Capítulo 7

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À noite, quando Valentina entrou no restaurante, Andrew e os amigos ainda estavam lá; Juliana terminava de recolher os pratos com o que havia sobrado dos lanches que eles devoraram. Algumas namoradas ainda estavam por lá também, mas Juliana interagia muito pouco com elas. Becky estava saindo do banheiro, colocando o uniforme na mochila, quando deu de cara com a loira.

— Oi Valentina.

— Becky né?

— Isso. Acho que é melhor você voltar outra hora, eles parecem que vão demorar.

— Não me incomoda. — A loira disse em toda a sua pose. Dessa vez, ela usava o casaco de couro por cima de uma camiseta lisa. — A gente tem um trabalho pra fazer, por isso eu vim.

— E a Juliana sabe que vocês têm um trabalho pra fazer?

— Até onde eu saiba sim, foi ela que me chamou pra vir.

Becky pareceu estar se divertindo com a situação.

As duas voltaram o olhar para Juliana, que apareceu rapidamente e com as bochechas vermelhas. Ela parecia estar tão sem graça quanto parecia estar se divertindo ao redor do namorado. Mas Valentina soube que, em nenhum momento, ela se encaixava naquele meio — não que ela não entendesse de esportes, mas ficou evidente para quem quisesse ver que... Aquilo simplesmente não fazia sentido.

— Vou só me livrar deles e aí começamos, ok?

— Vou estar na mesa de sempre. — Valentina disse, ao se mover um pouco para a esquerda. Ela parecia mais galanteadora que o costume — não que Juliana se sentisse galanteada. — Você pode me trazer um refrigerante enquanto eu espero?

— Claro.

A grande questão foi que Andrew fez de tudo para demorar o máximo o possível para ir embora com os amigos; e Valentina sabia exatamente o que ele estava fazendo — era uma tentativa inútil de fazê—la desistir e ir embora — coitado. Enquanto o grupo gargalhava e Juliana ficava ocupada com eles, Valentina se viu desenhando em seu caderninho pessoal.

Algo que ela não costumava fazer com a frequência que gostaria, mas ocasionalmente era tomada por uma ideia ou outra. Um rabisco ou outro. Juliana chegou com outra porção de batatas para o grupo e Valentina segurou a risada — aquilo definitivamente estava um pouco ridículo. O rapaz estava realmente tão desesperado assim?

Não que ela estivesse se importando, afinal, havia decidido que aquele relacionamento não iria durar de qualquer forma — e quando colocava algo na cabeça, nada tirava. Essa era o grande problema de sua vida, atualmente, simplesmente não conseguia parar de pensar em Juliana.

Na forma como ela andava, como sorria, como gargalhava; como ela encolhia os ombros, como seus olhos brilhavam de raiva e, especialmente, como ela era definitivamente a garota mais linda que ela já havia visto — não apenas no aspecto físico, mas havia algo de intrigante nela.

Valentina sabia o suficiente da vida para saber que, provavelmente, já havia conhecido meninas fisicamente mais bonitas que Juliana, ou com belezas diferentes, é claro. Mas havia algo em Juliana que ela nunca havia visto — e não era de sua inocência que estava falando. Também havia passado sua cota de momentos desvirginando garotas por aí... Mas Juliana era diferente. Não que não pensasse em tirar sua virgindade, mas...

Havia algo muito além. Muito mais intenso.

Desde o primeiro momento. Desde que a viu na assembleia de alunos no começo do ensino médio; desde que ela sorriu a primeira vez em direção ao seu novo armário e desde que ela apareceu como o sol em manhã de verão no inverno escuro e frio que era... Bom, sua vida.

Bad Idea | JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora