deus quis que ele fosse morar com ele mais cedo do que deveria, Nate deve estar feliz aonde quer que esteja. ——— O moreno terminou e seus olhos estavam vermelhos como fogo, culpa das lágrimas. Ele deu alguns passos e se sentou ao meu lado, procurando minha mão e quando a encontrou apertou fortemente.

Mais algumas palavras e em seguida todos nós nos dirigimos até o cemitério. Fiz questão de estar ao lado de Victor e Maria o tempo todo, deixando claro que eu estava os apoiando e que eles podiam contar comigo para qualquer coisa.

Assim que chegamos ao local, o clima era de total comoção e tristeza, e quando o caixão foi colocado dentro do buraco grande na terra o pastor falou as últimas palavras e depois tudo foi finalizado. Victor apertou minha mão mais uma vez e eu passei a mão livre em suas costas.