Chapter 6

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§ SCARS §



— Oh, meu deus. Miranda!

Nigel correu para ajudar a editora que parecia ter encontrado a sua fraqueza mais recente.

— Oh, céus. Vem aqui.

Nigel a ergueu e a colocou sentada numa das cadeiras.

— Miranda, olha pra mim.

— Oh, meu deus. Ela está grávida! Nigel, a Andrea está grávida?

— Sim. Está!

— Oh, meu deus...E ele está bem? A médica...O bebê foi atingido de alguma maneira?

— A médica disse que está tudo bem com o bebê. Ela está no inicio da gravidez, Miranda.

O alivio momentâneo atingiu Miranda e ela cedeu em sua compostura. Ela deixou os cotovelos pousarem nos seus joelhos e deixou a cabeça pesar em suas mãos. E o choro que ela havia tentando bravamente prender, veio descontrolado.

— Miranda...

— Ela nunca vai me perdoar! É tudo culpa minha...Ela nunca vai me perdoar, Nigel.

A editora repetia em um tom de desespero que era a recente novidade para Nigel. Ele passou os braços ao redor de Miranda e permitiu que a sua amiga se amaldiçoasse e chorasse o quanto conseguiria naquele momento. Tudo que Nigel conseguia visualizar naquele momento era Miranda resumida em prantos e um cristo crucificado de madeira envernizada na parede da capela. Para ele ambos igualmente perturbadores.


§


Andrea chorava compulsivamente ao mesmo tempo que uma equipe médica lhe atendia. Não era apenas a dor que passava por todo o seu corpo, que já era lancinante, mas a dor da humilhação. A dor de ter a compreensão do horror que ela viveu e por viver aquilo sabendo que a mulher por quem esteve apaixonada pelos últimos meses era uma das peças principais de toda a situação . Ela estava deitada de lado ao mesmo tempo que a equipe suturava as suas costas. Uma jovem estava diante dela tentando lhe acalmar.

— Andrea, prometo que não vai demorar mais do que o necessário, está bem? Eles estão administrando a anestesia. Em alguns minutos a sua dor vai diminuir. Eu prometo.

Andrea apenas concordou. Parte da anestesia lhe atordoava, mas era em grande parte da lembrança recente do horror que havia vivido.

— Preciso que esteja um pouco mais calma para discutirmos sobre os seus exames. O que me diz?

A mulher de branco tentava distrair Andrea enquanto o atendimento em suas costas era feito.

— Tente se acalmar, querida. Agora mais do que nunca você precisa estar calma.

Aquela frase lhe pareceu estranha. E Andrea tentou respirar fundo algumas vezes para ao menos ouvir o que a mulher tinha para lhe falar.

— Posso conversar com você agora?

— Po...Pode. Por favor, me chame de Andy.

Ela odiava o fato de estar odiando o próprio nome. A jovem sabia que apenas uma pessoa a chamava de Andrea com certa propriedade, entonação e poder. E isso era o que ela mais desejava esquecer. Qualquer que fosse a associação a jovem queria distanciar a sua mente de Miranda.

— Ok, Andy. Eu sou a doutora Carson. Minha colega e eu lhe atendemos no primeiro momento. Quando você foi admitida fizemos alguns diversos exames em você. Inclusive hemograma para investigarmos os vestígios de qualquer coisa que estivesse em seu sangue. É protocolo do hospital dado o estado em que você se encontrava.

Scars- MirandyOnde histórias criam vida. Descubra agora