♣️III♣️

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Tomei muito tempo para entender de onde viera.
O garotinho, o qual o chamei de principezinho, pois suas vestes me lembravam um, me fazia milhares perguntas, mas não parecia nem dar ouvidos as minhas. Conversas paralelas que foram revelando um pouco aqui outro ali. E quando o principezinho observou minha mochila perguntou:

—Que coisa é isso?

—Não é uma coisa, isso é uma mochila. É para guardar as coisas, como agora, guarda minhas roupas.

—Roupas? Por quê?

—Para eu vestir os dias que eu estiver aqui.

—Veio de uma viagem?

—O quê?

—Está perdido?

—Sim.

O príncipe deu uma risada maravilhosa, o que me deixou um pouco irritado por estar rindo de minha desgraça.

—Também caiu aqui por acaso? De que planeta tu és?

Fiquei surpreso por sua pergunta não tão comum, e o interroguei:

—Tu vens de outro planeta?

Mas ele ignorou minha pergunta.

—Não parece vir de muito longe.

Em seguida pegou o papel que eu havia escrito a frase que estava no seu bolso e ficou a admirando como se fosse um tesouro encontrado no céu.
Fiquei intrigado pela pergunta de planetas. Não é comum ouvir isso todo dia. Então tentei tirar alguma informação a mais.

—Meu bem...de que planeta você vem? Como chegou até aqui? Para onde quer levar o caranguejo?

Ignorado novamente.

—Gatos destroem as flores? -perguntou o Príncipe.

—Alguns sim. Não vale a pena arriscar.

—Não quero, essa flor é única e preciosa. Preciso cuidar mais do que a mim mesmo. Não consigo ter mais do que elas.

—Não tens como plantar mais?

—É pequeno onde eu moro.

Uma coisa importante descobri. O príncipe veio de um pequeno lugar no céu, e não de um planeta. E foi assim, que no segundo dia após eu me perder, descobri que ele cuidava apenas de uma rosa neste céu, afastado dos demais, ele tinha a função apenas de cuidar desta rosa, a todo custo.
É um pouco difícil tirar alguma informação de alguém que só pergunta, e quase não te ouve.

Depois de tanto falar, ele parou, olhou para o céu, e falou:

—Vamos ver o pôr do sol, eu gosto de assistir.

—Ainda é cedo.

—E o que tem?

—Precisamos esperar até o sol se pôr.

Ele solta uma contagiante gargalhada.

—Onde eu moro, consigo ver o pôr do Sol a hora que eu quiser. Um dia eu vi o Sol se pôr oitenta e seis vezes...

E sem seguida acrescentou:

—Quando estamos tristes demais, gostamos do pôr do sol.

—Estava tão triste todas as oitenta e seis vezes?

Mas ele não respondeu.

𝑀𝑒𝑢 𝑃𝑟𝑖𝑛𝑐𝑖𝑝𝑒 𝐶𝑎𝑖𝑑𝑜 [𝐵𝑒𝑜𝑚𝑗𝑢𝑛/𝑌𝑒𝑜𝑛𝑔𝑦𝑢]Onde histórias criam vida. Descubra agora