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O silêncio estava instalado naquela casa, e esse mesmo silêncio trazia paz e conforto para Tzuyu, que sempre o almejava e esperava. Mas mesmo amando esse silêncio ainda se sentia vazia e sozinha, e estar sozinha era uma coisa diária de Tzuyu, desde o dia a qual nasceu, nem mesmo seu pai a aceitou.

TZUYU'S POV

Por que eu sinto esse vazio dentro de mim?
Por que sinto que as pessoas são falsas comigo?
Por que sinto que eu não tenho ninguém?

Acordo todos os dias cansada, mesmo depois de ter tido uma noite de sono soalheiro e bonançoso, mas mesmo assim eu estou cansada ao acordar, e por quê? Porque eles me cansam, Jeongyeon e meu pai. Sempre que me sento naquela maldita mesa ao acordar, sou obrigada a ouvir meu pai exaltar Jeongyeon é só me abrandar, é tão desgastante ter que acordar e ouvir isso todos os dias.

E para piorar, Jeongyeon não é tão diferente assim. Ela sempre me tratou com injúria, fazendo tudo o que nosso pai fazia comigo, transferindo-me palavras amarguradas e de danação. E eu não consigo entendê-la, só queria saber o que fiz de errado para Jeongyeon me detestar tanto, eu sempre a trato com respeito, mas o que recebo em troca?! Xingamentos.

Meu pai me trata como se eu fosse lixo, e sempre quer deixar claro que para ele eu não faço parte dessa família, e isso fere cada parte de meu coração e corrói a minha mente, me dando ódio a mim mesma. E ele está sempre com raiva de mim, me olha como se um tive alguma doença ou fosse algum tipo de animal. Ao pronunciar meu nome, sua voz vira um tom perceptível de desgosto e nojo. Seus olhos negros e brilhantes, ao me olhar, se tornam frios e amargos, como se carregassem uma fúria que estava ali até antes de eu nascer. Seus punhos cerram e seus cenhos franzem, seu maxilar trinca e sinto que em seus pensamentos palavras amaldiçoadas são jogadas para mim, e então ele começa a falar, e falar, e falar.

"Que droga, Tzuyu! Eu tenho nojo de você, NOJO!"

"Por que faz tanta merda hein?! Não sabe acertar ao menos uma vez em sua vida?!"

"Você não passa de uma filha da puta que nem deveria ter nascido!"

"Por que não morreu na hora do parto?!"

"Se aqueles remédios de aborto que sua mãe tomava tivessem funcionado, eu não precisaria estar vivendo com uma desgraça como você!"

Mas... por que?

Por que ele me machuca tanto? O que fiz para que ele odiasse-me?

Só queria seu amor e seu carinho. Só queria um pai que me amasse.

É pedir demais?

E para piorar mais ainda, minha mãe sempre entra nesses momentos, o que causam machucados, feridas, muitas feridas. Roxos por todo seu corpo, cortes pelos seus braços e rosto, pernas com hematomas e dedos com
curativos. Céus! Vê-la assim me faz com que me sinta mais culpada ainda. Ele xingava ela o dia inteiro e ela não ficava para trás, mas no final da tarde estavam juntos novamente, "se amando" e com carinhos falsos, palavras que saem da boca pra fora, nada real.

E eu não consigo compreender porque ela ainda está casada com este homem que a agredi todos os dias, a trai, xinga, e machuca sua filha, por que ela ainda ama ele? O homem que deixou sua filha ser tocada várias vezes por "amigos" dele, mesmo ela pedindo ajuda com olhares e palavras, gritou, culpou, machucou, quebro seu coração e sua alma, e tudo o que ela faz no final do dia é perdoa-lo, para que no próximo ele esteja novamente ferindo.

E eu só queria que ele me tratasse bem pelo menos uma vez, apenas uma, é tudo o que peço.

Julieta  &  Julieta | SaTzuOnde histórias criam vida. Descubra agora