why'd you only call me when you're high?

one last time

 Hoje já é sexta, não posso inventar nenhuma desculpa. Mesmo se eu for atropelado de verdade, Seokjin vai me obrigar a ir.
Faz dois dias que eu tento cancelar esse rolê com os meninos, mas eles não me dão brecha. Até cogitei fingir diarreia, mas tive a brilhante ideia de postar sobre no twitter e o Namjoon me dedurou para o Seokjin, que me disse: "você vai com ou sem diarreia."
A verdade é que eu posso simplesmente não ir, mas tem algo que me impede de cancelar, não sei ao certo, mas vem coisa boa por aí.
Desde que tive o pesadelo, não me sinto bem para nada, reflexo da minha ansiedade. Então, por mais que eu faça birra, meu subconsciente necessita respirar um outro ar que não seja o do meu quarto.

Combinamos de todos se arrumarem juntos, então chamei eles para vir para minha casa e me fazer companhia enquanto nos arrumamos. Todavia, me arrependi de tal ideia, porque Kim Seokjin está igual um lunático batendo na porta do banheiro, me apressando.

— Porra, Yoongi, combinamos de sair as 20h, já são 21h10, cacete. — Ouço seus berros e dou uma risada.
— A noite é uma criança à procura de doce, meu caro amigo. — Grito em resposta às suas reclamações, finalizando o protetor labial que eu passava antes dele me interromper com essa gritaria.

— Todos os gatinhos vão estar bêbados quando chegarmos lá! Odeio gente bêbada, a não ser que essa pessoa seja eu. — Concluiu, fazendo birra. Podia jurar que ele fez bico, é característico dele.

Me dou uma ultima checada para ver se falta algo, mas constato que, porra, estou muito gato. Valeu a pena todo esse estresse. Há muito tempo  eu não me sentia assim, com a autoestima um pouco elevada.

Ao sair do banheiro me deparo com dois homens extremamente gostosos. Deus, como pode existir pessoas tão bonitas como os dois no mundo?! É até injusto com as outras pessoas.

— Se não quiser pegar nenhum bêbado, me ofereço como tributo, Kim. — Eu dou um sorriso malicioso ao falar, tendo em resposta quatro pares de olhos me encarando com deboche e uma certa curiosidade.

— Qual dos Kim? — Namjoon perguntou.

— Os dois. — Foi o que eu respondi, dando uma piscadela para ele e saí em direção a porta.

— O uber está a 3 minutos daqui — Falei para eles.

— Acho que ele se perdeu porque está a "3 minutos" a meia hora... — Seokjin disse, fechando a cara.

— Não se abale, pequeno gafanhoto, você é lindo demais pra ficar chateado, vamos chegar lá hoje, tenha calma. — Namjoon diz, acariciando o ombro do mais velho. E eu semicerrei os olhos, acho que estou perdendo alguma coisa. Mas antes que eu questionasse, o meu celular tocou. Era o motorista e ele estava mesmo perdido.

Depois de indicar ao motorista como chegar ao meu prédio, nós ficamos esperando ele bem no meio da rua para que ele nos visse. O percurso até Itaewon foi bem tranquilo, levando em consideração o trânsito caótico diário do meu bairro. Chegamos lá em menos de 30 minutos e as ruas já estavam mais do que lotadas. Coisa típica daquele bairro, numa sexta-feira à noite. Me prendi no braço de Namjoon, afim de relaxar os músculos tensos em resposta às várias emoções que eu estava sentindo naquele momento.

Fomos conversando até chegar nessa tal balada e me deparei com um lugar extremamente contemporâneo. Minha ideia de balada exclusiva, era as que eu via nos filmes e séries que eu via na TV, mas estar naquele lugar pessoalmente foi surreal. Agora eu entendi o porquê de o Seokjin praticamente me obrigar a ir. Deveria ser difícil conseguir entradas para aquele local. As iluminações de led não eram cafonas igual as das baladas que frequento. Tinha um certo tom de sofisticação e as músicas que eram tocadas pareciam ter sido retiradas da minha playlist do Spotify, denominada "To cry in the bathroom."