Bela obsessão - (Jenlisa)

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10 de setembro de 2028.

- Lisa -

Eu nunca havia sentido aquela sensação terrível de ser observada por todos.

Mesmo que eu não pudesse realmente dizer que as pessoas estavam olhando para mim, eu ainda tinha aquela sensação de estar exposta a todos.

Fazia dois meses desde o início do julgamento e eu ainda não conseguia me acostumar totalmente.

A cada dia eu sentia que minhas forças diminuíam um pouco mais. Mesmo uma ação tão natural quanto
respirar era muito difícil para mim. Eu não sentia o ar fluindo em meus pulmões constantemente, mas parecia que o oxigênio estava evaporando lentamente até se tornar nada.

A atmosfera estava tão quente que gotas de suor escorreram por todo o meu pescoço, me fazendo sentir mais do que desconfortável. Eu estava ficando louca.

- Sim... -respirei fundo - preciso sair agora - olhei para Bobby, que era meu advogado, mas ele não pareceu me ouvir nada - eu vou indo - eu disse desta vez tentando me levantar da cadeira.

"Ei, o que você está fazendo? O que você está fazendo?" Você não pode sair até que o julgamento termine. Ele pega minha mão e me obriga a ficar no meu lugar.

"Eu não me sinto muito bem," eu disse assim que nossos olhos se encontraram."Eu não quero ficar aqui;" eu sussurrei, olhando como minhas mãos começaram a tremer.

"Não vai demorar muito até que acabe." Certo, só mais algumas horas.

"Acho que não vou aguentar," sussurrei de novo, mas pela segunda vez Bobby me ignorou completamente.

Olhei para o relógio pendurado na parede atrás do estrado, desejando ter algum tipo de poder sobrenatural para avançar o tempo como quisesse. Apenas algumas horas, disse a mim mesma mentalmente quando percebi que eram 12h30.

"Apenas algumas horas... apenas algumas horas... apenas algumas horas... apenas algumas horas...
apenas" Parei de murmurar quando percebi que Bobby não estava mais ao meu lado. Ele estava na frente
enquanto sua voz ecoava por toda a sala.

"Então, Sr. Park, você pode confirmar que a Sra.Kim estava com a vítima na noite de 2 de junho?"

- Sim!.

- Quanta certeza você tem disso?

- Cem por cento de certeza.

"Vou pedir para você dar uma boa olhada na Srta.Kim e me dizer se foi ela que você viu."

Houve silêncio por alguns segundos. Embora eu pudesse facilmente sentir isso como horas intermináveis.

"Sim, era ela que estava lá, tenho certeza."

- Objeção!- gritou o advogado de Jennie - Ela está mentindo, não tem nenhum tipo de prova que sustente.

"Negado", interrompeu o juiz.

- O que você estava fazendo na hora que o crime foi cometido?

- Eles discutiram, foi uma luta bastante escandalosa.

"Sobre o que eles estavam discutindo?"

- Eu ouvi o nome "Lisa" repetidamente.

"Foi por causa de ciúmes então?"

- Pareceu. A senhorita Kim disse a ele para nunca mais se aproximar dela, porque ela era dela.

"O que ela fez depois?"

– Ela puxou uma arma de seu casaco e aponto para ele.

"Você viu a senhorita Kim atirar na vítima?" Bobby deu alguns passos para mais perto da testemunha.

"Objeção!" O advogado de Jennie gritou novamente.

- Negado. Você pode continuar." O juiz acenou com a cabeça para Bobby, que sorriu vitoriosamente.

- Sim, eu a vi fazer isso.

"Onde ela atirou nele e quantas vezes foram?"

- Na cabeça, foram cinco tiros simultâneos. Em seguida, mais três em seu peito.

"Então", ele fez uma pausa, "a vítima morreu naquele momento, certo?"

- Objeção! A testemunha está mentindo. Meu cliente nunca esteve lá na noite dos eventos, muito menos dis-

"Negado, e se continuar interrompendo conselheiro Kim, não tenho medo de pedir que saia da sala."

O advogado de Jennie cerrou o punho sobre a mesa e se abaixou.

Foi então que a vi, pela primeira vez em meses, a pessoa que mudou completamente o meu mundo. Aquela que me destruiu emocionalmente sem qualquer piedade. Aquela que me usou à vontade e removeu todos os vestígios de inocência de mim quando eu era apenas uma garota. A pessoa que eu mais amei em toda a minha vida.

Era exatamente igual à primeira vez. Eu poderia até jurar que o tempo só a favoreceu. Seu lindo cabelo castanho caía sobre os ombros. Seu rosto parecia sereno e inexpressivo enquanto ela olhava para a mesa. E aquele tique peculiar que  ela tinha quando deixava cair os dedos da mão direita até que eles tocassem a superfície de madeira repetidas vezes. Eu podia ver seu corpo, mas tinha certeza de que sua mente não estava conosco.

- Sim, ele morreu na hora, eu mesmo verifiquei quando a srta. Kim saiu.

- Como você fez isso?

– Toquei seu pulso, seu pulso havia sumido e seu coração não batia mais.

"O que você fez depois?"

- Saí da sala e fui ao meu escritório chamar a polícia, peguei meu celular e voltei para tirar fotos da cena.

"Por que você tirou fotos?"

"Demoraria duas horas para a polícia chegar, e eu estava com medo de que a senhorita Kim voltasse e limpasse a cena.

"Você não temeu por sua vida quando esteve lá?"

- Sim, mas presenciei o assassinato de uma pessoa sem nenhum pudor. Eu tinha muito mais medo de pensar que ela poderia se safar e continuar solta nas ruas.

"Você é muito corajosa, Sr. Park." Agora.." Apontou para a tela no meio da sala, que ficou desligada até aquele exato momento. "Você tirou essas fotos com o celular?

A tela se iluminou mostrando uma cena grotesca.

O corpo sem vida de um homem podia ser visto no chão cercado por uma grande poça de sangue.

– Sim, eu as tirei.

Engasguei conforme as imagens se aproximavam cada vez mais, até que vi seu rosto despedaçado, não consegui nem reconhecê-lo.

Eu não aguentei mais e me levantei do banco de repente. Imediatamente uma dor terrivel tomou conta de minha cabeça, semelhante à de uma
broca atravessando meu crânio até que se partiu em mil pedaços. Fechei os olhos com força, me apoiando na mesa com uma das mãos enquanto segurava a cabeça com a outra como se fosse se desprender do meu corpo. A dor era insuportável e só se intensificava a cada segundo.

"Há algo de errado, senhorita Manoban?" Escutei a voz do juiz no silêncio que se fez presente.

Abri os olhos, mas imediatamente me arrependi.
A luz branca das luzes do teto era tão ofuscante quanto o próprio sol. Me senti tonta, sem forças, como se todos os meus sentidos tivessem saído do meu corpo.

Tentei dar um passo, mas minhas pernas cederam e acabei caindo no chão. A última coisa que vi antes de perder a consciência foi Bobby gritando por socorro.