Inevitável [Jikook]

4. O fim

(O Fim é só o título, ainda tem mais kkkk)

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Jimin e Jungkook se encararam por alguns minutos, perdidos em pensamentos, sem saber que dividiam da mesma recordação do tempo que eram colegas de quarto, da última vez que se viram antes do reencontro na lanchonete.

Embora tenham passado uma noite prazerosa juntos, a relação dos dois continuou como antes, apenas colegas de quarto, no máximo amigos. O motivo principal disso foi a vergonha e a incerteza de Jungkook, que não conseguia admitir ter gostado tanto do que fizera com Jimin, de como se deixou encaixar tão bem em outro homem. Afinal, ele era hétero, isso não era uma questão.

Jimin percebeu que o Jeon não conseguia mais o encarar, e se afastava quando ele chegava perto ou apenas passava por ele pela casa. Eles não conversavam, apenas se cumprimentavam poucas vezes e respondiam brevemente à alguma dúvida, apenas Sim, Não e Não sei.

Por um tempo, Jimin conseguiu fingir que estava bem com isso, mas foi ficando difícil a cada novo dia de puro silêncio na casa. As vezes, estavam no sofá - cada um em uma extremidade - e parecia que não havia ninguém ali, era uma sensação de ausência absurda.

Nenhum dos dois demonstrava querer resolver a situação. Jimin se pegou vivendo no automático, escondendo de si mesmo o quão mal estava. Ele sabia, quando viu Jungkook pela primeira vez, nunca saiu de sua cabeça como seria difícil resistir àquela combinação de tudo que achava mais perfeito em alguém e sempre quisera para si. Depois de se entregar tanto naquele única noite, seus sentimentos foram expostos.

Jungkook sabia que estava sendo covarde, estava claro que o Park esperava algo de sua parte, mas ele não podia parar de fugir, caso fizesse, cederia a um desejo nocente. Ele faria o possível para evitar isso.

Em algum momento, depois de semanas nesse jogo, em uma das poucas vezes que olhou para Jimin quando ele estava distraído, percebeu que ele estava exausto, bem pior de que geralmente fica nas semanas de prova, parecia doente. O ouviu chorar algumas vezes nos dias seguintes. Jungkook não achava que o motivo disso fosse a relação deles, devia ser algo mais importante, talvez problemas da faculdade ou de família.

Ele ficou preocupado, mas não fez nada, sequer ofeceu um conselho ou um tipo de consolo mínimo.

Quase morreu de desespero quando voltou de sua aula e encontrou a casa vazia, não tinha nada, nem um rastro de Jimin. Ele foi embora de repente, sem nem o avisar. Levou tudo o que era seu e sumiu de sua vida. Jungkook não esperava isso, mas seria injusto se depois de tudo o que passaram, Jimin voltasse a dirigir a palavra à ele.

Jungkook seguiu sua vida, continuou a faculdade, encontrou novas pessoas para amar - embora todos os seus relacionamentos nessa época tenham sido fracassados -, se reunia aos amigos no mesmo bar toda semana, vendo, aos poucos, eles sumirem quando concluíram seus cursos e iam embora, ou desistiam e se mudavam para longe. E não demorou a chegar sua vez.

Ele se formou em designer de software e logo engressou a carreira em uma das maiores empresas do ramo. Viveu mais poucos meses no apartamento, que foi o seu primeiro desde que saira da casa dos pais e tinha um forte apego emocional, tanto que ignorava a maioria dos problemas no prédio e o aluguel um pouco caro para alguém sozinho, já que nunca mais dividiu o apartamento com ninguém depois de Jimin.

Mas então a empresa o transferiu para outro país. Não foi fácil dizer adeus, tinha muitas lembranças ali. Ele foi se despedindo aos poucos, empacotando suas coisas lentamente para aproveitar cada um dos últimos dias ali. No dia que tirou para dar uma faxina, depois de tudo empacotado, ele teve uma surpresa ao encontrar uma carta toda empoeirada pelos anos atrás do aparador. Era de Jimin.

Jungkook demorou horas em um debate interno, dividido se lia ou não. Já fazia tanto tempo, ter algo de Jimin agora só o levaria de volta à bagunça que sentia quando pensava nele. Entretanto, ele leu mesmo assim.

"Oi, Jungkook!

Sei que não estamos nada bem, mas eu não poderia ir embora sem me explicar antes. Não consigo te encarar, e você também não, então lhe deixo esta carta. Eu sei que não se importa, mas poderia ler? Eu agradeço!

Talvez tenha sido um erro a gente ter transado, talvez eu tenha ido com muita emoção, não tenha segurado meus sentimentos como você fez, talvez eu não soubesse como te agradar direito e como deixar um clima mais ameno entre nós, talvez assim você não precisasse olhar para mim como se eu fosse transparente, talvez você esteja arrependido. Ou não. Eu nunca sei como você se sente, se ao menos sente alguma coisa.

Eu posso suportar isso, todo esse espaço e clima pesado entre a gente, não vou forçar uma aproximação, vou respeitar seu tempo mesmo se não quiser falar comigo nunca mais. Esse não é o motivo de eu ir embora agora.

Minha mãe está doente. Nunca falei sobre isso com você, mas somos só eu e ela, eu jamais poderei deixá-la na mão. Ela insistiu muito para eu continuar aqui, porém, eu não posso. Ela ainda não sabe, mas eu tranquei a faculdade e vou voltar para casa para cuidar dela.

Escrevendo isto no quarto que me deu, quero agradecer pela oportunidade de ter passado por aqui. Você foi um ótimo colega de quarto, eu espero não ter sido um inquilino tão chato. Muito obrigado me acolher tão bem e por todos os momentos que passamos, desde as noites no bar até as nossas brigas bobas. Eu sei que não deveria contar e você nem vai querer saber, mas eu me apaixonei sim por você, Jungkook. Relaxa, eu nunca esperei ser correspondido mesmo.

Acho que eu vou agora. Caso algum dia se sinta a vontade para responder essa carta, ou retomar nossa amizade, eu vou aceitar independentemente de tudo.

Com carinho e saudades, Jimin."

Jungkook guardou a carta e nunca mais a pegou. Soube de sua mãe que a senhora Park melhorou, mas nada sobre Jimin. E ele nem queria saber mesmo.

Mas agora, depois de cinco anos, vê que Jimin também seguiu a vida, talvez tenha feito algum estudo à distância, e está indo bem no trabalho na lanchonete. Continua bonito e gentil. Continua inevitavelmente irresistível.