Bad Idea | Juliantina

Capítulo 35

Na manhã seguinte, Juliana acordou de um sonho bom crente que tudo estava em sua imaginação, mas supreendeu—se deliciosamente ao sentir os braços de Valentina lhe envolvendo em sua cama. Claro que elas dormiram juntas! Não estavam conseguindo desgrudar uma da outra na noite anterior; e o momento que Valentina anunciou que iria embora foi como uma facada — elas simplesmente não pararam de se despedir com beijos.

Até que pararam de se despedir.

E foram para a cama juntas; Valentina ainda estava com a mesma roupa do dia anterior e Juliana também; ficaram horas conversando e criando teorias mirabolantes sobre o que poderia existir acima das estrelas e se haveria algum estudo que apontaria um dos planetas como possível de se viver. Juliana disse que queria viver em Plutão, Valentina apostou em Saturno. Disse que gostaria de poder escorregar nos anéis. As duas gargalharam juntas boa parte da noite.

Até que Juliana lembrava de dormir.

E do conforto. De ter certeza de que estava sonhando.

E então de acordar com Valentina com o rosto enfiado em seus cabelos, abraçando—a por trás e completamente encaixada nela. Como ela iria levantar? Meu Deus! Não existiam forças o suficiente no mundo que a fizessem pensar em ter que sair daquele exato momento, do aconchego e da sensação de... Paz. Valentina respirava tão tranquila atrás dela, atravessando seus fios de cabelos e chegando na nuca — e não havia nada de sensual naquilo, apenas um conforto absoluto e tão pleno que... Juliana pensou que poderia dormir mais um pouco.

E também pensou que aquela era a primeira vez, em toda a sua vida, que estava completamente relaxada. Não havia um músculo de tensão, um pensamento ruim. Simplesmente nada. Era como se dentro dos braços de Valentina ela pudesse realmente respirar.

Sentir.

Estar em casa.

— Meu deus... — Valentina murmurou quando começou a acordar. Juliana arregalou os olhos; deveria se mover? Falar alguma coisa? Não que nunca tivesse dormido na mesma cama que Valentina, mas era a primeira vez que elas acordavam daquele jeito. Agarradas. Coladas. Respirando juntas. — Acho que eu nunca dormi tão bem na vida. Puta que pariu.

A risadinha escapou dos lábios de Juliana antes que ela pudesse segurar.

— Acho que eu também.

Mas, diferente do que deveria ter feito, Valentina apenas puxou Juliana ainda mais para perto e manteve—a presa em seus braços. A morena soltou um suspiro muito suave, sentindo o calor de Valentina como se não houvesse rios de tecido entre seus corpos.

Definitivamente nada nunca tinha sido tão gostoso quanto aquele momento; ou talvez tudo a tivesse preparado para aquele exato momento. Por que ela virou de frente para Valentina, ficando com o peito colado ao dela e seu nariz buscou o dela em uma carícia tão suave...

Depois dos narizes, as palmas se encontraram. Como se elas ainda estivessem se reconhecendo — e talvez fosse esse mesmo o caso. Já se conheciam, mas ainda tinham tanto para conhecer e reconhecer. Juliana soltou um suspiro carregado de prazer quando o polegar de Valentina escorregou em sua mão e começou a desenhar círculos em sua palma.

Como era possível que Valentina estivesse lhe dando tantas sensações ao mesmo tempo. E que tudo estivesse tão delicioso que deveriam inventar uma palavra nova para explicar; aquilo era exatamente como Juliana imaginou que seria estar deitada no interior de uma rosa, sedoso, macio e confortável.

E com um cheiro sensacional.

Ela esticou os dedos e entrelaçou os seus aos de Valentina.

Não havia mais espaço para distância entre elas. Seus olhos se encontraram e pareciam brilhar mais do que o sol que adentrava a janela; aquela era a felicidade plena, Valentina pensou. Era por aquele momento que havia vivido sua vida inteira — em busca daquele sentimento, daquela sensação. Do momento em que ficaria tudo bem.