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20 de março de 2023
LA, EUA.

"ATENÇÃO PASSAGEIROS DO VOO 134340, COM DESTINO A COREIA DO SUL, EMBARQUE AUTORIZADO NO PORTÃO 07".

"É o meu voo". Digo aos meus amigos e me despeço. Ouço o Lucas dizer, aos prantos, o quanto vai sentir minha falta e sorrio para ele dizendo que eu também irei sentir falta deles.
Eu estou voltando para casa hoje. São dez anos longe, e eu prometi a mim mesmo que voltaria. Finalmente chegou o dia.

Não penso em outra coisa além disso. Já planejei praticamente tudo para minha volta, mas ainda sinto um certo incômodo. Não sei o que esperar da recepção dos meus pais, também não sei como meus amigos irão reagir com minha volta surpresa depois de tanto tempo.
Ah, que saudade que eu estou daquele lugar, de frequentar os meus lugares favoritos... Acho que estou pensando demais nisso, maldita ansiedade!

Entro no avião e é aqui que cai a ficha. Estou realmente voltando.

São longas 14 horas de voo que me deixam todo doído. Aparentemente faltam apenas 40 minutos para chegarmos no aeroporto de Incheon se não houver nenhum imprevisto, foi o que eu ouvi o piloto falar. A ansiedade está a mil a essa altura. Não consegui dormir por conta disso e estou super desconfortável nesse assento. O que me acalma é a vista da minha janela. O céu está esplêndido num tom de azul fascinante, eu poderia morar aqui.
Faço mentalmente uma lista de coisas das quais precisam ser feitas, entretanto estou com muita fome para pensar por muito mais tempo.
Tento ver um filme enquanto como um lanche que foi dado pela companhia aérea, e me sinto sonolento.
Acho que talvez eu tenha cochilado por uns minutos já que perdi boa parte do filme e já estamos em processo de pouso.
Todos aqueles avisos sobre precauções me deixam ainda mais nervoso.
Está acontecendo, eu irei ver os meus meninos e minha cidade.

Ao desembarcar sinto um frio na barriga. Passei tanto tempo sem ver meus amigos daqui que não sei o que falar ou como agir perto deles.
O único a quem contei que chegaria hoje foi o Jimin, e eu espero que ele tenha vindo me buscar. Foi o que combinamos, eu ficaria uns dias na casa dele até fechar contrato com a imobiliária.
Avisto ele em meio a uma multidão de gente esperando parentes, amigos, etc. Ele segura uma plaquinha com meu nome e sorri tão doce que me sinto acolhido, em casa.
Sou percebido por ele que alarga mais ainda seu sorriso fazendo com que os seus olhos se fechem completamente. Tão adorável esse Park Jimin.

Ele corre na minha direção me dando um desses abraços que transmitem saudades guardadas por muito tempo. Amo sentir que o carinho por mim não mudou não consigo segurar e começo a chorar, por finalmente estar aqui. Estou transbordando felicidade.

— Hobi, você tá aqui! — Sua voz ecoa atrás da minha cabeça e soa meio abafada pelo abraço que estamos dando.

— Senti tanto a sua falta — Ele completa me soltando e segurando meu rosto nas mãos. Vejo uma lágrima descer pelo seu rosto.

— Ah, Park, vem aqui! — O abraço novamente, tentando consolá-lo.

— Também senti sua falta, e quero que saiba que nunca mais vou embora por tanto tempo — Ele começa a chorar copiosamente e eu não consigo segurar as lágrimas e choro junto com ele também. Nós nos soltamos e ele me ajuda com as malas.

— Não entendi o porquê da placa, Park Jimin, eu ainda sei quem você é, sabe? — Digo, fingindo indignação.

— Foi só por precauções, vai que você teve amnésia — Ele sorri todo maroto, enxugando o rosto. Todo orgulhoso pela brincadeira que fez.

A partir daqui fui bombardeado de perguntas do tipo " Como você está?" "Como foi o voo?" "Como é em LA?" "Você tá finalmente namorando alguém?"

Eu acho fofo a forma que ele aborda esses assuntos sem ser invasivo. Park Jimin é tão precioso.

why'd you only call me when you're high?Onde histórias criam vida. Descubra agora