that birthday. ⭑ anderperry.

⭑ happy birthday, love, deskset and melancholy.

⭑ [N/A: Olá a você que encontrou essa one-shot. Seja bem-vinda/o/e. Já peço desculpas desde já por qualquer erro que seja encontrado abaixo, pois o capítulo não foi revisado. ATENÇÃO AOS GATILHOS: Nesse capítulo é mencionado o suicídio. Caso seja um gatilho para si, evite a leitura].

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Todos os anos, no fatídico dezessete de novembro, o sentimento de melancolia rastejava até as paredes internas de meu estômago e ali se fixou firmemente, tal qual astrócitos em contato com tecido nervoso.

Encolhido no chão do corredor que dava acesso aos dormitórios, eu chorava enquanto a brisa gélida da noite me acariciava a face.

- Hey, Todd. O que houve? Pelo que está chorando? - Neil pergunta ao se dar conta de que eu me esforçava para esconder o choro.

- Hoje é meu aniversário, Neil - eu explico com a voz embargada e então um largo e lindo sorriso se abriu em seus lábios. Um sorriso belo o bastante para aquecer algo dentro de mim.

- Hoje é seu aniversário? Por que não me disse antes? Feliz aniversário! - Perry se aproximou sem hesitar e se encolheu no chão do corredor ao meu lado, me abraçando.

Um gesto gentil, uma demonstração de amizade e empatia; algo tão banal foi o suficiente para me fazer ansiar ter você sempre ao meu lado, me abraçando. O frio da noite se tornou suportável ao ter o calor de seu corpo para ajudar a me aquecer.

Me lembro de tê-lo ouvido fazer uma piada boba sobre o peso da idade. Algo tosco, mas me arrancou um riso. Sua companhia era leve, divertida, você e Charlie tinham uma imensa facilidade em fazer as pessoas rirem. Talvez fosse por isso que vocês se dessem tão bem assim.

A alma de vocês parecia ser feita do mesmo material, como se você tivesse uma peça do quebra-cabeças e ele a peça perfeita para seu encaixe. Eu admirava a relação, mas sendo honesto... invejava. Sempre quis alguém que me conhecesse tão bem, que estivesse lá para mim.

Repentinamente você se tornou esse alguém; sem a menor pretensão. Sem ao menos imaginar. A sua companhia me fazia bem, pois você me ouvia enquanto todos ao redor apenas me escutavam.
Você, Keating e a sociedade dos poetas mortos foram minha âncora.

Me recordo de todas as madrugadas nas quais você me pegava chorando silenciosamente por conta de minha situação familiar. Você se aproximava de mansinho e fazia um cafuné até meu choro cessar. Você realmente me ouvia falando sobre como me sentia com relação aos meus pais e irmão mais velho.

Partilhamos juntos o peso das expectativas dos outros sobre nós; e logicamente era esse o motivo da união da sociedade. A maior razão da nossa amizade era justamente essa identificação que nós adolescentes sentíamos com a frustração e estresse por conta das expectativas de nossos responsáveis sobre nossos ombros.

E sou imensamente grato por ter me encontrado com todo mundo; temos excelentes e inesquecíveis momentos vividos juntos. E bem, em alguns momentos, Meeks menciona para os outros sobre algum acontecimento engraçado em que você estava presente.

Bem, nós alunos fizemos um memorial para você na "Hellton", e ele persiste até os dias de hoje. Creio que seja a única coisa feita pelos alunos que eles manterão ali; algo que não tenha envolvimento com o status do colégio. Que não foi muito bem visto desde que você tirou a própria vida, Neil.

Muitos pais vieram até a sala do Nolan discutir a respeito da segurança dos alunos e daquilo que eles estavam sendo ensinados em suas aulas, que poderia levar os alunos a cometerem tal ato. Eles sequer pensaram na saúde mental de seus filhos. Na hipótese de que alguns podem estar infelizes com suas vidas.

E com Keating fora da instituição, aos poucos a boa imagem da instituição foi reconstruída. Mas apesar de tudo ter voltado ao "normal", você não voltou, Perry.

Você realmente se foi. E mesmo após esse tempo, ainda não estou pronto para aceitar. Eu temo, pois estou começando a me esquecer como o seu riso realmente era. A ideia de me esquecer a cor de seus olhos também, o som de sua voz, a ideia de lhe desconhecer me assombra, Neil.

E creio que assombra Charlie também, pois sempre que nós estamos juntos, nos portamos como se você ainda estivesse por aqui. Tirando um tempo para você, mas um dia você voltará pronto para nos ouvir falar sobre tudo o que perdeu enquanto esteve distante. Agarrei fortemente o véu da fantasia sobre meus olhos e me contento com o seu fantasma que me assombra vez ou outra.

Encarar a realidade é doloroso Neil; espero que você possa me entender e não se zangue comigo por ser assim tão egoísta. Encarar a realidade implica ter de deixar você ir e bem, eu te amei por tantos anos e estou certo de que continuarei a amar por mais alguns.

Não há como abandonar minhas lembranças de você, Neil Perry. Não posso espantar o seu fantasma enquanto eu continuar amando-o de modo tão ardente. E agora em mais um de meus aniversários, eu estou abraçado pela chuva, preenchido pela melancolia enquanto observo uma das inúmeras mesas de estudo - exatamente igual àquela que você arremessou pelos ares naquela noite. - Porque apesar de ser um presente terrível, até mesmo isso me lembra de você. De como você sorriu para mim naquele meu aniversário e de como me encheu de alegria com a sua presença.

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obrigade por ler até aqui.